O presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza, direita), expôs a tensa relação com a sua vice-presidente, Victoria Villarruel (Partido Democrata de Buenos Aires, direita). Milei disse na 4ª feira (20.nov.2024) em entrevista que Villarruel não tem influência em seu governo e que sequer participa das reuniões ministeriais.
O libertário declarou que a vice-presidente está mais próxima da “casta” do que de seu governo. A “casta” é uma referência ao grupo burocrata argentino que, segundo ele, atrapalha o desenvolvimento do país. A categoria foi criticada por ele durante sua campanha eleitoral de 2023 e atualmente é um dos “inimigos” que ele diz combater. As informações são do jornal La Nación.
Em resposta às declarações, Victoria Villarruel travou a pauta do Senado desta 5ª feira (21.nov.). Na Argentina, o vice-presidente exerce também o cargo de presidente do Senado e é responsável por pautar a análise de projetos.
Segundo a mídia argentina, a vice-presidente recebeu as afirmações de Milei com surpresa e as interpretou como desnecessárias. Conselheiros do governo afirmam que tentarão desescalar o conflito institucional entre Milei e a vice.
A tensão interna no governo argentino torna as articulações no Senado incertas e o sucesso da Presidência de Milei, difícil de ser previsto. A vice-presidente é responsável por negociar com os parlamentares e buscar aprovação para projetos de Milei.
No cargo, ela conquistou a reputação de ser uma política equilibrada, angariando apoios cruciais de partidos de esquerda do Legislativo para as propostas de Milei.
O rompimento da chapa presidencial também atrapalha os planos para as eleições legislativas de 2025.
A vice-presidente era cotada para renunciar ao seu atual cargo, onde possui função simbólica no Senado, para concorrer pela sigla de Milei como senadora, conseguindo maior relevância. Uma oposição ao presidente, porém, é descartada pelo ciclo próximo a Villarruel.
O rompimento entre presidentes e vices não é novidade na Argentina. A ex-presidente Cristina Kirchner e o vice de seu 1º mandato, Julio Cobos, tornaram-se opositores durante o governo de 2007 a 2011. O ex-presidente Fernando de la Rúa foi outro que rompeu laços com o seu vice, Carlos ‘Chacho’ Álvarez, que acusou o então presidente de corrupção, o que levou a uma instabilidade no Executivo da época.
O caso mais recente de racha é entre Kirchner e Alberto Fernández, o último presidente argentino. Embora do mesmo partido, os 2 faziam parte de alas diferentes do governo.