O impacto da invasão da Rússia na Ucrânia e as duras sanções econômicas impostas a Moscou pelos EUA e seus aliados da Europa Ocidental tornaram-se o principal vetor do sentimento dos mercados nas últimas sessões. As ações globais sofreram forte liquidação, enquanto os preços das commodities dispararam até novas máximas, com os investidores reagindo ao temor dos distúrbios causados à oferta de uma grande variedade de matérias-primas.
A Rússia é uma das principais produtoras de diversas commodities, como petróleo, gás natural, paládio, alumínio, trigo, além de potássio e nitrogênio. Também é uma das maiores exportadoras mundiais de energia, metais e grãos.
De fato, o fundo Invesco DB Commodity Index Tracking (NYSE:DBC), um dos principais ETFs do setor, disparou cerca de 35% até agora no ano, atingindo seu melhor nível desde novembro de 2013. O S&P 500, por sua vez, subiu apenas 12,5% no mesmo período.
Destacamos abaixo três empresas produtoras de matérias-primas nas quais vale muito a pena ficar de olho, principalmente para investidores que desejam ajustar suas carteiras em meio ao rali nos preços das commodities devido a preocupações com um possível conflito prolongado no leste europeu.
1. The Mosaic Company
- Índice P/L: 14.2
- Capitalização de Mercado US$21,4 bilhões
- Desempenho no acumulado do ano: +48,1%
A Mosaic Company (NYSE:MOS) é a maior fabricante de fertilizantes de potássio e fosfato dos EUA e uma das principais distribuidoras mundiais desses produtos. A empresa se destacou nos últimos meses, graças a uma poderosa combinação de crescimento do agronegócio e disparada nos preços das commodities agrícolas.
A MOS galgou seu melhor patamar de preço desde setembro de 2011, a US$64,71 na segunda-feira, antes de recuar e fechar o pregão de terça-feira cotada a US$58,19. Nos níveis atuais, a gigante dos fertilizantes sediada em Tampa, Flórida, possui uma capitalização de mercado de US$21,4 bilhões.
As ações da Mosaic são negociadas a um razoável índice P/L de 14,2 e dispararam impressionantes 48,1% em 2022, em meio à robusta demanda mundial por fertilizantes, em vista do rali nos preços globais das commodities.
A Rússia, que produz mais de 50 milhões de toneladas por ano de fertilizantes de potássio e fosfato, ou 13% da oferta mundial, é a segunda maior produtora mundial de fertilizantes, atrás apenas do Canadá. O país alertou, na semana passada, que poderia suspender as exportações de fertilizantes, devido às tensões entre Moscou e as potências ocidentais por causa da operação militar empreendida por Vladimir Putin na Ucrânia.
Dessa forma, o banimento das exportações russas eliminaria uma grande parcela da oferta mundial nesse mercado, obrigando as superpotências agrícolas do mundo que dependem da importação de fertilizantes a buscar novos fornecedores.
Em vista disso, as ações da MOS podem registrar uma alta de cerca de 35% nos próximos 12 meses, de acordo com o modelo do InvestingPro, fazendo-a se aproximar do seu valor justo de US$78,77 por ação.
Fonte: InvestingPro
Menções honrosas: Nutrien (NYSE:NTR), Corteva (NYSE:CTVA), CF Industries (NYSE:CF)
2. Vale (SA:VALE3)
- Índice P/L: 5,6
- Capitalização de Mercado US$96,1 bilhões
- Desempenho no acumulado do ano: +41,3%
A Vale (NYSE:VALE) é a maior produtora mundial de níquel e minério de ferro. A mineradora também produz manganês, cobre, bauxita, potássio e cobalto, além de operar uma grande rede de ferrovias, navios e portos usados para transportar seus produtos.
As ações dessa empresa brasileira sediada no Rio de Janeiro dispararam neste ano, saltando quase 41% até agora em 2022, já que a alta dos metais comuns melhorou o sentimento dos investidores por essa produtora de matérias-primas.
