Por Gerry Doyle e Sophie Yu
CINGAPURA/ZHUHAI (Reuters) - Os equipamentos militares chineses exibidos na maior feira do setor aéreo do país em Zhuhai ilustra as ambições do país e, em alguns casos, pode mostrar avanços em termos de capacidade, segundo especialistas.
Entre os sistemas exibidos estavam a última variante do caça furtivo chinês J-35A, seu caça furtivo maior J-20, um drone furtivo denominado CH-7 e o sistema de defesa aérea HQ-19.
Havia também uma variante de guerra eletrônica do caça naval J-15, além de dezenas de munições diferentes.
No entanto, a China não está "buscando exibir seu poder" na feira, disse o Global Times, controlado pelo Estado, em um editorial.
"Em vez disso, o objetivo é provar que tem a capacidade de salvaguardar sua soberania nacional e integridade territorial e o compromisso com o desenvolvimento baseado na paz", acrescentou.
O Aerospace CH UAV Co Ltd CH-7, que foi exibido pela primeira vez em Zhuhai em 2018, é uma aeronave intrigante, pois a versão mais recente pode ser usada para "diferentes tipos de missões marítimas", disse o Global Times em um artigo separado.
As informações de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR) que um drone furtivo pode fornecer são consideradas cruciais para a guerra moderna, especialmente para direcionar os mísseis de cruzeiro e balísticos que formam uma grande parte do arsenal da China.
"Teoricamente, essa plataforma poderia realizar a vigilância marítima das atividades da Marinha dos EUA, incluindo o rastreamento de seus porta-aviões e, potencialmente, alvejá-los com disparos indiretos", disse Malcolm Davis, analista sênior do Australian Strategic Policy Institute.
A aeronave também tem implicações para Taiwan, que a China reivindica como parte de seu território, apesar das fortes objeções do governo de Taipé.
"No radar, ele parecerá um ponto muito pequeno", disse Shu Hsiao-Huang, pesquisador do INDSR, um grupo de estudos de defesa de Taiwan. "Ele deve representar um grande desafio para a capacidade de vigilância da defesa aérea de Taiwan."
Em terra, a China exibiu o radar YLC-2E e o sistema de defesa contra mísseis balísticos HQ-19, ambos projetados para manter as ameaças inimigas fora do céu.
EMBRAER
No lado comercial da feira, a fabricante brasileira de aviões Embraer (BVMF:EMBR3) disse nesta quarta-feira que planeja se concentrar no fortalecimento de sua cadeia de suprimentos, incluindo empresas chinesas.
A Embraer é a terceira maior fabricante de aviões do mundo e se concentra em aeronaves regionais e executivas de corredor único de até 150 assentos, situando-se logo abaixo das famílias A320 e 737 mais vendidas da Airbus (EPA:AIR) e da Boeing (NYSE:BA) e rivalizando com o Airbus A220.
Em Zhuhai, o diretor comercial da Embraer, Martyn Holmes, disse que o presidente da China, Xi Jinping, visitará em breve o Brasil, onde a cúpula do G20 será realizada este mês.
"Acho que é um momento empolgante para nós termos essa conversa (sobre a cadeia de suprimentos) com os fornecedores chineses e ver como evoluímos", disse Holmes.
(Reportagem de Gerry Doyle e Sophie Yu; Reportagem adicional de Yimou Lee, em Taipé)