Decidi escrever esse novo artigo, pois algumas coisas mudaram desde minha última análise sobre o mercado de ações nos EUA. Levando em consideração que o mercado está ignorando alguns riscos - como: subprime office (vacância de aproximadamente 50%), inadimplência de cartão de crédito, S&P500 operando 17x lucro -, o que eu quero passar de visão para você são minhas perspectivas para esse trimestre, os eventos que já estão no radar do mercado e precificado, então vamos aos fatos.
Entre as teses para uma movimentação de alta no mercado temos diversos fatos como:
I. O fim do risco do setor bancário e risco sistêmico;
II. Proveniência de liquidez no sistema financeiro (é diferente a falta liquidez em 3 bancos do que falta de liquidez no sistema todo);
III. Títulos e Ouro: Investidores tomando títulos do governo americano e ouro. Quando se tem risco de liquidez cai todas as classes de risco, inclusive a renda fixa, e o que aconteceu foi o contrário, a renda fixa inflou, trazendo mais dinheiro em caixa, empurrando as empresas.
IV. Taxa de juros: A possível diminuição das taxas de juros ou desaceleração do aumento também empurram as ações para cima.
Além dos motivos fundamentalistas temos os motivos técnicos como:
I. Stops de vendidos: que acaba puxando o mercado ainda mais pra cima;
II. Posições de hedge de risco de vendidos: onde os investidores compram opções de call para se proteger de eventuais altas (aquelas famosas rasgadas de mercado, quando ele sobe sem motivo algum 10/ 12%, típico de um mercado de bear market).
III. Posição de market maker: Isso obriga os market makers a comprarem posições a mercado, mesmo em regiões de topo, para se travar na posição. Isso acaba virando um efeito em cascata, pois a compra dos market maker podem acionar stops em níveis mais altos, a ponto do mercado entrar em um ciclo sistêmico de alta, independente do valor ou do PL que a bolsa está trabalhando e valuation das empresas.
Como especulador do mercado americano de futuros, percebi que os índices estavam mudando de forma brusca o seu direcional no intraday, porém não era normal esse movimento por parte das instituições. Percebi que o mercado começou a ter muitas opções de ações com vencimento diário (algo que não acontecia antes) e isso estava mudando de forma tão abrupta o direcional do mercado.
Pesquisando as posições de fundos e instituições financeiras nessas operações estruturadas, percebi que a ponta compradora utilizou de forma demasiada esse dispositivo de opções para se proteger de possíveis perdas (principalmente quando o S&P500 flutuava entre as regiões de 3.800 à 3.850 pontos). Isso fez com que o mercado deixasse de fazer posições de hedge com opções migrando para especulação na venda, isso fez com que o mercado ficasse muito vendido.
Acima de 4.200 pontos entramos em um ciclo de bull market, isso pode arrastar os vendidos e historicamente o mês de abril costuma ser direcional e positivo. Sendo assim, minha dica é, fique atento nas montagens de posição dos grandes players com os derivativos e em seus vencimentos para esse trimestre. Muitas instituições estão montando posições defensivas para ranges entre 3.800 à 4.300 pontos, dessa forma conseguimos ter um panorama de perspectivas de mercado e regiões de defesa de posição. É claro que a instituição pode montar e desmontar uma posição no momento que ela bem entender, porém as estruturas costumam ser levadas até o vencimento.
Fique de olho também na volatilidade semanal. O S&P 500 entre a região de 4.100 à 4.200 está sobrecomprado, então pode sim haver uma correção natural e saudável de até 4% na semana, caso o mercado mude o ciclo para uma alta (Mercado sobrecomprado: “é hora de realizar e fazer caixa”; Mercado caiu 3 à 4%: “é hora de executar a manutenção de posição e estruturar novas entradas”).
Os melhores pontos de compra continuam sendo os 3.800 à 3.600 pontos, até para se ter um risco bolsa e um PL atrativo, porém vamos trabalhar de acordo com o que o mercado nos mostra.
Bons negócios.