Recentemente, em uma coletiva de imprensa, o jogador português Cristiano Ronaldo moveu duas garrafas de Coca-Cola Co (NYSE:KO) (SA:COCA34) da mesa onde daria a entrevista e disse “água”. A Coca-Cola perdeu US$ 4 bilhões em valor de mercado, com ações saindo de US$ 56,17 para $55,22 (1,6% de queda). No mesmo dia, o S&P 500 (Índice constituído pelas maiores empresas americanas em termo de valor, e cotadas na NYSE e Nasdaq) subiu 0,4%. A queda no preço das ações da Coca-Cola aconteceu pelo “efeito CR7”.
Já, em 2018, Kylie Jenner tuitou em tom de brincadeira que mais ninguém usava o Snapchat. Resultado? As ações da Snap (NYSE:SNAP) (SA:S1NA34), empresa dona da rede social, caíram 7% no próximo pregão fazendo com que a empresa perdesse US$ 1.3 bilhões.
Como podemos ver, o impacto de frases, gestos e comentários de influenciadores ou personalidades é imenso e sai do digital direto para o bolso dos investidores e das empresas.
Que o marketing de influência tem transformado a relação dos consumidores com as marcas nós já sabíamos. Agora, o mercado financeiro, que já vem mudando como indústria (falei sobre isso na última coluna) também tem se rendido ao novo jeito de se comunicar. A presença de influencers tem aumentado exponencialmente e há quem fale para todos os perfis possíveis de consumidores e investidores.
A Anbima liberou recentemente um relatório sobre os influenciadores de investimentos e afirma que eles se comunicam com mais de 74 milhões de seguidores, superando o alcance dos maiores e mais tradicionais veículos de notícias nas redes sociais. A presença desses criadores de conteúdo foi grande facilitador da expansão e popularização de temas financeiros.
O fato é que pessoas tendem engajar mais do que marcas. A comunicação “olho a olho”, mesmo que no digital, sempre funciona melhor que a propaganda em si.
E a Anitta no Nubank, hein?
O assunto do momento foi o anúncio do Nubank, apresentando a cantora e empresária Anitta como parte do seu conselho administrativo. Tão polêmica quanto a cantora, a decisão do Nubank gerou uma reação de amor e ódio nas redes sociais. Apesar de toda a ambiguidade que o nome da cantora traz, Anitta assume uma cadeira no conselho para agregar a sua visão estratégica de marketing e toda a sua experiência na criação de uma marca de influência.
Em seu Instagram, a Cristina Junqueira, cofundadora da Nubank, explicou sobre o movimento: “Precisávamos de uma pessoa no conselho que conhecesse muito bem o consumidor, que tivesse a visão de gente, de marketing, de como construir uma marca no Brasil e na América Latina e fazer expansão internacional”.
A fala da executiva segue explicando como essa cadeira irá trazer diversidade de pensamento para o time de conselheiros que é bastante técnico e conta inclusive com o colombiano Luis Alberto Moreno, ex-presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e Jacqueline Reses, ex-presidente da fintech Square (NYSE:SQ) e atual presidente do Conselho Consultivo Econômico do FED (Banco Central dos EUA), entre outros.
A entrada da cantora Anitta, que tem fortuna estimada em mais de US$ 100 milhões (segundo a edição de maio da Forbes México), já foi considerada Forbes Under 30, na primeira edição dessa lista no Brasil (2014) e Mulheres Poderosas em 2020, é reconhecida pela Billboard como uma das artistas mais influentes do mundo.
Anitta foi sua própria empresária durante 10 anos e conduziu a construção da sua marca que é conhecida e monetizada nacional e internacionalmente. Hoje, a cantora e empresária tem mais de 80 milhões de seguidores nas redes sociais.
Ignorar o potencial do mercado de influência e fechar os olhos para uma tendência que acompanha o comportamento da nova geração de consumidores, e, porque não dizer, foi acelerado fortemente pelo isolamento social na pandemia. O que o Nubank fez foi trazer para o time de tomada de decisões alguém que conhece e influencia esse mercado como ninguém.
Citando a própria Anitta em sua canção Machika “a sensação da favela saiu a romper fronteiras”.