Publicado originalmente em inglês em 23/04/2021
A compra de ações de empresas que produzem matérias-primas para a indústria gerou bons resultados no ano passado. O S&P 500 Materials tem sido um dos índices com melhor desempenho no último ano, graças à disparada da demanda de materiais como cobre e alumínio.
Com essa forte recuperação após a recessão causada pela Covid-19, os analistas acreditam que esses papéis ainda têm mais espaço para subir. A última indicação que esse rali recorde ainda pode ir longe veio da Alcoa (NYSE:AA), maior produtora de alumínio dos EUA.
A companhia divulgou nesta semana seu balanço do primeiro trimestre, que ficou acima das expectativas dos analistas. Também projetou mais ganhos à medida que as economias se reabrem. As ações da Alcoa estão em disparada desde abril do ano passado, saltando mais de 350%. Elas fecharam a US$ 33,21 no pregão de quinta-feira.
“A Alcoa espera um 2021 forte, com base na recuperação contínua da economia e maior demanda de alumínio em todos os mercados finais”, afirmou a empresa sediada em Pittsburgh no anúncio dos resultados. A expectativa é que o segmento de alumínio da companhia registre um crescimento nas vendas de dois dígitos ano a ano de produtos com valor agregado.
O CEO da Alcoa, Roy Harvey, afirmou, no mês passado, que a China está dando passos consideráveis para controlar a produção, chamando o fato de “virada de jogo” para a indústria após anos de excesso de oferta.
As ações de empresas como as mineradoras de cobre Freeport-McMoRan (NYSE:FCX) (SA:FCXO34) e Dow Inc (NYSE:DOW) dispararam com os aumentos de preços das commodities, ajudando o Índice S&P 500 Materials subir 73% nos últimos 12 meses.
Lucros corporativos em alta
A forte demanda de matérias-primas, por outro lado, está pressionando os preços de empresas dos mais variados setores, desde a construção civil até a fabricação de vestuário. Se a história se repetir, isso impulsionará o faturamento corporativo e dos investidores, de acordo com uma reportagem do Wall Street Journal.
A matéria cita Scott Colyer, da Advisors Asset Management, que afirmou que os preços das commodities e dos bens manufaturados ainda podem subir mais, devido aos estímulos fiscais e monetários dos governos para amenizar os efeitos da pandemia e recuperar a economia.
“Ao mesmo tempo, a escassez de alguns materiais e gargalhos nas linhas de abastecimento estão fazendo os gerentes de compras estocarem os materiais que suas empresas precisam para operar, aumentando a demanda”, segundo a matéria.
O futuro dessas empresas, evidentemente, depende bastante da trajetória da pandemia e de como as principais economias industriais vão sair dessa crise sanitária. Apesar da disparada da Covid em todo o mundo, os economistas acreditam que a rápida vacinação ajudará a conter o vírus.
O PIB real dos EUA deve ter expansão de 5,7% em 2021, ante a previsão de declínio de 3,5% em 2020, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Da mesma forma, na China, um dos maiores países consumidores de matérias-primas, o PIB real deve se expandir 8,5% em 2021, frente aos 2,3% do ano passado. O Banco Central do Canadá declarou, na quarta-feira, que pretende reduzir o estímulo monetário, já que a economia do país deve se recuperar forte neste ano.
Analistas da Jefferies escrevem em nota, no mês passado, que suas projeções mostram que a demanda de mercados finais continua melhorando desde a mínima do ano passado, respaldando sua visão de que as matérias-primas podem continuar liderando o mercado ao longo de 2021, já que seus valuations ainda são atraentes.
“A principal razão para que as ações ligadas a matérias-primas não estejam ficando mais caras, apesar do forte desempenho, é que as estimativas de resultados estão subindo muito”, segundo sua nota publicada pela Bloomberg. Alguns papéis preferidos da Jefferies são Freeport, Univar (NYSE:UNVR) e Linde (NYSE:LIN) (SA:L1IN34).
Resumo
A compra de ações de empresas que produzem matérias-primas para a economia industrial mostrou ser uma aposta rentável no ano passado. Esse rali nas matérias-primas ainda tem espaço para continuar subindo, já que tudo indica que a economia global irá superar a pandemia e acelerar o crescimento do PIB.