O iene japonês costuma funcionar como um porto seguro no mercado financeiro em momentos de incerteza ou de turbulência. Geralmente a sua movimentação segue o rumo dos índices americanos. Na maioria das vezes, quando os investidores de ações fogem dos papéis, também podem migrar para o iene.
Se compararmos os gráficos do Dow Jones, S&P500, Nasdaq e USDJPY dos últimos dias, poderemos notar significativas quedas nos ativos, que podem evidenciar uma fuga do investidor pelo mercado de risco. Quando comento risco, devemos fazer uma leitura mais ampla do cenário atual. Os índices americanos estão em suas máximas históricas e a economia dos EUA passa por um período de amplo crescimento, com baixo desemprego, bons índices de inflação e boa atividade industrial e comercial que contribuem para bons dados de PIB.
Em seu discurso após a última reunião do FOMC, o presidente do FED, Powell, foi categórico em afirmar que vê com bons olhos o período de expansão da sua economia e que para equilibrar a oferta e a demanda, sem deixar que se entre em um ciclo de inflação descontrolada, o banco central local deve seguir com a sua política de aperto monetário pelos próximos anos. Ainda é esperado mais um aumento dos juros americanos na última reunião de 2018 em dezembro, mais 3 aumentos em 2019 e um último aumento em 2020, provavelmente encerrando o ciclo e chegando na casa dos 3,5% de juros ao ano.
Dessa maneira, o investidor faz as contas. Investir no tesouro americano é um dos meios mais seguros do mercado e se os juros por lá sobem, significa que a rentabilidade também será maior. Sendo assim, torna-se menos interessante para os grandes players continuarem com o seu capital alocado em mercados de maior risco, como por exemplo o de ações ou nos emergentes. Por isso, este movimento de queda pode ser justificado nos índices acionários americanos nos últimos dias, que também influenciou para uma queda no par USDJPY.
Porém, partindo-se para a nossa análise gráfica, chegamos num ponto muito interessante nesta semana. Ao longo deste ano, o par se movimentou numa tendência de alta, com topos e fundos ascendentes, como pode ser observado na imagem abaixo pela linha de tendência de alta. Após fazer a máxima nos 114.500, os preços recuaram até a região de suporte entre 112.250 – 111.750, que também coincide com a proximidade da linha de tendência de alta.
Neste ponto, poderemos ter a entrada de compradores a favor da tendência e do SWAP, comprando dólares numa região “barata” do gráfico. Se confirmada essa força compradora, poderemos ter novas altas até os 113.250 e 114.500 respectivamente.
Se caso tivermos o rompimento dos 111.750, aí sim poderá ser o momento para estudarmos uma possível inversão de tendência no par, com maiores probabilidades de quedas até a próxima região de suporte entre 110.500 – 109.750.
O que chama a atenção no calendário econômico desta semana e que poderá influenciar bastante serão as Atas da última reunião do FED, a serem divulgadas nesta quarta-feira, às 15h de Brasília. Especialistas especulam que elas podem vir em tom “dovish”, apresentando a percepção otimista dos membros do FOMC em relação ao ciclo expansionista da economia dos EUA, praticamente validando a continuação do programa de aperto monetário. Se confirmado, este cenário poderia continuar valorizando o dólar no longo prazo. Vamos acompanhar como poderá ser a interpretação do mercado.
Grande abraço e bons trades!
Por Rodrigo Rebecchi (Equipe Youtrading)