Este artigo foi publicado originalmente em inglês no dia 17/05/2017
O mercado do petróleo recebeu um empurrão significativo nesta semana com a Arábia Saudita e a Rússia anunciando que ambos os países apoiam a ampliação dos cortes atuais na produção da Opep e grandes exportadores não-membros da organização por mais nove meses - até o fim de março de 2018. Alexander Novak, ministro russo de Petróleo, havia dito anteriormente que a Rússia estaria indecisa se os cortes na produção precisariam ser ampliados para além de junho de 2017; logo, isso reflete uma mudança significativa na posição que a Rússia tinha ainda em abril de 2017.
Agora, os dois mais importantes produtores de petróleo participantes do pacto de corte na produção parecem estar de acordo, isso dez dias antes da reunião ordinária da Opep em Viena. Parece que a extensão do acordo de cortes na produção está praticamente garantida.
As importantes questões que restam são:
1) A Arábia Saudita e a Rússia podem convencer importantes membros da Opep e não membros a concordarem em estender os cortes por mais nove meses em vez de apenas seis meses?
A maior parte dos países da Opep estarão considerando estender os cortes na produção até o primeiro trimestre de 2018. O Iraque, que não esconde seu desejo de ser dispensado dos cortes de produção, finalmente anunciou, em 11 de maio, que apoiaria estender os cortes por mais seis meses. Pode ser difícil vender ao Iraque os três meses adicionais, mas o país provavelmente aceitará.
O Irã, que se opôs ao pacto de cortes na produção da Opep em novembro até receber uma dispensa especial, deve apoiar o consenso da Opep. A exportação de petróleo bruto do Irã diminuiu em abril e deve cair ainda mais em maio.
Surpreendentemente, o Cazaquistão, país que não faz parte da Opep, surgiu como o único opositor significativo à extensão de nove meses nos cortes na produção, afirmando que apoia a extensão dos cortes a princípio, mas "não poderia se unir a este acordo (de cortes na produção) automaticamente nos mesmos termos". Isso se deve a ampliações no campo petrolífero de Kashagan. Em todo caso, o Cazaquistão não é um produtor de petróleo influente o suficiente para afetar esse pacto.
2) Países da Opep e externos à organização farão cortes adicionais?
Tem havido alguma conversa a respeito de participantes do pacto realizarem cortes ainda mais profundos quando eles se reunirem em 25 de maio em Viena. É pouco provável que a Opep desejará por em risco o consenso atual que ajudou a aumentar os preços durante a última semana. A Rússia mencionou recentemente que entre há entre três e cinco países produtores de petróleo a mais que podem se unir ao pacto atual de cortes na produção. Até agora, apenas o Turcomenistão demonstrou interesse em se unir aos cortes. Mais países participantes ajudariam o grupo.
3) Como isso afetaria a indústria de shale oil nos EUA?
Mais cortes na produção da Opep e de outros produtores de petróleo continuarão a estimular os produtores no shale nos EUA e, mais importante, aqueles que continuam a emprestar dinheiro a eles. Maior produção norte-americana exercerá mais pressão para baixo nos preços do petróleo. O relatório mais recente relatório de produtividade de shale oil da Agência de Informação de Energia mostrou que a produção continuará a crescer em junho. Entretanto, há sinais de que o crescimento de shale oil não permanecerá o mesmo ritmo. Custos de serviços crescentes devem absorver os lucros do shale. A lucratividade varia muito no shale, até dentro do mesmo campo, e há motivos para suspeitar de que as reivindicações de lucratividade de algumas operações de fraturamento hidráulico são exageradamente baixas. O shale oil continuará a crescer, mas talvez não na mesma taxa vista durante os últimos meses.
4) Como a instabilidade política e a turbulência econômica na Venezuela entram no pacto de cortes na produção?
Ainda há alguns meses, a produção venezuelana de petróleo estava em 1,9 milhão de barris por dia. Com problemas nacionais prolongados, a Venezuela encontra dificuldade em manter a produção. Se os problemas de produção na Venezuela se agravarem ou a produção parar completamente, isso poderia diminuir os incentivos para os participantes do pacto continuarem a manter seus próprios cortes. Por outro lado, se os participantes do pacto continuarem a suportar os cortes definidos em acordo e a produção da Venezuela cair devido à instabilidade, o impacto no excesso global de fornecimento seria significativo e os preços subiriam adequadamente.
Apesar dos eventos na Venezuela, não parece que a instabilidade no país esteja precificada no mercado de petróleo. Se a instabilidade continuar, o mercado tomará conhecimento e o preço subirá.