por Clement Thibault
O Facebook (NASDAQ:FB), gigante das redes sociais, deverá divulgar resultados do 2º tri de 2017 nesta quarta-feira, 26 de julho, após o mercado fechar. O consenso de Wall Street indica US$ 1,15 de lucro por ação com US$ 9,1 bilhões de receitas.
Houve um tempo, apenas alguns anos atrás, em que era difícil avaliar o Facebook em um nível real de fundamentos. As ações, que começaram a ser negociadas em maio de 2012, eram relativamente novas e a empresa era também jovem, muito parecida com a Snap (NYSE:NYSE:SNAP) de hoje.
Desde então, obviamente, o Facebook cresceu e se tornou uma empresa plenamente constituída, um gigante, de fato; emprega 18.000 pessoas, gera mais de US$ 30 bilhões de receitas anuais e está valorizada em meio trilhão de dólares.
Agora que o Facebook amadureceu, é muito fácil avaliar utilizando métricas tradicionais. Significativamente, embora o encaixe seja perfeito no nicho de redes sociais, o Facebook escolheu monetizar seus serviços cobrando dos anunciantes pelo espaço na rede. Isso significa que, atualmente, a maior parte da renda do Facebook é derivada de sua habilidade de exibir os anúncios corretos para o público-alvo correto. Como uma empresa de publicidade on-line, aqui estão oito fundamentos importantes que observaremos quando o Facebook divulgar seus números:
1. Crescimento dos Usuários
Para serviços baseados em assinaturas, o crescimento dos usuários é a métrica mais importante a se considerar. No entanto, ao contrário de empresas como a Netflix (NASDAQ:NFLX), a maior parte das redes sociais são gratuitas e não há custos para participar delas. Logo, o número de usuários determina quantos espectadores potenciais poderá haver para quaisquer anúncios exibidos e, portanto, quanto de receita cada posicionamento poderia trazer.
O Facebook recentemente atingiu uma nova marca, de 2 bilhões de usuários mensais, e no último trimestre seu número de usuários cresceu 17% em comparação ao ano anterior. A maior parte do crescimento veio da região do Pacífico Asiático, em que o número de usuários cresceu 26% durante o último ano.
Talvez uma das medidas mais estimulantes a respeito dos usuários é a habilidade do Facebook "viciar" seu público na plataforma, tornando usuários mensais em usuários diários, mesmo que os números gerais continuem a crescer. Três anos atrás, 63% de 1,27 bilhão de usuários do Facebook eram usuários diários. Hoje, 66% de 2 bilhões de usuários do Facebook são usuários diários. O Facebook não está apenas acrescentando usuários; os números mostram que está também melhorando o apelo diário da plataforma, o que poderia ser um fator decisivo quando o crescimento do número de novos usuários desacelerar.
2. Crescimento das receitas
O Facebook está no caminho certo desde sua entrada na bolsa. O que começou com US$ 731 milhões de receitais trimestrais se tornou, em cinco anos, um mamute de US$ 8 bilhões de receitas trimestrais, com taxa anual composta de crescimento (CAGR, na sigla em inglês) de 49%, uma taxa mantida no último relatório do Facebook, quando cresceu 49% a partir do 1º tri de 2016.
Durante os últimos trimestres, o Facebook indicou que espera que sua taxa de crescimento desacelere, uma vez que o carregamento de anúncios está próximo de ser maximizado. Contudo, mercados ainda aguardam que as receitas do Facebook cresçam mais de 40% no próximo trimestre.
3. Crescimento dos lucros por ação
Embora o crescimento das receitas tenha sido parte do DNA do Facebook desde o início, os lucros (lucro líquido e lucros por ação) são algo relativamente novo para a empresa, datando apenas de dezembro de 2015. Saindo do vermelho para situação de pouco lucrativa (em 2012) para a lucratividade robusta é um passo crítico no êxito de qualquer empresa. Basta olhar para as constantes lutas do Twitter (NYSE:TWTR) como um exemplo de dificuldade inerente.
O Facebook está no caminho certo do crescimento. Sua CAGR tem sido magnífica desde que a empresa começou a se esforçar há cerca de dois anos para aumentar seriamente os lucros: 84% nos últimos dois anos, de US$ 896 milhões em lucro líquido para US$ 3 bilhões. Hoje, os ganhos nos lucros por ação do Facebook com base nos últimos doze meses são de US$ 4,1, ao passo que há dois anos dificilmente chegavam a US$ 1.
4. Margens
Esta é outra área na qual o Facebook se destaca, particularmente ao se comparar com os concorrentes. Os concorrentes diretos incluem Twitter e Snapchat. Contudo, uma vez que nenhuma das empresas é lucrativa e a Snap apenas recentemente passou a ser negociada em bolsa, não podemos comparar de forma significativa as margens e o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês).
