As últimas manchetes da China dão conta de que as autoridades estão reprimindo plataformas comerciais por práticas antitrustes. Entre as empresas que estão sendo alvo da mão pesada do governo estão grandes nomes de tecnologia e prestadoras de serviços educacionais online, cujas operações cresceram durante a pandemia.
De acordo com a Time: “O Diário Popular, instrumento de propaganda do Partido Comunista, alertou que sua maior prioridade era combater supostos monopólios”. O governo também cancelou oferta inicial de ações (IPO) da gigante da tecnologia financeira Ant, afiliada ao Alibaba (NYSE:BABA) (SA:BABA34). A Administração Estatal de Regulação do Mercado multou mais de uma dezena de grandes empresas da tecnologia por violação às leis antimonopólio.
Com isso, as ações de diversas empresas chinesas mais conhecidas devolveram seus ganhos alcançados principalmente nos primeiros meses da pandemia. Vale lembrar que a Ark Invest, de Cathie Wood, também está abandonando nomes de tecnologia chineses.
No acumulado do ano, este foi o desempenho de algumas das maiores empresas de tecnologia da China:
- Alibaba: queda de 14,2%;
- Baidu (NASDAQ:BIDU (SA:BIDU34): queda de 22,9%;
- Didi Global (NYSE:DIDI): queda de 27,6% desde a abertura de capital em junho;
- New Oriental Education & Technology (NYSE:EDU): queda de 88,3%;
- Tencent (OTC:TCEHY): queda de 14,7%;
Tanto o índice Shenzhen Composto quanto o Xangai Composto acumulam queda de cerca de 5% até agora no ano. Em outras palavras, tiveram um desempenho abaixo dos benchmarks americanos no período.
Apesar desses ventos contrários e pontos de interrogação, investidores de longo prazo de ações chinesas sabem que estão comprando as perspectivas de crescimento da segunda maior economia do mundo, depois dos EUA. Métricas recentes para o primeiro semestre de 2021 destacam que “a economia cresceu 12,7%, considerando a baixa base de comparação provocada pela crise do coronavírus”. Outros dados sobre a atividade econômica chinesa mostram que o país está prestes a se recuperar dos efeitos da pandemia.
Dessa forma, é natural que muitos investidores queiram investir em ações chinesas diante dos seus valores de mercado mais baixos. Por outro lado, outros podem preferir ficar inertes até que haja mais clareza quanto aos próximos passos dos órgãos reguladores do país asiático. Dessa forma, apresentamos hoje dois fundos com cotas negociadas em bolsa (ETFs) para quem deseja assumir uma posição contra a tendência e comprar empresas com sede na China.
1. Global X MSCI China Consumer Discretionary
- Preço atual: US$30,15
- Média de 52 semanas: US$24,34-43,90
- Retorno do dividendo (Yield): 0,07%
- Taxa de administração: 0,65% por ano
Nosso primeiro fundo é o Global X MSCI China Consumer Disc (NYSE:CHIQ), que investe em empresas de médio e grande porte no setor de consumo discricionário, que abrange produtos e serviços que os consumidores desejam, mas não necessariamente precisam adquirir. À medida que cresce a classe média chinesa, essas empresas têm tudo para se beneficiar dos maiores níveis de gastos.
O CHIQ possui 83 participações e seus resultados seguem o índice MSCI China Consumer Discretionary 10/50. O fundo começou a ser negociado em novembro de 2009.
Em termos de alocação setorial, temos varejo de marketing direto e internet (32%), fabricantes automotivos (22%) e serviços educacionais (12%). Os 10 principais nomes respondem por cerca de 54% do seu patrimônio líquido de quase US$758 milhões.
Entre seus principais ativos estão os grupos de e-commerce JD.com (NASDAQ:JD) (SA:JDCO34) e Pinduoduo (NASDAQ:PDD), a plataforma de entrega de comida Meituan (OTC:MPNGY) e as fabricantes automotivas Nio (NYSE:NIO) e Byd (OTC:BYDDY).
Embora o CHIQ tenha entregado um retorno de mais de 27% nas últimas 52 semanas, acumula queda de quase 15% no ano. Os investidores de longo prazo otimistas com as empresas chinesas do setor de consumo discricionário podem realizar uma pesquisa mais aprofundada sobre o fundo. No entanto, cabe lembrar que as decisões políticas chinesas podem gerar mais volatilidade em muitos dos nomes investidos pelo ETF.
2. KraneShares MSCI All China Health Care Index
- Preço atual: US$41,17
- Média de 52 semanas: US$32,40-47,69
- Taxa de administração: 0,65% por ano
Um relatório recente publicado pela McKinsey diz que a China é a “história mais empolgante no setor de saúde do mundo neste momento”. O país gasta 5,35% do seu PIB em saúde. Para fins de comparação, esse número é de 16,89% nos EUA, 11,43% na Alemanha, 10,95% no Japão, 10,00% no Reino Unido, 5,56% na Romênia e 5,32% na Rússia.
Nosso segundo fundo é o KraneShares MSCI All China Health Care Index (NYSE:KURE), que fornece exposição ao setor de saúde da China. As empresas estão focadas no setor farmacêutico, biotecnologia, pesquisa médica, equipamentos e insumos de saúde.
O KURE possui 116 participações e segue o desempenho do índice MSCI China All Shares Health Care 10/40. O fundo começou a ser negociado em janeiro de 2018. Os 10 principais nomes respondem por cerca de 42% do seu patrimônio líquido de quase US$239 milhões.
Entre os principais nomes da sua carteira estão: WuXi Biologics (HK:2269), prestadora de serviços biológicos; Shenzhen Mindray Bio-Medical Electronics (SZ:300760), fabricante de equipamentos de diagnóstico e imagem; WuXi AppTec (SS:603259), empresa focada em pesquisa e desenvolvimento farmacêutico; e Aier Eye Hospital Group (SZ:300015).
O fundo retornou 11% no último ano e 2% até agora em 2021. Se você acredita que a crescente classe média chinesa e o envelhecimento maior da sua população podem impulsionar a carteira do KURE nos próximos trimestres, pode ser uma boa ideia aproveitar suas correções para comprar.