Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
Por um curto período, parecia que as ações de crescimento estavam caindo em desgraça, à medida que os investidores corriam para os papéis de valor, como medem os fundos iShares EDGE MSCI USA Value (NYSE:VLUE) e o iShares EDGE MSCI USA Momentum (NYSE:MTUM) nos EUA.
Mas, de repente, o investimento de valor parece estar perdendo força, com o fundo (ETF) desses papéis sinalizando que um declínio maior de 7% pode estar à frente, tomando como base os gráficos técnicos.
Existe uma boa razão para que esse tipo de investimento esteja perdendo vigor: as empresas que representam valor têm pouco a oferecer aos investidores em termos de crescimento futuro, se considerarmos as estimativas consensuais dos analistas. Companhias como AT&T (NYSE:T), Intel (NASDAQ:INTC), IBM (NYSE:IBM), Pfizer (NYSE:PFE) e General Motors (NYSE:GM) respondem pelos maiores pesos no ETF de valor. Ao considerar suas taxas de crescimento, essas ações parecem estar supervalorizadas, se considerarmos os múltiplos dos seus resultados prospectivos.
Ascensão do valor
Desde meados de agosto, o ETF de valor subiu mais de 7,6%, em comparação com o declínio de 1,6% do ETF de crescimento. Entretanto, o ETF de valor registrou pico em 11 de setembro, quando já havia subido quase 11,5%, enquanto o ETF de crescimento ficou praticamente de lado.
A queda está próxima
O gráfico técnico mostra que o ETF de valor vem oscilando dentro de um canal bem definido desde maio. Agora, o ETF está sobre um nível de suporte em torno de US$ 81,70. Um declínio abaixo desse preço pode resultar na queda do ETF abaixo do fundo da consolidação em torno do preço de US$ 76,50, uma desvalorização de cerca de 6,75% em relação ao seu preço de aproximadamente US$ 82,03 em 26 de setembro.
Ações de valor supervalorizadas
Uma razão para a forte alta do grupo pode ser o grande salto da AT&T, que tem um peso de quase 10% no ETF. Os papéis da AT&T tiveram um saldo considerável nas últimas semanas, desde que a Elliott Management Corp. anunciou que adquiriu uma participação na companhia. Como a AT&T tem um peso tão grande no ETF, a alta repentina em seu preço pode ter ajudado a puxar todo o grupo para cima.
Ao analisar a fundo a AT&T, é preciso se perguntar qual é o valor que a empresa representa. Suas ações são negociadas a cerca de 10,3 vezes as estimativas consensuais de lucro em 2020 de US$ 3,61 por ação. As atuais estimativas de lucro representam um crescimento de apenas 1,95%, contra estimativas para 2019 de US$ 3,54 por ação. Mas, pior do que isso, os analistas estão prevendo que o lucro por ação da companhia irá cair em 2021 para US$ 3,57.
A Intel é outra empresa cujas ações tiveram forte alta, juntamente com o resto do setor de semicondutores em setembro. Entretanto, assim como no caso da AT&T, os analistas estimam que os resultados da empresa subirão apenas 1,3% em 2020, ficando estáveis em 2021. Enquanto isso, a ação é negociada um índice P/L prospectivo de um ano de 11.4.
A IBM, a Pfizer e a General Motors estão todas no mesmo barco. As três empresas combinadas representam quase 9% do peso do ETF. A expectativa é que a IBM registre um crescimento de lucro de apenas 5% em 2020, enquanto a Pfizer deve apresentar uma queda nos resultados de 3,6%, assim como General Motors, cujos resultados devem cair 2,5% com base nas últimas estimativas de consenso.
É bem verdade que todas essas empresas são negociadas com múltiplos menores do que o índice P/L de 16,5 do S&P 500. Contudo, a previsão é que o S&P 500 também tenha um crescimento de resultados de quase 10% em 2020. Alguém pode estar se perguntando qual é o valor que qualquer uma dessas empresas gera em comparação com o crescimento do S&P 500.
Talvez, neste ambiente de taxas de juros reduzidas e com os rendimentos dos títulos de 10 anos do Tesouro norte-americano abaixo de 2%, o valuation possa ser respaldado pelos rendimentos bastante atraentes dos dividendos de algumas dessas empresas. Entretanto, o investimento de valor não deve durar muito tempo, a menos que essas companhias comecem a apresentar aos investidores fundamentos subjacentes melhores.
Do contrário, todos os investidores ficariam com empresas sobrevalorizadas, disfarçadas de ações de valor. Por essa razão, qualquer rali nesse grupo deve ter vida curta.