Balada do Amor Inabalável

" [...] na confusão do dia a dia, no sufoco de uma dúvida, na dor de qualquer coisa "

Na certa você conhece o trecho acima. A balada do amor inabalável ecoa há quase duas décadas por aquela banda extraordinária e bem diversificada em gêneros musicais, Skank.

Confesso que não sou muito romântico, mas tenho um amor ( quase ) inabalável por algumas empresas. Sei lá. Meu coração bate mais forte por aquelas empresas de primeira linha, que já passaram ilesas por diversas crises. Como definiu Platão, através de sua Alegoria da Caverna, na obra República: " Só pelo amor o homem se realiza plenamente.”

Apesar das separações ao longo do percurso - acontece de dar um tempo, sabe? - estamos juntos novamente.

Lembra do bancão, alvo de ataques nos últimos anos? Para alguns, estava em seu leito de morte esperando o golpe fatal das fintechs, hoje - por razões bastante objetivas - é uma ótima oportunidade, junto com ações de qualidade de outros setores ( à exemplo de energia e saneamento ) formar um esquadrão anti-crise.

A crise financeira de 2008 causou estragos no mercado global. Somente em 2008, o índice S&P 500 perdeu 38,5% de seu valor - o pior ano desde 1931 - nas profundezas da grande depressão. No mesmo ano, o Ibovespa fechou com queda de 41%, a maior desde 1972. Olhando pelo retrovisor, muitas ações foram " à prova de crise " e conseguiram uma rápida recuperação.

Com a magnitude delineada desta crise atual, a melhor alternativa é olhar nomes resilientes ao risco sistemático.

O que eu vou falar é trivial. E, de certa forma, exaustivo também. Eu sei. Mas o momento pede o investimento em empresas de qualidade, com excelente equipe de gestão, aquelas que entregam lucros consistentes e que geram fluxo de caixa operacional em cenários adversos. Podemos dizer um até breve para o growth investing.

Atenção especial para margens operacionais. Não é razoável uma empresa com receita gigante e crescente, porém não suficiente para geração de caixa operacional.
Empresas com margens reduzidas podem parecer atrativas no primeiro momento e tornar-se caras rapidamente.
Se a margem líquida - que relaciona o lucro líquido com as receitas geradas - diminuir de 2% para 1%, por exemplo, os lucros gerados serão tais que a companhia, de repente, parecerá 100% mais cara.

Seguindo ensinamentos de Nassim Taleb, um outro ponto importante para navegar em mares revoltos da crise sem o barco afundar, é a diversificação. Uma boa diversificação de ativos ajuda a diminuir o risco e criar opcionalidade em sua carteira.

À luz do flerte com o fim do mundo, nesse ambiente de incerteza e riscos, é compreensível acionar o botão de pânico. Se você tem um horizonte temporal mais longo - de três à cinco anos - e está preparado mentalmente para passar por alguma turbulência, é hora de começar a colocar em prática a filosofia dos grandes investidores da história que, suponho, já tenha lido algumas frases recentemente.

Investir quando todos estão com medo, não significa ignorar os riscos existentes. É preciso reconhecê-los e, mesmo assim, considerar que as oportunidades e potenciais de valorização mais do que compensam as adversidades.

Nas próximas linhas, deixo algumas palavras de Almir Klink. É um pouco do que a gente precisa para superar a crise. É sobre colocar a mão na massa. É sobre desafios e humildade.

" Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livro ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece, para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como imaginamos e não simplesmente como ele é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver… Il faut aller voir - é preciso ir ver! É preciso questionar o que se aprendeu. É preciso ir tocá-lo."