Nada de isolamento
Estamos confinados em nossas residências. Somos obrigados, muitas vezes, a lidar com vizinhos sem noção e crianças muito felizes em alguns momentos, mas vai passar.
Quem anda livre, leve e solto é o índice Nasdaq — composto pelas maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos, como Facebook (FB) (FB), Amazon (AMZN), Apple (AAPL), Netflix (NFLX) e Google (GOOGL) — o quinteto FAANG.
Na sessão de ontem, o índice subiu 0,29 por cento, encerrando o dia aos 9.953,75 pontos, mas durante o dia houve um flerte com a casa dos 10.000 pontos.
O índice destoou dos demais termômetros do mercado de ações nos Estados Unidos, que encerraram a sessão em queda — o S&P 500 retrocedeu -0,78 por cento e o Dow Jones caiu -1,09 por cento.
O momento é de folia para Ações de tecnologia — um verdadeiro carnaval ao estilo FAANG.
Desde o ponto mais crítico da crise, no final de março, o Nasdaq apresentou uma recuperação digna de aplausos — no ano já acumula alta de quase 10 por cento. Crise? Por aqui não.
Vale ressaltar, entretanto, que a forte melhora nos preços das ações de tecnologia deu-se quando do início do programa de ajuda à economia e aos mercados financeiros do Federal Reserve (Banco Central Norte Americano) — destacado no gráfico acima —, que despejou trilhões de dólares no mercado por meio da compra de títulos de dívida e até mesmo ETFs.
Céu de brigadeiro
Mesmo os outros índices de ações norte-americanos mostram “apenas” uma leve queda no acumulado do ano — S&P 500 perdeu -0,73 por cento e o Dow Jones desvalorizou -4,4% por cento. Parece que o mercado financeiro — Wall Street — vive uma realidade diametralmente oposta à economia real — Main Street.
Considerando este ano como “perdido” do ponto de vista de resultados aos acionistas — mesmo para as empresas de tecnologia —, busquei informações sobre a expectativa de lucros para o quinteto FAANG, a fim de me certificar que o carnaval não está fora de época.
Olhando o múltiplo P/E (Price/Earnings — ou Preço/Lucro para os tupiniquins) estimado para 2021, constatei o seguinte: o Facebook negocia a 24x lucros; a Amazon, a 70x; a Apple está em 23x; a Netflix, a 50x e o Google está em 27x.
Obviamente tratam-se de empresas de tecnologia que, por definição, merecem um prêmio em relação à média de mercado — o crescimento esperado de receitas e lucros para essas companhias é superior ao apurado pelas empresas “normais”.
O carnaval segue rolando, com investidores aceitando pagar cada vez mais caro por algumas empresas, abraçados na crença de que o crescimento tende a ser Ad infinitum.
Cabe lembrar que uma hora o êxtase do carnaval acaba e, normalmente, depois de muitos dias de folia, bate a ressaca.