Sabemos que o cenário macroeconômico tem se mostrado adverso aos ativos de risco. No dia 10 de junho, o resultado do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos EUA mostrou uma inflação anualizada de 8,5%, alcançando o maior patamar dos últimos 40 anos. Consequentemente, o Federal Reserve passou a elevar as taxas de juros no intuito de tentar conter os níveis de preço, e a reunião do Federal Open Market Committee (Fomc) estabeleceu um aumento de 75 pontos base no mês passado, o maior desde 1994.
Os dados nos mostraram, no entanto, que esse ambiente macroeconômico não melhorou muito desde então. O mercado de trabalho dos Estados Unidos permaneceu forte e a inflação continuou galopante, alcançando um nível anualizado de 9,1%, como divulgado pelo IPC mais recente no dia 13 do presente mês. Isso fez com que o FED estabelecesse um novo aumento de 75 pontos base na tarde de ontem.
É importante termos em mente que o mercado tende a se antecipar a esse tipo de notícia, já precificando previamente as possibilidades. Aliás, quando olhamos para o histórico de 2022, vemos que todos os eventos de reunião do FOMC resultaram em reações positivas imediatas dos criptoativos. Posteriormente, no entanto, vimos novos “sell-offs”
É evidente a correlação entre o mercado de criptoativos e toda a política macroeconômica dos EUA, cuja oferta de dólares em circulação influencia diretamente na variação da capitalização de mercado do bitcoin. É evidente, também, a construção da correlação temporária do ativo com índices como o S&P 500 e com as ações de tecnologia, que naturalmente também foram afetadas pelas pressões inflacionárias.
Fonte: QR Asset
No entanto, o importante é entender que apesar dos contratempos e ruídos do curto prazo, o bitcoin continua mantendo seus fundamentos inalterados. O que temos visto nada mais é do que, justamente, uma influência desse contexto macro nos criptoativos. E deveríamos agradecer pela possibilidade única que estamos vivendo de comprar bitcoin a esse preço, por sinal.
Quando damos um “zoom out” e olhamos os dados on-chain, vemos exatamente o quanto o momento atual configura uma oportunidade ímpar de acumular BTCs visando o longo prazo. Há uma série de fatores confluindo na percepção de zona de fundo e capitulação. É importante destacar, no entanto, que a consolidação desses fundos é demorada, e nada impede de vermos novas mínimas.
A média móvel de 200 semanas do bitcoin funcionou, historicamente, como suporte para os picos de baixa do mercado. Foi assim em 2015, 2019 e 2020. Com a subida dos criptoativos após o anúncio do FED, voltamos a romper positivamente essa média. Além disso, o BTC voltou a ser negociado acima do preço realizado.
Fonte: Look Into Bitcoin
Por falar nisso, o MVRV-Z mede justamente a relação entre o valor de mercado e o valor realizado do bitcoin, indicando se os ativos transacionados na rede estão em valorização ou prejuízo em relação à sua última movimentação. O “Z-Score”, que pode ser considerado como um desvio padrão que evidencia uma extremidade nessa relação, se encontra abaixo de 0.1 - dentro da zona verde que historicamente marcou fundos do mercado.
Fonte: Look Into Bitcoin
Já o Múltiplo de Mayer avalia o quanto o preço atual do bitcoin desviou da média móvel de 200 dias do ativo, nos fornecendo insights interessantes de sobrecompra ou sobrevenda. Tanto em 2015 quanto em 2019, os fundos de mercado se formaram no rompimento do preço para baixo dessa média, alcançando patamares abaixo do múltiplo 0.55. No “coronacrash”, também tocamos nesse patamar. Atualmente, nos encontrávamos abaixo dessa média, mas voltamos a rompê-la positivamente nos últimos dias.
Fonte: Glassnode, The Week Onchain – Week 30, 2022
Essas grandes confluências não significam que não possamos ver novas quedas acontecendo, mas também é impossível frisar que isso irá acontecer. Indicadores como o RHODL Ratio, por exemplo, ainda não mostraram sua exaustão máxima, e os fundos costumam levar meses para consolidação. Precisamos ver resultados no controle dos fatores exógenos para podermos pensar em uma reversão sustentável de ciclo. Além disso, é importante, no curto prazo, mostrar sustentação acima da região dos US$ 23.000.
Fonte: Tradingview - caueconomy
O fato é que esses inúmeros indicadores nos demonstram termos alcançado zonas excepcionais de acumulação pensando no longo prazo, principalmente se compararmos com os ciclos anteriores acima, pouco importando pequenas variações momentâneas. Além dos fundamentos do bitcoin permanecerem sólidos, vemos também as carteiras de baleias com 10k ou mais BTCs aproveitando para acumular, principalmente desde 7 de junho. Se comporte como uma delas para sobreviver às marés.