Fortes subidas nas Bolsas europeias, que se somam às que vimos ontem de dimensão similar, o que traz um movimento que supõe, em parte, a consecução de um acordo entre a Grécia e seus credores.
Como comentávamos, na terça-feira passada com as duas reuniões do Eurogrupo e dos Chefes de Estado foi dado o primeiro passo. As instituições credoras aceitavam negociar um terceiro resgate e convocavam mais reuniões para os dias mais adiante. Este passo era dado num momento de expectativas muito baixas em relação às possibilidades de evitar a saída da Grécia do Euro.
Ontem começaram a surgir rumores sobre a proposta grega (que finalmente chegou durante a noite). Para a surpresa de muitos, as informações indicavam que seria uma proposta muito semelhante àquela rejeitada por Tsipras para a culminação do segundo resgate (a mesma que foi submetida ao referendo), com pequenas variações. Porém, surpreende que Tsipras aceite subir o IVA como requisitado, praticamente sem isenções, mantenha o superávit primário acordado previamente e aceite limitar as pré-aposentadorias com efeito imediato. Em resumo, o plano de ajuste poderia escalar até os 12.000 milhões de euros, ao invés dos 8.000 que apresentou anteriormente.
Obviamente, esta oferta aproxima muito as posturas. Hoje temos avaliações positivas à proposta de diversos agentes implicados com a França e a Itália. Na Alemanha, mostra-se um pouco mais de ceticismo. Se discute até a possibilidade de criar um acordo antes da reunião do domingo.
Ainda é necessário conhecer mais informações sobre o terceiro pilar da negociação: as possibilidades de reestruturar a dívida. Parece bastante claro que não se admitirão reduções neste momento, mas não parece que haja uma oposição infranqueável em estudar algum outro tipo de reestruturação (através de prazos e condições), agora ou no futuro.
Visto em perspectivas, parece que, após a convocação do referendo e a solicitação do voto contra por parte de Tsipras, o que o governo grego buscava era forçar a apresentação de um terceiro plano de resgate a mais longo prazo, no valor de 53.000 milhões de € a 3 anos, em vez de uma culminação do segundo resgate no valor de 15.000 milhões até o final do ano. As condições exigidas, que pareciam ser inaceitáveis para a Grécia, estão agora em assunto secundário.
Talvez o governo grego quisesse evitar condições mais duras na hora de solicitar um terceiro programa de assistência, e buscasse oferecer as contrapartidas exigidas previamente.
Tsipras também pôde ceder em alguns pontos, condicionado pela pressão de um corralito bancário, e certamente ambiciona obter a promessa de algum tipo de reestruturação.
Mas essencialmente, as posturas demonstraram ser muito menos distantes do que pareciam na semana passada, quando o governo grego fazia a campanha pelo NÃO no referendo.
O mercado da dívida, igualmente às Bolsas, mostra-se muito otimista com as possibilidades de acordo, dada a forte redução da rentabilidade da dívida periférica. O Euro reage hoje com fortes subidas.
Os índices europeus cotam 3% abaixo dos níveis do dia 26 de junho, antes de que fosse convocado o referendo, o que indica que ainda há possibilidade de mais subidas, se um acordo for alcançado este domingo. O euro se encontra nos mesmos níveis desde então, prova do menor nervosismo que acometeu a divisa europeia.
Wall Street fechou ontem com avanços moderados e longe dos máximos da sessão e o S&P500 subiu 0,23%.
Na Ásia, temos forte inversão do índice das bolsas chinesas pelo segundo dia consecutivo. O índice de Shangai sobe 4,5%, enquanto o Nikkei cai um 0,38%.
Nas commodities, o petróleo inverte, cotando quase 4$ acima dos níveis da terça-feira, e os metais também – com avanços menores.
Em resumo: cresce otimismo sobre a Grécia, mas as experiências anteriores com gaps fortemente baixistas das duas últimas sextas-feiras, pedem cautela. Se o acordo por fim se confirmar, haveria margem para ascensões de até 5% nos próximos dias, se a China permitir.
Dados macroeconômicos:
Preços varejistas na Alemanha (abaixo do esperado)
Produção Industrial italiana maio (+0,9%)
Produção Industrial Francesa maio (+0,4%)
Balança Comercial do Reino Unido (deficitária)
Dados publicados hoje nos EUA:
Estoques varejistas
Discurso da FED
Índices europeus em SINAL POSITIVO
PSI: +3,14%
IBEX: +2,62%
DAX: +2,05%
CAC: +2,95%
FTSE: +1,28%
MIB: +2,73%
EUROSTOXX: +2,86%
EUR/USD: +1,43% (1,1190)
Ouro: +0,30% (1.163 $)