Uma relação mais apropriada, uma vez que o Facebook é uma empresa de publicidade on-line, seria comparar suas margens e ROE com a Alphabet (NASDAQ:GOOGL). O Facebook melhorou drasticamente tanto sua margem operacional quanto sua margem de lucro durante os últimos dois anos, indo de 30% e 18% para 45% e 38%, respectivamente. As margens operacionais da Alphabet permaneceram estáveis em 26% durante os últimos anos, junto com uma margem de lucros igualmente estável de 22%. Claramente, o Facebook consegue não apenas fazer dinheiro como também manter uma quantidade saudável.
5. ROE, ROIC e ROA médios
Outra métrica na qual o Facebook melhorou tremendamente nos últimos dois anos foi a eficiência. A Alphabet, sendo a empresa estável que ela é, tem retorno de 15% no patrimônio líquido (ROE) e no capital investido (ROIC, na sigla em inglês) e um retorno sobre ativos (ROA, na sigla em inglês) de 13%. As coisas parecem estar bem na Alphabet.
O retorno do Facebook estava em queda até setembro de 2015, quando atingiu a mínima de 8%, 8% e 7% em ROE, ROIC e ROA, respectivamente. De fato, esses não são números ruins, estão mais para a média, mas uma empresa que define o setor não pode ficar na média por muito tempo. Felizmente para investidores, o ROE, o ROIC e o ROA do Facebook estão agora em 22%, 22% e 19%, números estelares claramente obtidos a partir de sua lucratividade em expansão.
As margens do Facebook eram um montanha-russa no passado; logo, continuaremos a ficar de olho nesses números. Contudo, mesmo que seja o topo de um ciclo, esses números são incríveis; mesmo que caiam pela metade, ainda assim serão respeitáveis.
6. Dívida
Essa é fácil. Embora nós normalmente analisemos a dívida de longo prazo da empresa e médias habituais, nada disso se aplica. O Facebook tem exatamente zero de dívida em seu balanço patrimonial. O passivo total da empresa chega a US$ 6,5 bilhões e a empresa ainda tem US$ 32 bilhões em dinheiro para investimentos de curto prazo. Nada além de coisas boas para ver aqui.
7. Gestão
A gestão do Facebook é uma ilha de estabilidade dentro do mundo de tecnologia de mudanças rápidas. Mark Zuckerberg fundou a empresa enquanto era estudante de Harvard em 2004 e está no comando da empresa desde então. Em 2008, Sheryl Sandberg foi contratada como diretora de operações, COO. Sua experiência ajudou a transformar a empresa em um negócio real e lucrativo.
Um benefício adicional: a gestão raramente é destaque na imprensa, a não ser quando há rumores de que Zuckerberg estaria se preparando para se candidatar à presidência dos EUA. Deixando conjecturas sem fundamento de lado, a gestão executa uma operação estreita e sem falhas executando planos de curto e longo prazo.
8. Valor bom?
Todos os sinais até o momento indicam que o Facebook é uma empresa fundamentalmente sólida. Não apenas isso, é também uma das empresas com melhor crescimento por aí. No entanto, qualquer empresa negociada publicamente está com valor bom quando está com o preço correto.
Com uma proporção de preço/lucro de 41, alguns consideram os papéis do Facebook um pouco caros. Outras métricas como preço/fluxo de caixa livre em 37, comparado com 25 da Alphabet, e preço/valor contábil do Facebook em 7,6, comparado com 4,7 da Alphabet, indicam que as ações nesse momento estão relativamente caras.
Conclusão
Não há como contestar o fato de que o Facebook é uma grande empresa. E continuará a ser mesmo que o relatório de hoje mostre que o crescimento começou a desacelerar um pouco no último trimestre. Você pode esperar uma CAGR de 49% por um número limitado de anos. Está tudo bem para nós que o Facebook atenue um pouco o crescimento.
A empresa também tem um balanço patrimonial estelar e uma gestão competente. Não há dúvida em nossas mentes de que o Facebook ainda estará prosperando nos próximos anos e, provavelmente, valerá mais do que se preço atual de US$ 165 por ação.
No entanto, se nós procuramos por mais oportunidades de entrada, não é nesse nível, máxima histórica após rali de 18 dias no qual o preço das ações do Facebook subiu US$ 16, ou 11%. Como investidor, isso não deixa muito espaço para erro.
Vemos o Facebook como algo a médio prazo, comprar e manter (3 a 5 anos). Esperamos que perca alguns dos mais recentes ganhos, o que permitiria um melhor ponto de entrada em torno de US$ 150 a US$ 155.