A curva de juros nominais do Tesouro Americano vem apresentando um movimento de queda gradual ao longo dos anos. Não só a taxa nominal está em um patamar historicamente baixo (atualmente, um título 10 anos remunera em torno de 1,25% a.a.), mas também nos deparamos com uma taxa de juro real negativa. No cenário local, também nota-se tendência de queda. Mesmo considerando o atual ciclo de alta promovido pelo Banco Central, é improvável que a taxa Selic venha a superar 7,5% a 8% ao ano, nível muito aquém dos valores observados historicamente.
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Em carteiras globais, a baixa taxa de juros é o pano de fundo que favoreceu a valorização das principais classes de ativos nas últimas décadas, reduzindo retornos esperados adiante. Quando simulamos uma carteira composta apenas por ativos líquidos, por exemplo, investindo 60% no S&P 500 (Bolsa americana) e 40% em juro real americano, o retorno real resultante esperado em dólares fica em torno 2,5% ao ano, abaixo da necessidade atuarial de investidores institucionais e famílias. Nesse ambiente, torna-se necessário buscar opções para ampliar os retornos e e perpetuar o patrimônio.
Um componente fundamental dessa busca são os ativos reais no universo de Private Equity (participações em empresas de capital fechado) e Real Estate (ativos imobiliários), que apresentam retornos elevados quando comparados às demais classes de ativos. Dados coletados pela National Association of College and University Business Officers, sobre fundos de pensão das universidades nos Estados Unidos, mostram que as carteiras que possuem maior percentual de ativos reais apresentam retorno anualizado maior do que as carteiras com menor participação. Os fundos de pensão com patrimônio abaixo de 25 milhões de dólares e com alocação de 5% em ativos reais registraram retorno anualizado médio de 5,8%, enquanto os fundos com patrimônio acima de 1 bilhão de dólares e alocação próxima de 35% em ativos reais apresentaram retorno anualizado de 7,5%. No caso brasileiro, de acordo com estudo da gestora Spectra, elaborado em conjunto com o Insper e ABVCAP, o retorno da classe de Private Equity no Brasil foi o dobro do retorno do Ibovespa, apresentando um PME médio de 2.
Além disso, com a ampla disponibilidade de capital nos mercados privados, parcela relevante da criação de valor ao longo do tempo tende a ocorrer antes da listagem em bolsa, sobretudo em setores de crescimento rápido e ampla inovação, como tecnologia e ciências da vida (life sciences).
Em contrapartida, investimentos em ativos privados apresentam menor liquidez e o acesso às oportunidades é mais difícil. Além disso, o percentual alocado em ativos reais não é o único atributo que determina a performance dos portfólios, pois neste universo há maior dispersão de retornos entre os melhores e piores gestores. Segundo a base de dados publicada pela Cambridge Associates, o primeiro quartil dos gestores internacionais de private equity apresenta um retorno adicional, em dólares, de 5,46% a.a. acima da média dos gestores. O mesmo ocorre com os gestores brasileiros, mas em proporções maiores: a diferença entre a TIR média em reais do primeiro e do terceiro quartiis é de 30%a.a.
É por isso que se faz tão importante contar com o apoio de um gestor de patrimônio com conexões e expertise, que possa estruturar um bom programa de investimentos em ativos privados, com foco de longo prazo, diversificado nas várias estratégias e safras, e com acesso a bons gestores de Private Equity e Real Estate. Muitas vezes a solução passa por veículos coletivos que possibilitam, de forma democrática, que um investidor individual tenha acesso a oportunidades que jamais conseguiria obter sozinho.
Investir em ativos privados é uma jornada que demanda disciplina e paciência, mas que também propicia retornos elevados, que ao longo do tempo se mostram fundamentais para garantir proteção contra a inflação e para preservação de patrimônio.