Dia de taxa de desemprego de julho, pela PNAD Contínua, envio de Orçamento ao Congresso, dados fiscais consolidados e novas tensões com a crise hídrica e a agenda fiscal no Congresso. Em paralelo, mercado segue em expectativa sobre as manifestações de 7 de setembro, na agenda do presidente, a “liberdade de expressão” e o “voto impresso”. Nos EUA, saiu o último avião para o resgaste de civis e militares neste “atoleiro” que se tornou o Afeganistão.
Sobre as “bandeiras” do presidente Bolsonaro, importante salientar que liberdade exige também responsabilidade. Embora concordando, em parte, com a tese do voto impresso, é relevante também justificar tal ato. Há provas de fraude nas eleições anteriores? Achamos que dá para continuar com voto eletrônico, desde que havendo a capacidade de emissão de um “comprovante”, a ser depositado numa urna e dado para o eleitor. Nada contra, neste caso, mas defender que as pessoas usem fuzis, não ser relevante um prato de feijão, não merece maiores comentários. Uma pessoa com fome e uma arma na mão é capaz de tudo. Mais um discurso irresponsável, sem pé nem cabeça, deste presidente.
No Congresso
Paulo Guedes deve enviar a versão final do Orçamento de 2022 sem especificar como serão negociados os precatórios e de onde sairão recursos para tal, assim como para a nova versão do Bolsa Família, o Auxílio Brasil. Muito se comenta que o auxílio emergencial deve ser estendido por mais um mês ou dois, enquanto permanecer este impasse sobre a fonte de recursos do Orçamento para bancar este programa, a ser definido em R$ 300 por pessoa.
Sobre o parecer da reforma administrativa, do relator Arthur Maia, sua divulgação deve ficar para hoje ou amanhã. Segundo ele, “sempre aparecem umas pontinhas a ajustar”.
Falando da reforma tributária (do Imposto de Renda), os presidentes da Câmara e do Senado, Artur Lira e Rodrigo Pacheco “tentam costurar” algo para avançar nesta pauta. Um ponto é a negociação de um Refis para as dívidas tributárias, além, também, da redução da alíquota a ser cobrada sobre dividendos, prevista no projeto em 20%. Hoje os dividendos são isentos desta cobrança de IR, mas algo deve ser cobrado, visto que o Brasil é um dos únicos países do mundo onde não existe esta cobrança. Uma ideia é reduzir a alíquota de 20% a 15%. Mas isso representará menos recursos para o Auxílio Brasil, puxadinho do presidente pensando nas eleições.
No Senado, já se discute uma terceira fase, a unificação dos impostos federais, estaduais e municipais sobre o consumo, na ideia de um imposto único, um IVA. Guedes topa, desde que tenha apoio dos estados e municípios.
Manifesto da Fiesp
Estava para sair um manifesto da Fiesp, pregando “harmonia entre os poderes”. Dizia que o Brasil precisa de “serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias”.
Acabou, no entanto, adiado por decisão do presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Lembremos que este manifesto partiu da Febraban, inclusive, levando a CEF e o BB (SA:BBAS3) a se desligarem da entidade.
Deve ficar para depois do 7 de setembro, dependendo do que acontecer. A verdade é que vai se “esvaziando” estas manifestações e com elas, as bravatas do presidente. A impressão que se tem é que tudo que ele apregoou até agora só serviu para uma coisa, esgarçar sua relação com os poderes e o centrão, perder apoio, e cansar a sociedade.
Indicadores
Pelo governo central, o déficit primário veio menor do que o esperado, assim como a dívida pública. O déficit veio em R$ 19,89 bilhões. Aguardemos hoje os dados consolidados, mais somando à arrecadação federal, são bons números a mostrar que o quadro fiscal não é tão trágico assim.
O IGP-M de agosto registrou alta de 0,66%, contra 0,78% em julho. No ano, o índice da FGV acumula 16,75% e em 12 meses, 31,12%.
Pela Focus, a previsão de IPCA foi a 7,27% para este ano, em 2022 passando de 3,81% para 3,95%.
Mercados
Nos EUA, Jerome Powell, do Fed, em Jackson Hole, na semana passada, deu mais ênfase ao gradualismo, mesmo não descartando o “desmonte” da política monetária, pelo tapering, ainda neste ano. No Afeganistão, ontem foi dia do último avião americano a decolar do aeroporto de Kabul, levando os últimos cidadãos envolvidos com as operações dos EUA.
No Brasil, no dia 30, no fechamento, a moeda norte-americana recuou 0,15%, cotada a R$ 5,1189. Já o Ibovespa voltou a recuar, ignorando a alta em NY: recuou 0,78%, a 119.739 mil pontos. A semana promete.
Nesta madrugada, na Ásia (22h35), os mercados operavam MISTOS. Nikkei recuando 0,11%, a 27.760 pontos; Kospi, na Coréia do Sul, -0,24%, a 3.136 pontos; Shanghai Composite, -0,15%, a 3.523 pontos, e Hang Seng, -0,53%, a 25.404 pontos.
Nos EUA, as bolsas de NY fecharam dia 30 em suave alta (22h35). O Dow Jones avançou 0,06%, a 35.373 pontos, o S&P 500, +0,05%, a 4.527 pontos, e o Nasdaq -0,03%, a 15.599 pontos. No mercado de treasuries, os US 2Y recuando 0,84%, a 0,2013, os US 10Y -0,95%, a 1,272 e os US 30Y, -0,74%, a 1,885. No DXY, o dólar recuava 0,07%, a 92,642. Petróleo WTI , a US$ 68,86 (-0,51%) e Petróleo Brent US$ 71,88 (-0,36%).
Na agenda de hoje, destaque para a PNAD Contínua, quando saberemos a quanto anda o número de informais, e como a taxa se comporta. Atenção também para os dados fiscais consolidados de julho e o Indicador de Incerteza da Economia e de Confiança Empresarial da FGV. Nos EUA, destaque para a confiança do Consumidor de agosto e o índice S&P Case Shiller de preços residenciais. Na Zona do Euro, a prévia da inflação ao consumidor de agosto e o desemprego na Alemanha.