Investing.com – As ações da Petrobras (BVMF:PETR4) subiam forte nesta sexta-feira, 12, com a manutenção da política de dividendos, por hora, mesmo diante de uma diminuição dos lucros. Analistas destacam as futuras incertezas para a distribuição de proventos, em clima de despedida da estratégia atual. A Petrobras também informou que o Conselho de Administração determinou que a diretoria elabore uma proposta para ajustar o planejamento estratégico em andamento e alterar as regras de remuneração aos acionistas, incluindo a possibilidade de recompra de ações. Às 14h26 (de Brasília), os papéis avançavam 2,83%, a R$26,14.
Em call de resultados, o CEO da empresa, Jean Paul Prates, afirmou que as estratégias de matrizes energéticas mais limpas são o único caminho da indústria de petróleo e gás, mas também disse que investimentos em ativos rentáveis para exploração e produção são essenciais para a garantia da oferta energética. Para Prates, “o Brasil e a Petrobras têm todas as condições para serem líderes globais de uma transição energética justa, sem deixar de ser uma potência de petróleo”.
O presidente ainda afirmou em entrevista ao jornal O Globo que, com as mudanças que devem ser implementadas em breve, a companhia terá preços "inexoravelmente mais baixos" em comparação com a atual Política de Paridade de Importação (PPI), com preços lastreados ao barril do petróleo ao dólar.
Lucro impactado pela queda no barril do petróleo
A Petrobras reportou um lucro líquido de R$38,2 bilhões no primeiro trimestre, recuo anual de 14,4%. Além dos resultados e divulgação de dividendos R$24,7 bilhões, a estatal anunciou hoje a autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para a retomada da produção de mais quatro instalações do Polo Bahia Terra.
A queda ocorreu, principalmente, devido às oscilações das cotações do petróleo, com média do brent no período foi de US$81,27, contra US$88,71 no quarto trimestre e de US$101,40 no primeiro trimestre do ano passado, quando ocorreu o boom nas commodities resultado da guerra entre Rússia e Ucrânia.
O pré-sal continua a ser o centro das receitas e da geração de caixa, respondendo hoje por 77% da produção da companhia, informou a Petrobras no release de resultados. “Colocamos em operação, em maio, a mais nova plataforma da Bacia de Campos: a FPSO Anna Nery. Além disso, temos mais duas plataformas prontas para começar operar: a Almirante Barroso, no campo de Búzios, e a Anita Garibaldi, que está sendo ancorada no campo de Marlim. Além disso, mais 13 plataformas vão entrar em produção até 2027”, informou a empresa no documento.
Fonte: Investing.com
O que dizem os analistas
Em relatório divulgado aos clientes e ao mercado, o banco Goldman Sachs (NYSE:GS) apontou como destaque o resultado operacional acima do esperado, mas ponderou que os olhares estão voltados às incertezas sobre o futuro das remunerações.
Conforme detalhado pelos analistas Bruno Amorim, Joao Frizo e Guilherme Costa Martins, o Ebitda ajustado recorrente de R$74,5 bilhões, impactado pelo menor preço do petróleo, ficou em torno de 10% acima das projeções do banco.
O GS conta com classificação neutra para as ações da Petrobras, com preço-alvo de R$27,50 para as ações ordinárias, R$25 para as preferenciais e de US$10,90 para a ADR PBR (NYSE:PBR). Mesmo considerando o valuation atrativo, o banco reforça o aumento da incerteza sobre as políticas que devem ser adotadas nos próximos anos.
A XP Investimentos (BVMF:XPBR31) considerou os resultados, na maior parte, conforme as expectativas, com forte geração de fluxo de caixa livre e dividendos robustos, em torno de 7% de yield. O Ebitda ajustado ficou 2% acima das projeções da XP e 3% do consenso. “O fluxo de caixa operacional menos capex totalizou US$ 7,9 bilhões, equivalente a um yield de 11% ou uma taxa anualizada de 44%. Além disso, a Petrobras recebeu US$ 2,2 bilhões provenientes de vendas de ativos e compensação financeira de acordos de co-participação”, elencou a XP como destaques financeiros. Mesmo com os riscos, a XP possui recomendação de compra para os papéis, diante de um valuation considerado descontado.
O Itaú BBA, por sua vez, avaliou os indicadores como positivos, com Ebitda 9% superior às estimativas do banco e pagamento de dividendos em linha com as projeções. O Itaú BBA conta com recomendação market perform, equivalente à neutra, com preço-alvo de R$27 para as ações preferenciais e US$10,2 para a ADR negociada nos EUA.
Proventos no radar
A Petrobras também anunciou ontem, além do balanço, a distribuição de cerca de R$24,7 bilhões em proventos aos acionistas. Ainda que haja perspectiva sobre mudanças na política de remuneração no futuro, a manutenção para o primeiro trimestre animou o mercado. O Itaú BBA, por exemplo, disse que “nenhuma notícia é a grande notícia". Já a XP indagou se o momento representa “a última dança”.
Enquanto isso, o Itaú BBA indicou que o dividend yield de 7,4% foi sólido em relação às projeções do banco de 6,7%, mas ficou abaixo da a estimativa de 9,6% ao incluir possíveis pagamentos extraordinários. “A distribuição está alinhada com a atual política de dividendos da empresa, que é distribuir 60% da diferença entre fluxo de caixa operacional e aquisições de imobilizado e ativos intangíveis quando a dívida bruta é inferior a US$ 65 bilhões”.
“Observamos que, embora o dividendo anunciado siga a atual política de dividendos em vigor (60% do CFO-capex), ele implica um pagamento de aproximadamente 65% sobre o lucro líquido ajustado do 1T.”, aponta o Goldman Sachs.
Segundo a XP Investimentos, o primeiro trimestre provavelmente será o último com a atual política de remuneração, que deve se tornar mais discricionária e com menor previsibilidade para os investidores.
“A Petrobras também comunicou aos acionistas que seu Conselho de Administração (CA) determinou que a Diretoria Executiva prepare uma proposta para ajustar o planejamento estratégico em andamento e melhorar a Política de Remuneração aos acionistas da Petrobras, incluindo a possibilidade de recompra de ações, e submeta essas questões para deliberação pelo CA antes do final de julho de 2023”, esperam os analistas Andre Vidal e Helena Kelm.
Fonte: InvestingPRO
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