Publicado originalmente em inglês em 13/08/2021
Para os investidores que buscam retornos elevados, as ações da AT&T (NYSE:T) (SA:ATTB34)estão entre as que mais chamam a atenção. A maior operadora de telecomunicações dos EUA oferece atualmente o que parece ser uma atraente proposta de risco-retorno para investidores focados em renda.
O papel está gerando um retorno mais do que cinco vezes maior que o oferecido pelas empresas listadas no S&P 500, em média. Com yield anual de 7,4%, os investidores podem ter um dos melhores retornos disponíveis em ações de blue chips com longo histórico de pagamento de dividendos.
Mas esse retorno não vem sem risco. O desempenho das ações da empresa sediada em Dallas está abaixo do S&P 500 há muitos anos. Elas se desvalorizaram 35% nos últimos cinco anos, período em que o índice de referência mais do que dobrou. Suas ações estavam sendo negociadas a US$28,02 no fechamento de ontem.
Esse baixo desempenho da AT&T é reflexo da sua estratégia de aquisições alavancadas que, até agora, falhou em gerar valor aos acionistas. A empresa, por exemplo, perdeu quase 10 milhões de clientes de TV desde que adquiriu o serviço de satélite DirecTV em 2015.
Para lidar com esses desafios, a AT&T está implementando um agressivo plano de recuperação, que inclui mudar suas operações TV que geram prejuízo para uma joint venture com a TPG Capital e constituir uma nova empresa de capital aberto com a Discovery (NASDAQ:DISCA) (SA:DCVY35) para reunir suas marcas de mídia, como HBO, CNN, TNT, TBS e Warner Bros.
“Queremos acelerar a conclusão desses dois negócios, a fim de expandir as oportunidades de sucesso através de uma combinação com os parceiros certos”, afirmou o CEO John Stankey durante uma teleconferência com analistas no mês passado.
Dividendos em perigo
Mas essa reestruturação tem suscitado dúvidas nos investidores quanto à estabilidade do seu dividendo trimestral de US$0,52.
Gráfico: investing.com
De acordo com um levantamento do Investing.com, de trinta analistas que cobrem o papel, quatorze mantêm neutralidade, nove recomendam compra e sete, venda.
A Argus Research, em nota recente, rebaixo a AT&T de compra para neutro, dizendo que a transformação da companhia pode provocar o corte de dividendos no curto prazo.
A nota disse o seguinte:
“Embora a gerência tenha garantido aos investidores que a AT&T manterá o dividendo no ‘95º percentil’ de empresas, a conta simplesmente não fecha, levando em consideração a separação de DirecTV e WarnerMedia. Dessa forma, adotamos uma posição de esperar para ver, à medida que a companhia se reestrutura através de grandes desinvestimentos e implementa a custosa rede 5G”.
Apesar desse pessimismo, a iniciativa da AT&T de criar uma nova gigante do streaming, combinando HBO, Warner Bros. e TNT com um conjunto de canais da Discovery, como Food Network e reality shows de TV, pode fazer com que a empresa tenha melhores chances de ter sucesso em um mercado em empresas de tecnologia com grandes orçamentos, como Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34) e Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34), estão gastando dezenas de bilhões de dólares por ano em conteúdo de mídia.
No mês passado, a AT&T informou que tinha cerca de 67,5 milhões de assinantes em todo o mundo em seu serviço de canais premium e streaming e afirma que terá entre 70 e 73 milhões até o fim de 2021.
Conclusão
A AT&T provavelmente se tornará uma empresa muito mais enxuta e focada no próximo ano, se conseguir concluir com sucesso sua atual reestruturação. A separação dos ativos de mídia lhe permitirá investir agressivamente em sua nova unidade de streaming e expandir sua operação central de telecomunicações, no momento em que a introdução da tecnologia 5G cria novas oportunidades.
Dito isso, a nova AT&T não deve satisfazer investidores que buscam renda crescente e consistente. A AT&T, em nossa visão, é mais uma aposta em sua recuperação do que uma empresa que paga dividendos estáveis.