Por Olena Harmash e Max Hunder
KIEV (Reuters) - A Rússia lançou uma série de mísseis contra cidades ucranianas em um raro ataque diurno, nesta segunda-feira, matando pelo menos 36 pessoas em todo o país e atingindo um importante hospital infantil em Kiev, em um dos ataques mais letais em meses, disseram autoridades.
O presidente Volodymyr Zelenskiy afirmou que as forças russas dispararam cerca de 40 mísseis que atingiram diferentes cidades e danificaram infraestrutura, prédios comerciais e residenciais em diferentes cidades ucranianas.
Vinte e uma pessoas morreram em Kiev e outras 65 ficaram feridas na principal saraivada de mísseis e em outro ataque ocorrido duas horas depois, disseram os serviços de emergência. Os destroços dos últimos mísseis atingiram outro hospital de Kiev, matando sete pessoas, acrescentaram.
Em Kryviy Rih, 11 pessoas foram mortas e mais de 47 ficaram feridas, segundo os serviços de emergência.
Outras três pessoas morreram em Pokrovsk, no leste da Ucrânia, quando mísseis atingiram uma instalação industrial, disse o governador regional de Donestk. Uma pessoa também foi morta na cidade de Dnipro, de acordo com autoridades.
"Todos os serviços estão envolvidos para salvar o maior número possível de pessoas", afirmou Zelenskiy no aplicativo de mensagens Telegram. "E o mundo inteiro deve usar toda a sua determinação para finalmente pôr um fim aos ataques russos."
O Ministério da Defesa russo disse que suas forças realizaram ataques contra alvos do setor de defesa e bases de aviação na Ucrânia.
A Rússia tem negado repetidamente que esteja alvejando civis.
Zelenskiy disse que a Ucrânia irá retaliar e apelou aos aliados ocidentais de Kiev para darem uma resposta firme ao ataque.
"Vamos retaliar contra essas pessoas, daremos uma resposta poderosa da nossa parte à Rússia, com certeza. A questão para os nossos parceiros é: eles podem responder?", afirmou Zelenskiy, que está em visita à Polônia, durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro Donald Tusk.
O grande ataque à Ucrânia ocorreu no momento em que o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, se reunia com o presidente chinês, Xi Jinping, para discutir um possível acordo de paz na Ucrânia, fazendo uma visita inesperada a Pequim.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, disse que o ataque à capital foi um dos mais pesados desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022.
Ele contou que o principal hospital infantil da cidade foi danificado no ataque. Janelas foram quebradas e painéis foram arrancados. Pais com bebês nos braços saíram para a rua, atordoados e soluçando.
"Ouvimos uma explosão e, em seguida, fomos inundados por destroços", disse Svitlaka Kravchenko, de 33 anos, à Reuters, depois que ela e o marido, Viktor, saíram do abrigo.
O bebê deles de dois meses saiu ileso, mas Svitlana sofreu cortes e seu carro estava totalmente enterrado sob os escombros do prédio destruído, do outro lado do pátio da ala principal.
"Foi assustador. Eu não conseguia respirar, estava tentando cobrir (meu bebê). Eu estava tentando cobri-lo com um pano para que ele pudesse respirar", disse ela.
(Reportagem adicional de Anastasiia Malensko e Yuliia Dysa)