Publicado originalmente em inglês em 27/01/2021
Seja pela forte movimentação das ações da GameStop (NYSE:GME) ou pela incessante história de que haverá mais regulação sobre as criptomoedas, a mania dos investidores de varejo pelo bitcoin parece ter desaparecido de repente.
Depois de subir quase US$ 2.200, ou 7%, na sexta-feira, muitos acreditaram que o Grande B do mundo das moedas digitais estava de volta, mas a atividade desacelerou novamente.
LEIA MAIS: Bitcoin: o que vem depois do rali de 2020?
No fechamento desta terça, o bitcoin já havia devolvido quase US$ 550, ou 1,7%, desde o fechamento da semana passada, ficando um pouco abaixo de US$ 32.520.
A máxima intradiária da segunda-feira foi a quase US$ 34.700. Mas não chegou perto da alta épica dos primeiros dez dias de janeiro, quando disparou 46%, atingindo máximas recordes acima de US$ 41.000.
Nesses dez dias, o bitcoin alcançou resultados que levou meses inteiros para conseguir, como em novembro e dezembro. A maioria das moedas alternativas também se desvalorizou desde as máximas históricas.
O que aconteceu?
CHARGE - 1636 ou 2021: criptomania relembra a tulipa mania da Holanda do século 17
Rali precisa de novos vetores
Bem, em primeiro lugar, novas notícias de explosão do déficit fiscal e pressões inflacionárias nos EUA não parecem ser suficientes para fazer o bitcoin voltar a apresentar todo o frenesi de algumas semanas atrás.
Lembra-se da história de que as criptos são mais seguras do que ativos de proteção, como o ouro, para quem deseja fazer hedge contra moedas fiduciárias? Todo mundo já ouviu isso. E poucos estão comprando a ideia, ou bitcoins, após as ações das últimas três semanas.
A regulação, ou o medo dela, é outra razão para isso.
O bitcoin foi atingindo por uma onda de más notícias no fim da semana passada, quando a Associação de Vendas Diretas da África do Sul pediu à União Africana o início de um esforço continental para combater um esquema de pirâmide capaz de afetar as criptos.
A Bloomberg também informou, na terça-feira, que o órgão regulador do setor financeiro na África do Sul queria processar os responsáveis pela fraude e supervisionar as negociações de criptomoedas.
Regulação, e mais regulação
Janet Yellen, Secretária do Tesouro dos EUA, não mediu palavras para dizer que o bitcoin e outras moedas digitais, apesar dos seus benefícios, “podem estar sendo usadas para financiar atos ilícitos”.
Yellen afirmou:
“Precisamos estudar formas de impedir seu uso ilícito e garantir que a lavagem de dinheiro não ocorra através desses canais”.
E Gary Gensler, presidente da SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), deve exercer função regulatória similar à que teve na Comissão de Negociação de Futuros de Commodities: ordenar um ecossistema em grande medida desgovernado.
Essas declarações foram suficientes para dar nos nervos até dos mais ardentes defensores das criptomoedas. Os apostadores querem fazer dinheiro de forma rápida e segura. Há rumores de que alguns dos investidores do bitcoin migraram para a GameStop, o que explicaria a disparada de 740% das ações da varejista de videogames nas últimas três semanas.
Mas nem todas as notícias sobre o bitcoin são ruins. Nesta semana, o site Coindesk.com citou fontes dizendo que os fundos de investimento das universidades de Harvard, Yale e Brown estavam comprando bitcoins havia pelo menos um ano.
A notícia de que as principais instituições da Ivy League estavam confiando seus recursos ao mercado de bitcoin foi uma espécie de raio de esperança no espaço das criptomoedas, em meio às nuvens negras das ameaças de regulação.
Mas o que é necessário para a retomada do rali no bitcoin?
CHARGE: Bancos Centrais estão inflando a maior bolha em ativos alternativos
Preços mais em conta podem ajudar
Como em qualquer mercado, boas histórias ou eventos positivos podem ajudar o bitcoin a sair do buraco no qual está enfiado. Do contrário, preços mais baixos também podem ser úteis.
