Por Alberto Alerigi
SÃO PAULO (Reuters) - A indústria siderúrgica do Brasil produziu em outubro 3,08 milhões de toneladas de aço bruto, segundo maior volume do ano, em meio a um avanço no consumo interno, recuo de importações e aumento das vendas externas, segundo dados divulgados pela entidade que reúne as usinas, Aço Brasil.
O volume produzido no mês passado ficou praticamente empatado com as 3,09 milhões de toneladas de julho, marcando crescimento de 6,6% ante setembro e avanço de 16% sobre o desempenho de um ano antes, quando o setor fazia forte campanha para o governo federal lançar medidas de defesa comercial contra importações de aço, algo que entrou em vigor no final de junho.
O movimento desta vez foi puxado pelo segmento de aços planos, que registrou incremento de 21,5% no volume produzido em outubro sobre um ano antes, enquanto o segmento de longos, que havia puxado o crescimento de setembro, teve alta de 9,9%.
As vendas internas cresceram 1,5% ante setembro e 16,7% sobre outubro de 2023, para 1,93 milhão de toneladas, com bons desempenhos em laminados planos e longos.
Enquanto isso, as importações somaram 598 mil toneladas, uma queda de mensal de 9,2%, em meio a um cenário macro que torna mais difícil a comercialização no país. Mas ante outubro do ano passado, as compras de aço produzido fora do Brasil dispararam 41,3%, acumulando no ano expansão de 25,8% -- 5,23 milhões de toneladas -- e incentivando o setor a cobrar do governo intensificação das barreiras comerciais.
A taxa de penetração das importações em outubro foi de 20,1%, ante 17,8% no mesmo mês de 2023, e no acumulado do ano de 18,9%, nível considerado elevado pelo setor, segundo os dados da entidade. Segundo o Aço Brasil, 62% do volume importado pelo Brasil no mês passado veio da China.
No início do mês, o presidente-executivo da Gerdau (BVMF:GGBR4), uma das principais integrantes do Aço Brasil, Gustavo Werneck, defendeu que o Brasil tem que intensificar as medidas de defesa comercial após a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Segundo Werneck, o Brasil tem que encerrar a cota 30% maior que a média histórica de importação de aço sem tarifa adicional, cobrar "pelo menos 35%" de sobretaxa sobre aço chinês e incluir todos os produtos siderúrgicos brasileiros nas medidas de proteção -- e não apenas os 15 que foram alvo de ações do governo federal neste ano.
Com as vendas internas em alta e as importações em baixa no comparativo mensal, o consumo interno de aço no Brasil em outubro somou 2,4 milhões de toneladas, avanço de 1,1% ante setembro e salto de 20% sobre um ano antes, segundo os dados do Aço Brasil. No acumulado do ano, o consumo aparente de aço no Brasil mostra crescimento de 9,7%, para 22 milhões de toneladas.