Dia de ata do Fomc, devendo confirmar o processo de tapering, a se iniciar agora em novembro. Nossa leitura é de que a inflação se encontra em patamar “persistente”, não mais “transitória”, como previsto por Jerome Powell, o que deve demandar esta decisão. Por outro lado, no mercado de trabalho há “lacunas a serem preenchidas”. Achamos que a elevação da taxa de juros de curto prazo, Fed Funds, deve ficar para meados do ano que vem.
A retomada da economia global, pós-pandemia, não acontece de forma linear, mas cheia de obstáculos no meio do caminho. Podem-se citar as ameaças da nova cepa Delta, falta de insumos nas várias cadeias produtivas globais interrelacionadas, tensões políticas, como o limite de endividamento nos EUA e relação deste com a China, fornecimento de gás da Rússia à Europa, alta dos custos de energia, etc.
Isso se reflete nas projeções econômicas, em revisão para menos. O FMI, por exemplo, no seu encontro de primavera, anunciou que as projeções para a expansão global indicam desaceleração, neste ano de 6,0% para 5,9%.
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No Brasil, Paulo Guedes, em Washington para o encontro do FMI e do Banco Mundial. Para ele, os ruídos políticos atrapalham a economia e os mercados. Ruídos estes com origem no Planalto e as desastradas e belicosas intervenções do presidente. Disse que o crescimento já parece dado, mas preocupa inflação. Disse também que o Brasil está bem preparado, talvez entre os emergentes, o melhor, para absorver este processo de transição de tapering entre os países desenvolvidos.
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Na agenda, para a quinta-feira o resultado do Volume de Serviços de agosto, em alta de 14,0% na comparação anual, destoando dos dados do Varejo e Indústria. Este movimento positivo deve ser impulsionado pelo avanço da vacinação e pela retomada da mobilidade social que, consequentemente, têm influenciado a retomada dos Serviços Prestados às Famílias, subgrupo mais afetado pela pandemia.
Na 6ªF, a consolidação dos indicadores de atividade será evidenciada pelo IBC-Br de agosto, com de recuo de -0,1%. Em relação ao coronavírus, superamos a marca de 21,5 milhões de casos e mais de 601 mil óbitos.
Segundo o consórcio de imprensa, a média móvel de mortes pela Covid-19 nos últimos 7 dias foi de 437, queda de 17% em comparação aos dados de 14 dias atrás, atingindo o menor nível desde novembro de 2020. Seis estados apresentaram alta nos óbitos: AM, SE, RO, PB, CE e PI. A média móvel de novos casos nos últimos 7 dias foi de 15.458 por dia, uma variação de -17% em relação aos casos registrados duas semanas atrás. Em relação às vacinas, atingimos a marca de 73,4% da população com algum grau de imunização.
No cenário político, o presidente da Câmara, Arthur Lira pretende votar nesta quarta-feira o projeto de ICMS sobre combustíveis. Além disso, o relator da Medida Provisória que institui o Auxílio Brasil, deputado Marcelo Aro (PP-MG), pretende apresentar o seu parecer esta semana, com o prazo de votação até 7 de dezembro para não perder a validade. No Senado, não há votações previstas para o plenário, mas devem seguir nos bastidores negociações em torno das reformas tributárias e do Imposto de Renda. Na sexta-feira, o STF deve julgar a constitucionalidade da lei que prorrogou, até dezembro, a desoneração da folha de pagamento.
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Sobre o relatório do FMI, “Panorama Econômico Mundial (WEO)”, projeções para a expansão global indicam a desaceleração de 6,0% para 5,9% neste ano, em decorrência da variante Delta. Segundo a instituição, “a recuperação global continua, mas o impulso de retomada perde força com o ressurgimento da pandemia Covid-19”. Para a economia dos EUA, revisão é de 7% para 6% neste ano, e para a Alemanha, de 3,6% para 3,1%.
Para o Brasil, o FMI revisa seu crescimento de 5,3% para 5,2%, no ano que vem, passando de 1,9% para 1,5%. Na inflação, a projeção é de 7,9% neste ano, contra 4,5% na projeção anterior, e 4,0% no ano que vem. Segundo a instituição, a alta na trajetória das commodities melhora as expectativas de crescimento para os países emergentes e em desenvolvimento. Na América Latina, a previsão de crescimento é de 6,2%, com destaque para Brasil e México.
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Nos EUA, avança o projeto que aumenta o limite do endividamento público. Recebeu na Câmara “apoio relativo” de 219 a 206 votos, depois de aprovado no Senado na semana anterior. Agora deve ir à sanção do presidente Joe Biden. Lembremos a trégua se prolonga até o dia 03 de dezembro, quando deve reiniciar o embate com força. O que é fato. Acreditamos que apenas adia-se o problema. O que é fato é que os países devem buscar mecanismos de escape para as suas regras fiscais, no caso, no teto das dívidas, até porque crises pandêmicas como a atual não acontecem a todo momento.
Na agenda desta quarta-feira, a ata do Fomc, quando o presidente do Fed, Jerome Powell, deve sinalizar que a inflação tem se mostrado mais persistente do que o previsto (e não tão transitória), o que deve levar a instituição a iniciar o processo de tapering em novembro.
