Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Colapso em abril e maio
- Consolidação e recuperação
- Um movimento perto de pontos intermediários
- Três fatores dão suporte às criptos no início de setembro
- Máximas ascendentes até o fim de 2021
Nos últimos anos, o emergente mercado de criptomoedas não poupou os investidores de movimentos voláteis e intensos. A ascensão do bitcoin na última década deu novo sentido à expressão “bull market”, ou mercado de alta. O ethereum, vice-líder entre as criptomoedas, também registrou fortes disparadas.
As criptomoedas refletem uma filosofia libertária que devolve aos indivíduos o poder do dinheiro sob controle de governos, bancos centrais, autoridades monetárias e instituições financeiras privadas e supranacionais. Os preços são resultado apenas das ofertas de compra e venda no mercado.
Detratores dizem que elas não têm valor intrínseco e permitem usos nefastos. Mas as críticas de opositores provavelmente vêm do desejo de manter o status quo. Afinal, o poder governamental deriva do controle do orçamento. A capacidade de expandir ou contrair a oferta monetária é crucial para o exercício do poder.
As criptomoedas são resultado lógico e racional do progresso tecnológico. A tecnologia blockchain é a espinha dorsal da fintech, ao aumentar a velocidade e a eficiência das transações e fornecer uma cadeia ou registro de propriedade.
As criptos refletem a tendência em direção ao globalismo, ao transcender fronteiras nacionais e constituírem instrumentos fungíveis. As moedas fiduciárias estão respaldadas na fé pública e no crédito dos países que a emitem. Os valores das criptomoedas advêm unicamente dos participantes do mercado que estabelecem os preços. Embora a política monetária dos governos possa impactar os valores das moedas fiduciárias, não exercem qualquer influência no criptouniverso.
A recente ação dos preços parece indicar que veremos novas máximas no bitcoin e ethereum nas próximas semanas e meses. A capitalização de mercado de toda a classe de ativos pode estar em direção a um novo pico no fim de 2021.
Colapso em abril e maio
O Bitcoin futuro registrou máxima recorde a US$65.520 em 14 de abril, dia em que a corretora de criptomoedas Coinbase Global (NASDAQ:COIN) abril seu capital na Nasdaq. As novas máximas nas criptomoedas foram motivadas por eventos nos últimos anos.
Quando as criptos iniciaram no mercado futuro no fim de 2017, a moeda líder atingiu o nível de US$20.000 pela primeira vez. Como a COIN é uma plataforma de negociação que aumenta a liquidez e a execução, a listagem fez o preço atingir a máxima mais recente.
Fonte de todos os gráficos: CQG
O gráfico semanal destaca a correção do bitcoin até a mínima de US$28.800 durante a semana de 21 de junho.
Enquanto isso, a vice-líder das criptos levou mais tempo para atingir sua máxima. Mas, assim como o bitcoin, atingiu sua mínima no fim de junho.
O gráfico semanal mostra que o ethereum futuro tocou a máxima de US$4.406,50 em meados de maio e a mínima de US$1697,75 durante a semana de 21 de junho.
Tanto o bitcoin como o ethereumperderam mais da metade do seu valor, quando seus ralis parabólicos se tornaram facas afiadas em queda.
Consolidação e recuperação
De maio ao início de agosto, o bitcoin se consolidou e digeriu a intensa ação dos preços, com sua cotação abaixo do nível de US$40.000 na maior parte do tempo.
O gráfico diário ilustra a consolidação com viés baixista até o fim de julho.
A consolidação do ethereum foi mais curta, com o preço abaixo do nível de US$2440 até o fim de julho.
Um movimento perto de pontos intermediários
Nas últimas semanas, ambas as criptos se recuperaram. O ponto médio das faixas de negociação do bitcoin e ethereum desde as máximas de abril e maio são US$47.160 e $3.052,125, respectivamente. No fim da semana passada, o bitcoin era negociado no nível de US$48.000, com o ethereum a US$3.220. Bitcoin e ethereum registraram movimentos de retração de 50%.
