Estamos prestes a ver outro rali de mercado? Acredito que é o cenário mais provável. Mas, para entender as razões, precisamos relembrar o que dissemos no começo de julho:
“Com o otimismo voltando rapidamente ao mercado, a pressão para correr atrás da alta por ‘medo de ficar de fora’ vai continuar impulsionando as ações. Porém, isso não descarta a possibilidade de uma correção de 5-10%. Correções desse tipo são normais em qualquer ano e oferecem o melhor ponto de entrada para aumentar a exposição à renda variável no curto prazo."
O gráfico abaixo mostra a frequência de quedas do S&P 500 em cada ano, desde 1950 até o final de 2022.
Fonte: @TheMarketEar
Desde o começo de agosto, o mercado acionário está sob pressão. As preocupações com juros mais altos, o rebaixamento da nota de crédito dos EUA e a aumento da inflação assustaram investidores mais otimistas. O mercado caiu cerca de 5% desde o pico recente até o final da semana passada.
É importante notar que a correção aconteceu de forma organizada, sem sinais de estresse financeiro. O gráfico a seguir indica que a volatilidade subiu um pouco à medida que o mercado acionário caiu. No entanto, em períodos de estresse, o índice de volatilidade tende a disparar.
Podemos ver a diferença entre a queda atual e março, durante as quebras de bancos regionais.
Depois de duas semanas de pressão constante de venda, houve uma reversão nos níveis anteriores de sobrecompra e no sentimento de euforia. Durante tendências mais altistas, indicadores técnicos tendem a atingir níveis menos extremos. O gráfico abaixo exibe o indicador de Convergência e Divergência de Médias Móveis (MACD), que mede a diferença entre duas médias móveis.
Os cruzamentos das duas linhas sinalizam sinais de compra ou venda para o mercado de ações. Além disso, o Índice de Força Relativa (IFR) também voltou de acima da marca de 70 para cerca de 30. Esses níveis costumam estar associados a fundos de curto prazo no mercado de ações.
No entanto, não são apenas as leituras gerais das ações que sugerem que é provável vermos um rali no curto prazo.
Queda ampla
Quero revisar algumas análises que sugerem que o mercado de ações poderia encontrar um fundo de curto prazo para um rali reflexivo.
Porém, antes é necessário um aviso importante.
- NÃO estou sugerindo que o processo corretivo atual tenha acabado.
- ESTOU sugerindo que a venda atual está se estendendo um pouco e um repique é provável.
Nossos comentários diários sobre o mercado têm enfatizado o segundo ponto.
“Embora espere um rali a partir de hoje, é provável que ele permaneça limitado abaixo da Média Móvel de 50 dias por enquanto. Não seria surpreendente que o mercado continue caindo nas próximas semanas em direção a esse nível de suporte mais baixo. Aproveite as altas para rebalancear o risco, se necessário.”
Com esse aviso em mente, os dados no relatório “Bull Bear” da semana passada apoiam a tese do rali reflexivo, ou repique. Primeiro, a maioria dos principais mercados e setores atingiu níveis mais extremos de sobrevenda de curto prazo e estão abaixo das máximas recentes.
Embora possa haver alguma pressão adicional para venda no curto prazo, em geral, um repique ocorre quando a maioria dos mercados e setores está se aproximando de níveis mais sobrevendidos.
Segundo nossa análise, o desempenho do mercado e dos setores em relação ao mercado amplo nos deu algumas pistas. Essa análise, que mede a volatilidade histórica, cria faixas de risco que podemos usar para escolher os melhores momentos de entrada e saída.
Como podemos ver, a maioria dos mercados e setores está negociando muito abaixo de suas faixas de risco normais. Historicamente, quando as correções são muito profundas, como aconteceu desde o início de agosto, costumam gerar um repique.
Essa análise indica um salto na próxima semana ou algo assim. Sugerimos aproveitar esse repique para reajustar os riscos da carteira, pois podemos ver mais correções no mês de setembro, que é historicamente fraco.
No entanto, um ponto da análise chamou nossa atenção, mostrando onde poderíamos investir em 2024.
Onde Investir em 2024?
Em novembro de 2020, depois de uma queda nos preços do petróleo e um forte recuo nas ações do setor de Energia, recomendamos que investir em ações de energia poderia ser uma boa estratégia para 2021.
Essa avaliação foi baseada no gráfico a seguir, que mostrou o baixo desempenho das ações de Energia em comparação com o resto do mercado amplo e os setores.
Apesar de um desempenho moderado das ações de Energia em 2021, durante a correção de 2022, o desempenho disparou, tornando o setor de Energia o melhor do mercado, enquanto Comunicações, Consumo Discricionário e Tecnologia estavam entre os piores.
A mesma análise que usamos antes para prever uma mudança no setor de Energia nos levou a escrever um artigo no final de outubro de 2022, questionando a visão amplamente aceita de que as “ações FANG estavam mortas”.
Embora essa análise não seja perfeita nem oportuna, historicamente, quando há um desempenho extremamente superior ou inferior de um mercado ou setor em um determinado ano, esse padrão tende a se reverter no ano seguinte. O desafio, como sempre, é saber quando essa reversão vai acontecer.
Dito isso, o que o cenário atual do mercado nos diz sobre as áreas onde o dinheiro poderia ir em 2024?
Na análise recente de desempenho, várias coisas ficaram claras. A subida dos setores mais desvalorizados no ano passado foi o principal motor do desempenho amplo deste ano. Se ignorarmos o desempenho desses três setores, o mercado estaria quase estável em termos de desempenho acumulado no ano.
Assim, onde está o potencial para 2024? Considerando que Utilidade Pública (NYSE:XLU), Bens de Consumo Básico (NYSE:XLP), Setor Imobiliário, Setor Financeiro (NYSE:XLF) e Títulos são os que mais ficaram para trás em termos de desempenho em 2023, esses setores podem oferecer uma boa oportunidade de valor no futuro. É importante notar que todos esses setores têm relação com as taxas de juros.
Portanto, ao começarmos a nos planejar para 2024 e 2025, o principal fator que afetará as taxas de juros será o Federal Reserve. Como mostrado abaixo, os participantes do mercado estão esperando um ciclo de cortes de taxa pelo Fed no próximo ano. Se isso realmente acontecer, será por causa de taxas de crescimento econômico mais baixas e queda na inflação.
Se isso se confirmar, a queda das taxas estimulará novamente os setores mais desprezados deste ano.
Apesar do bom nível de certeza em relação a esse movimento, o momento exato é sempre uma questão delicada.
O atual desempenho superior de Tecnologia (NYSE:XLK), Consumo Discricionário (NYSE:XLY) e Comunicações eventualmente terminará. Quando isso acontecer, o dinheiro irá para as áreas que apresentarem as melhores oportunidades.
Como disse o grande jogador de hóquei Wayne Gretzky: “O segredo para vencer é patinar para onde o disco vai estar”.
(Tradução de Julio Alves)