Durante os atuais confinamentos provocados pela covid-19, a Netflix (NASDAQ:NFLX) foi uma das maiores beneficiadas pela pandemia, na medida em que as restrições mundiais de deslocamentos aumentaram a necessidade de entretenimento seguro em casa. Nos últimos três meses, os papéis da gigante do streaming não só quebraram seu ciclo de baixa, como também passaram a registrar novas máximas, enquanto milhões de novos clientes assinavam seus serviços e os atuais usuários assistiam a mais programas e filmes.
Antes do pregão de ontem, as ações da Netflix haviam valorizado cerca de 40% no ano, apresentando o melhor desempenho entre os papéis de tecnologia em 2020. Durante o período, o S&P 500 se desvalorizou 11%. Ontem, a ação fechou a US$ 452,58, um pouco abaixo da sua máxima histórica de US$ 454,29 atingida na última sexta-feira.
Os resultados da companhia para o 1º tri, divulgados no mês passado, validaram esse poderoso rali, quando a Netflix reportou o maior crescimento no número de assinantes em sua história, adicionando o recorde de 15,8 milhões conexões. A empresa sediada em Los Gatos, Califórnia, registrou um salto explosivo em novos clientes no mês de março, à medida que bilhões de pessoas ficaram confinadas em casa e passaram a “maratonar” programas populares da empresa, como “A Máfia dos Tigres” e “Casamento às Cegas”.
Apesar do notável rali da ação neste ano, alguns analistas ainda veem espaço para alta na ação. Na semana passada, a Jefferies começou a cobrir a Netflix, com uma recomendação de compra e preço-alvo de US$ 520, na expectativa de que a empresa continue aumento em dois dígitos sua base de assinantes.
O analista Alex Giaimo declarou em nota a clientes que o mercado potencial da Netflix ainda está muito subestimado.
“Estimamos que o mercado potencial atingirá mais de 850 milhões, impulsionado por uma combinação de banda larga doméstica e usuários apenas com conexão móvel", declarou.
“A Netflix está na vanguarda de diversas evoluções na indústria, o que permite que a companhia sustente sua ampla vantagem como pioneira no setor (acreditamos que a oferta de acesso móvel pode representar a próxima pernada de alta).”
Concorrentes em dificuldades financeiras
Em vez de se concentrar nesses motivos de curto prazo para comprar a ação, os investidores deveriam, em nossa visão, reavaliar a Netflix por outros catalisadores positivos. Um deles é que levará mais tempo para que novos concorrentes no mercado de streaming de vídeo consigam prejudicar a posição de liderança da Netflix, caso entremos em uma grave e prolongada recessão.
A Disney (NYSE:DIS) e a Apple (NASDAQ:AAPL) lançaram seus próprios serviços de streaming, o Disney+ e o Apple TV+, em novembro. Já a WarnerMedia, pertencente à AT&T (NYSE:T), planeja lançar o HBO Max em 27 de maio, enquanto a NBCUniversal, pertencente à Comcast (NASDAQ:CMCSA), deve apresentar o serviço Peacock nos EUA em 15 de julho.
Uma das principais concorrentes da Netflix atualmente, a Disney está enfrentando graves problemas por causa da crise mundial de saúde, que custou à Casa do Mickey Mouse US$ 1,4 bilhão em lucro perdido no último trimestre, na medida em que todos os seus negócios foram afetados pelos confinamentos globais.
O Disney+, serviço streaming da companhia, é o único ponto de destaque da maior empresa de entretenimento mundial. Uma desaceleração contínua em seus parques temáticos e outros negócios pode prejudicar a capacidade da Disney de alocar caixa para seu serviço de streaming.
Um possível risco para a Netflix, citado por sua gerência, é a desaceleração das assinaturas no período pós-pandemia por conta de clientes que deixarão suas conexões expirar assim que a quarentena terminar.
“Assim como outros serviços de entretenimento doméstico, estamos vendo uma taxa de visualização mais alta e um crescimento maior de membros”, afirmou a companhia em uma carta a investidores. “Nossa expectativa é que a visualização tenha um declínio e o crescimento do número de membros desacelere assim que o confinamento doméstico acabar”.
A Netflix espera registrar 7,5 milhões de novos assinantes no segundo trimestre, o que ainda representa um forte crescimento em circunstâncias normais, mas bem menor do que no trimestre anterior.
Resumo
Olhando além da atual crise sanitária, há boas razões para acreditar que a Netflix tenha mais potencial de crescimento. Os enormes investimentos em conteúdo da empresa, seu ecossistema de distribuição mundial, além da sua crescente escala e vantagem tecnológica, estão entre os fatores que continuarão dando suporte ao movimento de alta da ação.