Ed Moya, que acompanha o criptomercado em suas análises diárias, acredita que o bitcoin precisa cair abaixo de US$ 30.000. Ele acredita que a dor de cabeça da regulação sobre o bitcoin não irá desaparecer, mas o preço não está corrigindo a ponto de gerar uma nova onda de compras, e isso é um problema.
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, fará sua coletiva de imprensa mensal hoje à tarde e pode provocar uma forte queda no bitcoin se expressar mais otimismo do que o esperado com a economia norte-americana combalida pela pandemia, segundo Moya. Ele disse ainda:
“Parece que o bitcoin irá se consolidar mais um pouco, mas se o Fed não mostrar flexibilidade suficiente e o dólar repicar, o nível de US$ 30.000 pode ser facilmente rompido.”
Mercado pode formar fundo perto de US$ 20.000
Greg Michalowski, do ForexLive, concorda com Moya, ao dizer na quarta-feira: “O preço precisa perder a mínima de domingo e a de hoje a US$ 30.830.”
Sunil Kumar Dixit, da SK Dixit Charting, em Kolkata, Índia, enquanto isso, defende que os investidores se preparem para um fundo ainda mais baixo no bitcoin, ao redor de US$ 20.000, se desejarem reanimar o mercado como ocorreu nos dez primeiros dias de janeiro. Dixit disse ainda:
“Sem um crash, o potencial de alta no bitcoin fica condicionado à sua capacidade de se firmar acima de US$ 32.500-33.000 para testar a região de US$ 35.500-38.900. Isso pode acelerar o movimento em direção a US$ 50.000".
“Mas acredito mais que o caminho mais fácil para o bitcoin é para baixo. Se isso acontecer, os vendedores podem forçar um rompimento da Média Móvel Exponencial de 50 dias, que está a US$ 30.000. Isso pode reforçar a correção para baixo de US$ 27.500, fazendo o ativo eventualmente testar a Média Móvel Simples de 1000 dias a US$ 22.800 e a de 20 semanas a US$ 20.500.”
Gráficos: cortesia de SK Dixit Charting
Em uma publicação no Motley Fool, Ambrose O'Callaghan afirmou que o gráfico diário do bitcoin apresentava a formação de um “doji de lápide” na segunda-feira. Assim como Moya, da OANDA, ele acredita que o desempenho do dólar será essencial para determinar a recuperação do bitcoin, principalmente se o presidente Biden conseguir aprovar seu plano de estímulo de US$ 1,9 trilhão contra o coronavírus. O'Callaghan disse ainda:
“As ações norte-americanas ainda estão pegando fogo, mesmo com a pandemia de Covid-19 devastando grande parte da economia. Os investidores devem acompanhar de perto o dólar, principalmente em vista do grande pacote de estímulo que está para ser aprovado. A reação do mercado a esse pacote pode determinar a trajetória do bitcoin nos próximos meses”.
A Perspectiva Técnica Diária do Investing.com para o bitcoin indica “Forte Venda”.
Se o contrato ampliar a tendência de baixa, o suporte de três níveis de Fibonacci está a US$ 31.609, US$ 31.569 e US$ 31.504.
Mas se o bitcoin virar para a alta, a resistência de três níveis de Fibonacci está a US$ 31.739, US$ 31.779 e US$ 31.844.
De qualquer forma, o ponto de pivô fica a US$ 31.674.
Em vez de encerrar com meu conselho costumeiro aos investidores para analisarem qualquer perspectiva gráfica com base nos fundamentos e na moderação, recorro ao alerta de O'Callaghan sobre como os investidores do bitcoin deveriam proceder:
“Tem sido fascinante ver esse bull market nas criptos nos últimos seis meses. Mas os investidores precisam ficar alerta nesse ambiente. Quem quiser embarcar no frenesi do bitcoin deveria adotar uma visão de longo prazo. Os mercados estão superaquecidos agora, e o bitcoin já castigou os novatos antes”.
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.