A temporada de resultados do quarto trimestre começa nesta semana em Wall Street, com o JPMorgan Chase (NYSE:JPM) (SA:JPMC34), Citigroup (NYSE:C) (SA:CTGP34) e Wells Fargo (NYSE:WFC) (SA:WFCO34) divulgando seus últimos balanços financeiros antes da abertura nos EUA na sexta-feira, 15 de janeiro.
Dados da FactSet mostram que os analistas esperam que os resultados do S&P 500 para o 4º tri caia 8,8% ante mesmo período do ano passado, principalmente devido ao impacto negativo da pandemia de Covid-19.
Se confirmado, o último trimestre de 2020 registrará o terceiro maior declínio anualizado nos resultados reportados pelo índice desde o terceiro trimestre de 2009, ficando atrás apenas do primeiro e segundo trimestres deste ano. Também será a sétima vez nos últimos oito trimestres em que o índice registra queda ano a ano nos resultados.
Sete setores devem reportar declínios ano a ano nos resultados, com destaque para os setores de energia, indústria e consumo discricionário. Por outro lado, quatro devem reportar crescimento anualizado, com destaque para materiais e saúde.
As expectativas de receita são levemente mais promissoras. O crescimento das vendas deve ser de 0,4% em relação ao ano passado. Se confirmado, essa será a primeira vez em que o índice registra crescimento anualizado de receita desde o 1T2020.
Seis dos onze setores devem reportar aumento anualizado de receita, com destaque para o setor de saúde. Por outro lado, cinco devem divulgar queda anualizada no crescimento das vendas, mais uma vez com destaque para os setores de energia e indústria.
Analisamos abaixo dois setores cujos resultados financeiros devem registrar queda acentuada e um setor cujos resultados devem mostrar força relativa.
Energia: Queda nos preços do petróleo deve afetar resultados
- Declínio projetado no LPA do 4T: -98,4% ano a ano
- Declínio projetado da Receita no 4T: -32,7% ano a ano
O setor de energia deve registrar sua maior queda ano a ano entre todos os onze setores, com previsão de uma impressionante queda de 98,4% segundo a FacSet no quarto trimestre em relação ao ano passado.
Como os baixos preços do petróleo estão pressionando o setor – o preço médio do barril no 4T2020 foi de US$ 41,94, 26% abaixo do preço médio do 4T2019 a US$ 56,87 – a expectativa é que haja uma queda na receita de 32,7%, a pior queda anualizada entre todos os onze setores.
Duas empresas se destacam no grupo com previsões de significativos declínios nos resultados. A Valero Energy (NYSE:VLO) (SA:VLOE34) deve registrar um prejuízo de US$ 1,22 por ação, em comparação com os resultados de US$ 2,13 por ação no mesmo período do ano passado. A segunda é a Phillips 66 (NYSE:PSX) (SA:P1SX34), que deve registrar prejuízo de US$ 0,54 por ação, em comparação com o LPA de US$ 1,54 no ano anterior.
Outro nome notável que deve sofrer reduções substanciais nos resultados do 4º tri é a Chevron (NYSE:CVX) (SA:CHVX34). A expectativa é que a empresa registre um LPA de US$ 0.07, muito abaixo do US$ 1,24 reportado no mesmo período do ano passado.
De fato, o fundo Energy Select Sector SPDR® (NYSE:XLE), que rastreia empresas americanas de energia com megacapitalização, registrou queda de 27% nos últimos 12 meses, em comparação com o ganho de quase 16% do S&P 500 no mesmo período.
Além das ações de Big Oil, como Exxon Mobil (NYSE:XOM) (SA:EXXO34) e Chevron, algumas das suas maiores participações incluem Schlumberger (NYSE:SLB) (SA:SLBG34), EOG Resources (NYSE:EOG) (SA:E1OG34), Marathon Petroleum (NYSE:MPC) (SA:M1PC34) e Kinder Morgan (NYSE:KMI) (SA:KMIC34).
Indústria: Companhias aéreas devem liderar queda anualizada
- Declínio projetado no LPA do 4T: -34,8% ano a ano
- Declínio projetado da Receita no 4T: -10,6% ano a ano
O setor industrial deve registrar a segunda maior queda nos resultados anualizados entre todos os onze setores, com -34,8%.
Das doze indústrias do setor, cinco devem registra declínios de dois dígitos nos resultados: Companhias aéreas (-347%), Conglomerados Industriais (-21%), Trading Companies e Distribuidoras (-13%), Equipamentos Elétricos (-11%) e Materiais de Construção (-10%).
O setor industrial também deve registrar o segundo maior declínio anualizado, com uma queda de 10,6%. A indústria aérea mais uma vez deve ser a maior contribuidora para o declínio anualizado da receita, com -66%, na medida em que continua lidando com o impacto negativo da contínua crise sanitária do coronavírus.
Não é de surpreender que o desempenho da indústria aérea norte-americana tenha ficado muito abaixo do mercado mais amplo nos últimos 12 meses, com o principal fundo de ações do setor, o U.S. Global Jets ETF (NYSE:JETS), caindo quase 29% ano a ano.
Entre suas principais participações, destacam-se Southwest Airlines (NYSE:LUV) (SA:S1OU34), Delta Air Lines (NYSE:DAL) (SA:DEAI34), United Airlines (NASDAQ:UAL) (SA:U1AL34) e American Airlines (NASDAQ:AAL) (SA:AALL34).
Health Care: Grandes empresas de biotecnologia e farmacêuticas devem crescer com a Covid
- Crescimento projetado do LPA no 4T: +6,6% ano a ano
- Crescimento projetado da receita no 4T: +10% ano a ano
O setor de saúde conta com ventos a favor por causa da corrida para produzir vacinas e tratamentos eficientes contra a Covid-19. A expectativa é que o setor registre o segundo maior crescimento de lucro ano a ano entre todos os onze setores. O LPA deve subir 6,6% em comparação com o ano passado.
A previsão é que cinco das seis subindústrias do setor registrem lucros maiores em base anualizada. O segmento de biotecnologia deve registrar um crescimento de dois dígitos de 15%. Outro segmento que deve ter crescimento de LPA no trimestre é o de farmacêuticas, com um aumento de lucro de quase 13% ano a ano.
O setor também deve reportar maior crescimento de receita anual entre todos os onze setores, a 10%. Cinco das seus subindústria do setor devem apresentar crescimento de receita, com destaque para os ganhos de dois dígitos no grupo de Serviços e Equipamentos para Ciências da Vida (+22%) e Biotecnologia (+20%).
O fundo Health Care Select Sector SPDR® Fund (NYSE:XLV), principal ETF do setor, está sendo negociado na máxima histórica de quase 14% nos últimos 12 meses.
O mais impressionante é que o fundo iShares Nasdaq Biotechnology (NASDAQ:IBB), que rastreia as melhores empresas farmacêuticas e de biotecnologia da Nasdaq, disparou mais de 31% no último ano.
No nível corporativo, a Moderna (NASDAQ:MRNA) e Abbott Laboratories (NYSE:ABT) (SA:ABTT34) são duas empresas para ficar de olho. A MRNA, que desenvolveu uma vacina para a Covid-19, deve registrar uma receita recorde de US$ 293,2 milhões, um crescimento de quase 2.000% em comparação com os US$ 14,1 milhões no ano passado, enquanto a ABT deve registrar receita de US$ 9,94 bilhões, superando os US$ 8,31 bilhões do ano passado.