Reconhecido por ser um investidor de valor, Warren Buffett prefere se posicionar em empresas capazes de gerar caixa de forma confiável e suportar atipicidades econômicas e corporativas ao longo do tempo. Com US$ 122 bilhões em caixa à sua disposição, segundo o último balanço financeiro da Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa), (NYSE:BRKb), não é sem razão que os investidores de varejo e os mercados estejam interessados em saber quais são as posições mais recentes em sua carteira.
Uma inclusão no portfólio da Berkshire é considerada como um selo de aprovação das ações compradas ou mantidas. Muitos investidores de varejo seguem as posições da empresa, e os mercados reagem ao que Buffet compra e vende.
Com um histórico de investimento no setor financeiro, como American Express (NYSE:AXP), e nas chamadas “blue chips”, como Coca-Cola (NYSE:KO), Buffet recentemente começou a comprar ações do setor de tecnologia, com destaque para Apple (NASDAQ:AAPL) (NASDAQ:AAPL). Será que esse é um sinal de mudança em seu estilo de investimento?
Só o próprio Buffett poderá dizê-lo, obviamente, mas, na quinta-feira, 15 de agosto, a Berkshire Hathaway divulgará seu relatório trimestral “13F”, um documento exigido pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês), no qual todos os gestores de investimento institucional devem informar quais ativos estão sob sua gestão, com valor mínimo de US$ 100 milhões. Trata-se de um evento bastante aguardado, não só porque oferece aos investidores e mercados um olhar mais detalhado sobre a mente de Buffett, mas também porque indica o que ele acredita que vale a pena apostar agora.
Antes da divulgação, vamos tentar prever quais podem ter sido as maiores operações de Buffett neste trimestre.
Nova compra: por que não Microsoft?
Nos últimos três trimestres, sempre houve uma posição nova e às vezes surpreendente. No 1T19, a Berkshire adicionou Amazon (NASDAQ:AMZN) (NASDAQ:AMZN) ao seu portfólio. No 4T18, a Berkshire comprou ações da Suncor Energy (NYSE:SU), da especialista em programas de código aberto Red Hat (adquirida pela IBM (NYSE:IBM) em outubro de 2018), e da desenvolvedora de soluções para “fintechs” StoneCo (NASDAQ:STNE). Então, por que não da Microsoft (NASDAQ:MSFT) (NASDAQ:MSFT) desta vez?
Embora tenha ficado famoso por evitar o setor de tecnologia, Buffett mudou seu posicionamento nos últimos tempos. A Berkshire Hathaway comprou recentemente US$ 860 milhões em ações da Amazon (NASDAQ:AMZN) e tornou a Apple (NASDAQ:AAPL) sua maior posição em carteira, com uma participação avaliada em US$ 47 bilhões neste momento. Entre suas últimas apostas no setor de tecnologia, a Berkshire – que tende a manter suas posições por um longo período – aparentemente errou a mão apenas uma vez nessa área, quando abriu uma posição em Oracle (NYSE: ORCL) e a encerrou três meses depois.
Como Buffett é conhecido por fazer escolhas seguras e a Microsoft (NASDAQ:MSFT) é uma das ações que mais atende a esse critério no setor de tecnologia, uma participação na empresa faria todo o sentido. De acordo com o seu balanço financeiro, a gigante dos softwares apresentou crescimento em todos os aspectos, além de ter uma posição dominante em seu mercado. Esses seriam os critérios principais de Buffett ao escolher ações.
Adições substanciais: líderes da indústria, JPMorgan e Amazon (NASDAQ:AMZN)
Ao comentar seu recente erro com a Oracle, Buffett revelou que estava “impressionado” com o que a Amazon (NASDAQ:AMZN) e a Microsoft (NASDAQ:MSFT) haviam feito no setor da nuvem. Apenas um trimestre depois, Buffett fez uma aposta na líder incontestável de serviços nessa área: a Amazon. Ele frequentemente menciona a importância da liderança na indústria. Se ele está interessado nisso, a Amazon tem tudo para receber um aumento substancial de posição neste trimestre.
Em relação a posições de liderança na indústria, Buffett sempre preferiu ações de bancos e de outros setores financeiros. Neste momento, esses papéis compõem 45% da sua carteira. Duas de suas três maiores posições, Bank of America (NYSE:BAC) e Wells Fargo (NYSE:WFC), ocupam, respectivamente, a segunda e terceira posição em tamanho de participação depois de Apple (NASDAQ:AAPL). Desde a revelação do escândalo do Wells Fargo, o JPMorgan Chase (NYSE:JPM) acabou de tornando a melhor escolha no setor bancário, por ter um índice P/L orientado a valor de 11, bem como um dividendo de 3%. Buffett é conhecido por valorizar esses aspectos, portanto uma posição maior em JPMorgan faz sentido para a Berkshire Hathaway.
Diminuição de posição: Apple (NASDAQ:AAPL)
Por que Buffet venderia Apple (NASDAQ:AAPL) depois de adquirir US$ 47 bilhões em ações nos últimos dois anos? Agora que a fabricante do iPhone representa 24% da carteira da Berkshire Hathaway, Buffett e companhia podem considerar que estão investidos demais em Apple. Além disso, a Berkshire pode ter decidido cortar sua posição não por falta de convicção na Apple, mas por uma questão comum de gestão de risco, pois sua exposição ao papel pode ter ficado muito grande.
Para fins de comparação, a maior posição em sua carteira após a Apple (NASDAQ:AAPL) é Bank of America, que responde por 12% das posições da Berkshire, e nenhuma outra posição é maior que 10% do portfólio. Com isso em mente, não se surpreenda se Buffett vender algumas ações de Apple neste trimestre. Ele já disse que seu foco é o longo prazo, mas nada é mais importante do que gerenciar risco.
Venda: Phillips 66 (NYSE:PSX)
No 3T16, a Berkshire Hathaway detinha quase 81 milhões de ações da empresa de energia Phillips 66 (NYSE:PSX) (NYSE:PSX), que agora valem US$ 6,4 bilhões. Depois de reduzir continuamente sua participação desde o 1T18 e vender 50% da posição remanescente no último trimestre, a Berkshire agora detém 5 milhões de ações da Phillips 66, que valem um pouco mais de US$ 500 milhões. Recentemente, Buffett concordou em investir US$ 10 bilhões na Occidental Petroleum (NYSE:OXY) (NYSE:OXY), pelo que receberá um dividendo preferencial de 8%, no valor de US$ 800 milhões anualmente. Com essa exposição alternativa ao setor petrolífero, não é difícil pressupor que as ações da Phillps 66 foram totalmente retiradas da carteira da Berkshire Hathaway.