As ações da VALE, que atingiram o pico de sete meses de US$20,95 no pregão de segunda-feira, fecharam ontem a US$19,82 em Nova York. A ação é negociada a um índice P/L relativamente baixo de 5,6. Com uma capitalização de mercado de US$96,1 bilhões, a Vale é uma das empresas mais valiosas da América Latina.
A Vale vem colhendo os benefícios da enorme disparada dos preços do níquel, além de uma grande variedade de outros metais industriais.
O contrato futuro do níquel negociado em Londres superou, pela primeira vez em sua história, a marca de US$100.000 nesta semana, em meio a uma violenta cobertura de posições vendidas por preocupação com a oferta na Rússia, terceiro maior país produtor do metal, responsável por 10% da oferta mundial.
A alta foi tão intensa que a Bolsa de Metais de Londres foi obrigada a interromper a negociação do metal.
O níquel é usado sobretudo no setor automotivo e de construção para fabricação de aço inoxidável, mas sua demanda disparou nos últimos anos por causa do seu uso em baterias de veículos elétricos.
Como maior produtora de níquel do mundo, a Vale está bem posicionada para lucrar com a elevação das tensões entre EUA/Otan e a Rússia em torno da crise ucraniana.
De fato, os modelos quantitativos do InvestingPro indicam um potencial de alta de quase 60% nas ações da VALE em relação aos níveis atuais, nos próximos 12 meses, até o valor justo de US$31,72.
Fonte: InvestingPro
Menções honrosas: BHP Group (NYSE:BHP) (SA:BHPG34), Rio Tinto (NYSE:RIO) (SA:RIOT34), Teck Resources (NYSE:TECK)
3. Bunge
- Índice P/L: 8,1
- Capitalização de Mercado US$15,1 bilhões
- Desempenho no acumulado do ano: +13,9%
Uma das maiores empresas mundiais de alimentos e agronegócio, a Bunge (NYSE:BG) adquire, transporta, processa e vende commodities e produtos do campo, como trigo, milho e soja, além de sementes de canola e girassol.
Dessa forma, o atual rali nos preços dos grãos devido à invasão de Moscou na Ucrânia deve favorecer essa gigante agrícola nos próximos meses.
O trigo futuro disparou até seu nível mais alto da história no início da semana, enquanto os preços do milho atingiram picos plurianuais em meio ao maior temor de transtornos à oferta mundial. A Rússia e a Ucrânia juntas respondem por quase 29% das exportações mundiais de trigo e 19% das exportações mundiais de milho.
Em vista da sua posição de liderança na indústria global de grãos, a Bunge, negociada a um índice P/L de apenas 8,1, parece ser uma boa opção para investidores que desejam se proteger da incerteza geopolítica nas próximas semanas.
A Bunge viu suas ações saltarem aproximadamente 14% desde o início do ano, superando em muito os retornos tanto do Dow Jones Industrial quanto do S&P 500 no mesmo período, graças ao forte desempenho dos seus serviços agrícolas e da sua unidade de sementes oleaginosas.
As ações da BG escalaram até seu nível mais alto desde junho de 2008 a US$112,61 na segunda-feira, antes de recuarem e fecharem o pregão de terça cotadas a US$106,31. Nos níveis atuais, o valor de mercado dessa processadora de grãos e sementes oleaginosas de St. Louis, Missouri, é de US$15,1 bilhões.
De acordo com os modelos do InvestingPro, a BG está subvalorizada no momento e pode registrar uma alta de 29% nos próximos 12 meses, fazendo a ação atingir seu valor justo de US$137,10 por ação.
Fonte: InvestingPro
Menções honrosas: Archer-Daniels-Midland (NYSE:ADM), Adecoagro (NYSE:AGRO), CHS (NASDAQ:CHSCL).