Publicado originalmente em inglês em 15/04/2021
A Coinbase Global (NASDAQ:COIN) é um excelente investimento se você acredita em um mercado regido pelas moedas digitais. Cofundada por Brian Armstrong em 2012, é a maior corretora de criptomoedas dos EUA e a primeira empresa focada nesse tipo de ativo a abrir seu capital.
A corretora será usada para estabelecer um mercado para negociação de moedas digitais. Isso pode construir um futuro no qual os intermediários financeiros tenham papel menor e as transações ocorram predominantemente em blockchain.
Neste mês, o valor total do mercado de criptomoedas ultrapassou US$ 2 trilhões, graças às compras tanto de investidores comuns como institucionais. O bitcoin, maior criptomoeda e pioneira no segmento, é avaliado em mais de US$ 1 trilhão após uma disparada de mais de 800% no ano passado.
Surfando nessa onda de investimentos, a rentabilidade da Coinbase decolou. A empresa de São Francisco, Califórnia, afirmou que seu lucro no primeiro trimestre deveria ficar entre US$ 730 e 800 milhões, mais do que o dobro registrado em 2020, sobre uma receita de US$ 1,8 bilhão.
O volume negociado totalizou US$ 335 bilhões no 1º tri, e a companhia agora possui 56 milhões de usuários verificados em sua plataforma. Os ativos na plataforma subiram para US$ 223 bilhões, com usuários institucionais representando 11,3% da participação total do criptomercado.
Rentável desde o primeiro dia
Esse impressionante perfil financeiro coloca a Coinbase entre as poucas empresas de tecnologia que registraram lucro desde o seu primeiro dia de negociação. E o futuro parece promissor também. Se seu valor ultrapassar US$ 100 bilhões, a expectativa é que fique entre as 100 maiores empresas dos EUA e do mundo por valor de mercado.
Esse tamanho praticamente lhe garante um lugar nos fundos de índices de mercado mais amplos. Como a Coinbase também é rentável, isso a torna elegível ao índice S&P 500, o mais seguido por investidores institucionais.
Se a Coinbase mantiver o ritmo de receita e lucro do primeiro trimestre, de acordo com o articulista da Bloomberg Nir Kaissar, aumentará sua receita em cinco vezes e seu lucro em dez vezes neste ano em comparação com 2020. E isso pode ser apenas o início, pois o interesse em criptomoedas tem tudo para crescer, segundo ele.
Volatilidade extrema
Esse otimismo é bastante justificado e faz com que a Coinbase seja uma ação bastante atraente para ter em carteira. Dito isso, os investidores não pode menosprezar os riscos associados ao investimento em criptomoedas.
O maior de todos é a extrema volatilidade. A receita da Coinbase depende quase que exclusivamente do desempenho do bitcoin e ethereum, ativos sujeitos a ciclos repentinos de ascensão e queda. O bitcoin já sofreu dois crashes de mais de 80% em sua breve história. Outro evento do tipo afetará a lucratividade da Coinbase, que gera a maior parte da sua receita de taxas de negociação.
Por essas razões, a Coinbase não pôde fornecer qualquer projeção de lucro ou receita para o resto do ano em seu prospecto de listagem, dizendo que o mercado de criptomoedas tem tido ciclos de preço bem definidos que podem durar pelo menos de dois a quatro anos e, por isso, seus objetivos são traçados de acordo com esses períodos, em vez de trimestres individuais.
Outro risco é a concorrência, que alguns analistas dizem estar prestes a surgir, o que pode pressionar as taxas de negociação. A empresa de pesquisa de mercado New Constructs elaborou um relatório na semana passada dizendo que a concorrência de empresas como Kraken, Gemini e Binance corroerá a receita da Coinbase com essas taxas. Se isso acontecer, segundo sua análise, a Coinbase deve ser avaliada em US$ 18,9 bilhões, ou 81% abaixo da sua capitalização de mercado esperada.
“Com o amadurecimento do mercado de criptomoedas, inevitavelmente mais empresas irão atrás das altas margens da Coinbase, e sua posição competitiva deverá se deteriorar”, escreveu New Constructs em uma nota citada pela CNBC.com Os concorrentes “provavelmente oferecerão taxas de negociação mais baixas ou zeradas como uma estratégia para aumentar seu market share”.
A regulação mundial é outra área que pode impactar o modelo de negócios da Coinbase e afetar o preço das suas ações. Em sua audiência de confirmação em janeiro, a Secretária de Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse aos parlamentares que muitas criptomoedas são usadas “principalmente para fins ilícitos, e acredito que realmente precisamos examinar formas de restringir esse isso”.
Seu depoimento escrito, entretanto, afirma que o governo precisa “observar de perto como incentivar seu uso para atividades legítimas”, mas é bem possível que os governos ao redor do mundo aprovem novas leis para regular as criptomoedas.
Conclusão
A Coinbase atrai muitos investidores que desejam ter alguma exposição a criptomoedas em seu portfólio. Mas os investidores devem estar preparados para uma jornada difícil, em razão da natureza volátil desse mercado.