Nos debates entre os diretores do Fed, Raphael Bostic acha que o payroll mais fraco (194 mil vagas geradas) não altera estratégia de início de tapering em novembro. Para ele, o problema está na inflação persistente, já que no mercado de trabalho ainda não há “pleno emprego”. Rachel Clarida tem a mesma opinião. Acha que a estratégia do Fed é acertada, prevendo completar o ciclo de redução das compras ao fim do ano que vem (tapering). Acha ela que a inflação persistente, terá que ser enfrentada, mas que a recuperação da economia segue no “caminho certo”.
Ainda nesta quarta-feira (dia 13), outro destaque é o CPI de setembro (inflação ao consumidor), com expectativa de +0,3% mensal. Na quinta-feira, temos o PPI (inflação ao produtor), acelerando 0,6% mensais. Apesar da projeção apontar para leve redução da pressão inflacionária, os índices de preços do ISM e o indicador que antecipa o subgrupo de carros usados no CPI têm apontado para o sentido oposto, refletindo a continuidade das disfunções nas cadeias produtivas globais, com aumento do tempo de entregas e alta no preço do petróleo no mercado internacional.
Já na sexta-feira (dia 15), serão divulgadas as vendas no varejo de setembro, que devem mostrar recuo no índice, em linha com a queda atual de confiança do consumidor.
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Na China, o “efeito cascata”, decorrente das dificuldades da mega incorporadora China Evergrande Group (HK:3333) (OTC:EGRNY), já começa a se propagar pela cadeia de empresas relacionadas na economia chinesa. Agora é a vez da construtora Sinic Holding Group, sem condições de honrar com uma rolagem de dívida de US$ 250 milhões a vencer no dia 18 de outubro. A empresa já possui US$ 694 milhões em títulos pendentes. São empresas do ramo imobiliário, ou de construção, ligadas à Evergrande, que inevitavelmente já começam a sentir o tranco da sua inadimplência.
Isso se reflete na exigência de prêmios mais elevados na aquisição de títulos da incorporadora, já considerados junk. A diferença chega agora a 1.200 pontos básicos entre o índice de alto rendimento JACI China, e um índice semelhante de títulos do mercado local chinês com classificação AA, conhecido como títulos onshore. Para o JP Morgan, “o risco de contágio da Evergrande está se espalhando por outros emissores e setores. Alguns acham que estamos vislumbrando “um desabamento do mercado imobiliário chinês”. Há dúvidas sobre a estratégia de “implosão controlada” do Banco Popular da China.
Indicadores
Na China, o superávit comercial foi a US$ 66,7 bi em setembro, acima das estimativas US$ 50,5 bi).
Nos EUA, em setembro o número de postos de trabalho abertos recuou a 10,439 milhões, segundo o relatório Jolts. Foi a primeira redução na geração de vagas de emprego mensal desde o ano passado. Isso reforça a tese do Fed, de que no mercado de trabalho, a plena carga ainda não foi atingida.
Na Zona do Euro, a Expectativa Econômica do ZEW de outubro caiu a 21,0 pontos, contra 31,1 em setembro. Já na Alemanha, o mesmo índice (ZEW) perdeu um pouco de força e foi a 22,3 pontos, quando o esperado era 24, contra 26,5 no mês anterior (setembro). Estas quedas, como já dito acima, se devem aos gargalos persistentes no fornecimento de matérias-primas e produtos intermediários. Isso deve derrubar os lucros de setores exportadores, como fabricantes de automóveis, produtos químicos e farmacêuticos
Ainda na Alemanha, o IPA (índice de preço ao produtor ou atacado) registrou 0,8% em setembro, contra 0,5% em agosto.
Mercados
No Brasil, o Ibovespa fechou segunda-feira (dia 11) em queda de 0,58%, a 112.180. Já o dólar também encerrou o dia em alta, a R$ 5,530, ainda pressionada pelas incertezas no campo doméstico. Na terça-feira tivemos feriado de Nossa Senhora Aparecida.
Nesta madrugada do dia 13/10, na Europa (04h05), os mercados futuros operavam com perdas. DAX (Alemanha) recuando 0,04%, a 15.140 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), -0,47%, a 7.096 pontos; CAC 40 +0,34%, a 6.526 pontos, e Euro Stoxx 50 -0,17%, a 4.048 pontos.
Nesta madrugada do dia 13/10, na Ásia (05h05), os mercados operaram com sinais mistos: S&P/ASX (Austrália), -0,11%, a 7.272 pontos; Nikkei (Japão) -0,32%, a 28.140 pontos; Kospi (Coréia), +0,96%, a 2.944 pontos; Shangai +0,42%, a 3.561, e Hang Seng, +0,23%, a 25.020 pontos.
No futuro, as bolsas de NY operavam em queda neste dia 13/10 (05h05): Dow Jones avançando 0,01%, a 34.262 pontos, S&P 500, +0,01%, a 4.341 pontos, e Nasdaq +0,15%, a 14.684 pontos. No mercado de Treasuries, US 2Y avançando 0,57%, a 0,3500, US 10Y -0,30%, a 1,575 e US 30Y, -0,96%, a 2,085. No DXY, o dólar -0,19%, a 94,338, e risco país, CDS 5 ANOS, a 203,9 pontos. Petróleo WTI, a US$ 80,33 (-0,38%) e Petróleo Brent US$ 83,06 (-0,43%). Gás Natural em queda de 1,05%, a US$ 5,447.
Na agenda desta quarta (13), nos EUA a ata do FOMC e o CPI de setembro. No Brasil, a confiança do consumidor.