Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Grande rali após compras de Munger
- Alta do BABA perde força
- Compra foi revelada no início do 4º tri; será que ele manteve sua posição?
- Ações chinesas não parecem favoráveis
- Papéis oferecem valor, mas representam enorme risco em 2022
Em novembro, escrevi sobre uma operação revelada no início do 4º tri. Charlie Munger, vice-presidente da Berkshire Hathaway (NYSE:BRKb) (SA:BERK34) e sócio de Warren Buffett, comprou ações do gigante chinês do varejo eletrônico Alibaba Group Holdings (NYSE:BABA) (SA:BABA34) no 3º tri. Naquele momento, seus papéis estavam extremamente baratos em comparação com as ações americanas.
Munger e Buffett são investidores de valor, ou seja, buscam ações subprecificadas com fortes fundamentos. O mercado tende a segui-los em suas operações de compra e venda. A empreitada no BABA foi um movimento de alto perfil, no momento em que os papéis estavam sob intensa pressão.
A relação EUA-China deteriorou-se nos últimos anos. Embora ambas as economias sejam mutuamente inclusivas, as ideologias políticas dos dois países são mutuamente excludentes.
Munger enxergou valor nas ações do BABA, que dispararam desde as mínimas de 4 de outubro até a máxima do fim do mesmo mês. Mas as compras acabaram perdendo força, e a ação recuou até uma nova mínima em novembro e continuou em queda no início de dezembro.
Charlie Munger comprou a correção no 3º tri. Só saberemos se ele vendeu após o rali do 4º tri quando a próxima rodada de divulgação de posições vier à luz no início de 2022.
Grande rali após compras de Munger
O Alibaba é a resposta chinesa à Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34). Suas ações atingiram a máxima de US$319,32 em 27 de outubro de 2020 e depois passaram a cair, em máximas e mínimas descendentes, alcançando o valor de US$138,43 em 4 de outubro de 2021.
Fonte: Barchart
O gráfico destaca o declínio até o fundo inicial de US$138,43 no início de outubro e do 4º tri de 2021. Ao mesmo tempo, notícias de que o sócio de Warren Buffett, Charlie Munger, havia comprado os papéis no 3º tri fizeram o BABA subir. A revelação fez com que outros investidores de valor seguissem Munger, impulsionando os papéis da gigante chinesa em 31,5%, para US$182.09 em 20 de outubro e novamente no dia 22 do mesmo mês.
Alta do BABA perde força
O topo duplo nas ações do BABA gerou uma correção e uma retomada da tendência de baixa.
Fonte: Barchart
O gráfico de curto prazo ilustra o derretimento dos papéis do BABA desde o início de outubro, quando perderam a mínima de 4 de outubro a US$138,43 e alcançaram US$108,70 em 3 de dezembro, uma queda de 21,5%. O BABA estava sendo negociado a US$115,00 em 20 de dezembro, muito mais perto da mínima de 3 de dezembro do que da máxima do fim de outubro.
Compra foi revelada no início do 4º tri; será que ele manteve sua posição?
É um desafio encontrar valor no mercado acionário americano, o que vez com que Munger recorresse às empresas chinesas mais bem-sucedidas com papéis listados na Bolsa de Valores de Nova York.
Munger e Buffett não costumam fazer operações de curto prazo. Mas será interessante ver se essa terrível ação de preços do BABA no 4º tri tem a ver com o fato de Munger possivelmente ter jogado a toalha em relação ao investimento no Alibaba.
A China possui a segunda maior economia do mundo e está no encalço dos EUA para assumir a liderança. No entanto, as tensões entre EUA e China continuam aumentando, e a potencial deslistagem de empresas chinesas em bolsas americanas fez com que vários investidores de valor evitassem qualquer coisa relacionada ao país asiático no último ano.
Ações chinesas não parecem favoráveis
O fundo iShares Chinese Large-Cap (NYSE:FXI) investe em ações de empresas chinesas negociadas em bolsas dos EUA. Entre suas principais posições estão o BABA e um conjunto de outras ações do país. A US$35,57 por conta em 20 de dezembro, o FXI tinha um patrimônio líquido de US$4.869 bilhões e negociava em média mais de 33,8 milhões de cotas por dia. O ETF cobra uma taxa de administração de 0,74%.
O índice S&P 500 subiu de 3.756,07 em 31 de dezembro de 2020 e estava cotado a 4.568,02 em 20 de dezembro deste ano. O índice estava 21,6% mais alto, faltando apenas alguns dias para o fim de 2021.
Fonte: Barchart
No mesmo período, o FXI seguiu na posição contrária. O fundo fechou a US$46,43 por cota no fim de 2020 e caiu para US$35.57 em 20 de dezembro, um recuo de 23,4% em 2021. As ações chinesas podem oferecer valor, mas o risco é sempre uma função do potencial retorno, como Charlie Munger aprendeu no 4º tri de 2021.
Papéis oferecem valor, mas representam enorme risco em 2022
A China e os EUA se contrapõem em relação a Taiwan e o Mar da China Meridional, à medida que entramos em 2022. O governo chinês continua expandindo sua esfera de influência ao redor do mundo e está cooperando com a Rússia, opondo-se às políticas dos EUA e da OTAN. Questões de direitos humanos têm gerado controvérsia. Além disso, as empresas de tecnologia da China continuam sofrendo com o forte escrutínio dos órgãos reguladores do mercado de capitais do país.
Os órgãos reguladores dos EUA consideram que as empresas chinesas listadas em bolsas americanas possuem uma estrutura corporativa complexa e enganosa. A agenda política da China não está em consonância com o levantamento de capital nos mercados dos EUA. Diante desse conflito entre China e EUA, as empresas do país asiático podem sair das bolsas americanas por consenso mútuo nos próximos anos.
As ações chinesas estão sendo oferecidas com grandes descontos em relação às empresas americanas. Contudo, o preço de um ativo é sempre o correto, pois representa o nível em que compradores e vendedores se encontram em um ambiente transparente, o mercado.
À medida que 2022 se aproxima, as ações chinesas seguem menos atrativas. No início do ano que vem, vamos descobrir se Charlie Munger ainda é um fã de BABA ou realizou lucro no fim de outubro, quando os mercados o seguiram em uma ação volátil.
As ações chinesas podem estar baratas, mas isso não significa que não possam ficar ainda mais baratas no ano que vem. A tendência é baixista e devem continuar dessa forma. Como diz uma frase bem conhecida nos mercados: a tendência é sempre sua melhor amiga.