Enquanto isso, o bitcoin superou o nível de US$50.000 em 23 de agosto pela primeira vez desde meados de maio. O ethereum ultrapassou US$3.000 pela primeira vez desde 17 de maio, em 9 de agosto, tocando nova máxima a quase US$3.390 em 23 de agosto.
Três fatores dão suporte às criptos no início de setembro
Com a capitalização de mercado das criptomoedas de volta à casa dos US$2 trilhões no fim da semana passada, os compradores voltaram ao controle. Três fatores continuam favorecendo a alta do bitcoin, ethereum e muitas outras das mais de 11,460 moedas digitais negociadas no mercado.
- Pressões inflacionárias continuam aumentando devido à política de afrouxo monetário do Fed e estímulo fiscal do governo dos EUA. Mesmo que o banco central americano comece a reduzir seu programa de flexibilização quantitativa, o governo do país está em vista de aprovar mais trilhões de gastos com infraestrutura e outras medidas. A alta dos preços em todas as classes de ativos beneficia as criptomoedas.
- A confiança nas moedas fiduciárias continua se deteriorando. As pessoas continuam perdendo a fé nas autoridades governamentais. O governador do Estado de Nova York recentemente abdicou do cargo em desgraça. O governador da Califórnia enfrenta uma eleição de cassação de mandato em meados de setembro. As pesquisas mostram uma queda no apoio ao governo Biden após uma série de reveses políticos. As criptomoedas abraçam a ideologia libertária de devolve o controle da oferta monetária aos indivíduos, em detrimento dos governos. À medida que confiança no dólar, euro e outras moedas de reserva cai, as criptomoedas se tornam uma alternativa.
- A saída dos EUA do Afeganistão não foi nada menos que um desastre. Foram necessários 20 anos, trilhões de dólares, quatro presidentes e muitas vidas para substituir o Talibã pelo próprio Talibã. Dezenas de milhares de pessoas, ou mais, estão tentando fugir do brutal regime, com prazo final para esta semana, 31 de agosto. Muitos estão saindo apenas com a roupa do corpo. Quem tem sorte de ter suas economias em criptomoedas pode transportar seu patrimônio em um pendrive ou acessá-lo no exterior com uma senha segura. As criptomoedas transcendem fronteiras e se tornaram um instrumento crucial para quem deseja fugir de conflitos.
O colapso do Afeganistão e o retorno do Talibã é uma derrota para os EUA e os aliados da Otan. As vidas de quem ficou para trás estão em perigo. As ramificações da política externa são consideráveis e podem potencializar movimentos da China e Rússia. Os planos da China são reunificar Taiwan, que o país considera como parte do território soberano chinês. A Rússia pode usar a política externa norte-americana e aparente fraqueza militar como razão para aumentar sua esfera de influência na Ucrânia e outros países do bloco soviético.
Regimes hostis na Coreia do Norte e Irã podem usar a situação para provocar os EUA e aliados nos próximos anos. Além disso, o Afeganistão se tornou novamente uma área onde podem florescer grupos terroristas. Na semana passada, um ataque terrorista matou uma dezena de tropas americanas e diversos civis.
Quem teme a mudança política e invasões violentas em suas terras natais devem observar as criptomoedas como uma forma de se proteger e transportar seu patrimônio em termos de convulsão.
Máximas ascendentes até o fim de 2021
Minha expectativa é ver máximas ascendentes no bitcoin, ethereum e outras criptomoedas até o fim de 2021. No entanto, existem riscos nessa volátil classe de ativos.
Em uma conferência sobre segurança cibernética com empresas de tecnologia e instituições financeiras dos EUA, em 25 de agosto, na Casa Branca, os CEOs participantes pediram que o presidente fosse mais rigoroso com as criptomoedas. As criptos têm sido o instrumento monetário favorito de hackers e de quem exige resgates.
Enquanto isso, a função das moedas digitais como capital de fuga em um mundo perigoso pode frustrar quaisquer esforços para controlar a classe global de ativos. Acredito que o capital de fuga é uma das maiores razões para que pessoas de todo o mundo tenham pelo menos parte do seu patrimônio em tokens digitais.