Ainda que existam motivos de sobra para acreditarmos que a guerra durará muito tempo, a ideia neste espaço não é, necessariamente, expressar a minha opinião sobre este tema. Como profissional do mercado de investimentos, é meu dever observar o cenário, levantar informações e ajudar o investidor a pensar em alguns caminhos.
Na última coluna, trouxe alguns insights que ajudam no direcionamento da carteira. Por regras da CVM, infelizmente, não posso citar ativos de forma específica pois caracterizaria recomendação.
Dito isso, vale uma breve explicação ao leitor mais leigo sobre os motivos pelos quais a Rússia iniciou o ataque à Ucrânia na última semana. E este conflito remonta ao ano de 1991, quando o segundo país mais populoso da antiga União Soviética rompeu laços com Moscou.
De lá para cá, os ucranianos não deixaram de buscar uma aproximação maior com o Ocidente - inclusive a OTAN. Isto causou profundas divisões no povo e só fez piorar a relação com os russos.
Até o momento, os ataques já mataram mais de 2 mil pessoas e não há indícios de que o presidente russo Vladimir Putin recuará. Há quem diga que seu objetivo é recriar um bloco semelhante à extinta União Soviética.
A verdade é que não sabemos quais serão os próximos passos de Putin, mas as consequências de suas ações recentes já podem ser sentidas.
Por envolver grandes produtores mundiais de gás, petróleo, potássio, cevada e trigo, a guerra tem potencial para causar - e já está causando - grandes estragos na inflação, que já vinha sendo pressionada anteriormente.
Para tentar manter o indicador de preços dentro da meta, os Bancos Centrais têm por padrão elevar a taxa básica de juros. Ocorre que, ao fazerem isso, elevam a dívida pública e, sem uma calibragem adequada, podem jogar seus respectivos países em recessão.
Aqui no Brasil o cenário não é dos mais animadores. Se antes, para tentar segurar o IPCA, o Copom tinha espaço para elevações acentuadas da Selic, hoje o jogo mudou. Antes, a mesma encontrava-se em 2%. Hoje, após sucessivas altas, ela encontra-se em 10,75%.
Ao olharmos a curva de juros futura, a precificação já está em 12,50%. Ou seja, já estamos próximos deste patamar, o que significa que o Banco Central do Brasil tem pouca margem para trabalhar.
Diante disso, quais ativos o investidor deve olhar?
Em primeiro lugar, com a elevação da taxa básica, a renda fixa volta, de fato, a ser um caminho interessante, inclusive, dentro do mercado de crédito privado.
Títulos indexados ao IPCA, por exemplo, que seguem a inflação, podem compor uma carteira diversificada.
Por outro lado, as commodities têm sido muito faladas e, de fato, ao olharmos para o minério de ferro e o petróleo, podemos ver elevações significativas nos últimos meses.
Na visão de Luís Barone, sócio e gestor da Galapagos WM, ações ligadas aos dois segmentos tendem a se beneficiar uma vez que investidores globais têm vindo para o Brasil em busca de retornos mais altos na renda fixa e proteção nas commodities.
E, por falar em proteção, Barone ainda destaca o ouro como ativo desta natureza por excelência, embora ele não gere renda, como proteção funciona bem.
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