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Oportunidade ou fria? Veja análise de 10 ações com grandes quedas, segundo a Nord

Publicado 20.05.2022, 15:56
© Reuters.
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Por Ana Beatriz Bartolo

Investing.com - Com o aumento de juros pelo mundo para conter a inflação, os mercados globais derretem e se aproximam do campo de 'bear market'. Em momentos de grande volatilidade, ações muito descontadas podem representar uma boa oportunidade de compra. Empresas ruins, porém, são uma 'fria' mesmo a preços baixos.

A casa de análise Nord Research divulgou relatório com 10 ações que caíram mais de 70% em relação às suas máximas. Os analistas, porém, ponderam que, quanto maior a desvalorização, mais difícil é a recuperação de um ativo aos níveis anteriores. “À medida que as quedas se intensificam, a necessidade de ganho passa a ser extremamente improvável. Uma ação que cai -90% precisa de um ganho de +900% só para voltar ao preço inicial”, explica a Nord

Algumas empresas conseguem eventualmente recuperar cotações mais altas conforme trazem resultados positivos. A Nord explica que, se for esse o caso, então compensa manter o ativo na carteira. Mas se as análises apontarem outro caminho, então o melhor é realizar o prejuízo e começar do zero.

Veja a análise das 10 ações com maiores quedas:

Via: Fique de fora

Em meio a um cenário macroeconômico desafiador e ainda distante da estabilização, a Via (SA:VIIA3) reportou resultados fracos para o primeiro trimestre do ano, segundo a Nord.

As ações da Via iniciaram seu movimento de queda no segundo semestre de 2021, com o aumento dos juros e o menor consumo. Mas além disso, de acordo com a Nord, alguns fatores internos, como provisões trabalhistas, ajustes não recorrentes, e dificuldades no processo de turnaround, aceleraram esse processo.

Em 2021, as ações da varejista caíram 67% e, no acumulado do ano de 2022, as ações caem mais 51%.

Apesar de barata, já que as ações negociam a 8,4x Ebitda 2022, 30% abaixo da sua média histórica, a empresa ainda enfrenta riscos com cenário macro bastante desafiador e resultados ainda não tão satisfatórios.

Banco Inter (SA:BIDI4): Compre

O Banco Inter (SA:BIDI11) saiu de uma base de 4 milhões de clientes para 16 milhões em dois e deve adicionar mais 8 milhões neste ano, segundo a Nord.

“Ao que tudo indica, 2022 será um ano de transição, no qual o Inter vai se aproximando do tamanho ideal de sua estrutura, o que desacelera o crescimento dos custos, mas continua entregando um forte crescimento de base e de receitas”, explica a casa de análise.

Isso significa que os lucros do Inter podem começar a crescer de forma acentuada a partir de 2023. Mas desde que a ação começou a cair em julho de 2021, as ações do banco já acumulam uma desvalorização de 84%.

A empresa está valendo apenas R$ 12 bilhões atualmente, o que representa menos de R$ 645 por cliente e suas ações estão negociando a apenas 3,8x receita. Mas, para a Nord, uma vez que o banco aumente o número de clientes e reduza os gastos com marketing, o lucro começará a aparecer.

Méliuz: Fique de fora

“Desde o IPO, Méliuz foi do céu ao inferno. De +300% de valorização para uma amargurada queda de -87% desde o pico”, comenta a Nord. A casa de análise explica que a empresa não conseguiu manter os lucros e vem apresentando novos prejuízos a cada trimestre.

A Méliuz (SA:CASH3) está sofrendo com a alta nos juros e a queda no consumo. A empresa afirma que a sua estratégia consiste em aumentar a base de clientes, desenvolver outros serviços financeiros e trabalhar a compra e venda de criptoativos. Mas, para a Nord, essas promessas de crescimento não são suficientes.

Oi: Compre

A Oi (SA:OIBR3) é a maior e mais complexa reestruturação de todos os tempos da bolsa brasileira, e o desempenho das suas ações evidencia as dificuldades que a empresa vem enfrentando. De 2016, quando fez o pedido de recuperação judicial, até o dia 11 de maio de 2022, as ações acumulam uma queda de -68%. Em 12 meses, as ações da Oi recuaram -59%.

Ainda assim, a Nord observa que a empresa fez avanços significativos na sua recuperação, como a reestruturação da sua dívida, melhorias na sua governança e a venda de ativos. A companhia também decidiu focar o seu core business em fibra óptica.

A Oi terminou 2021 com um market share de 30% no mercado de fibra óptica e 3,4 milhões de conexões, o que refletiu em uma receita de R$ 2,9 bilhões, alta de +222% desde 2018.

“Os riscos existem, estamos falando de uma empresa em reestruturação, mas as perspectivas para a Nova Oi são interessantes, principalmente pelo seu supertrunfo”, diz a Nord.

Natura: Fique de fora

A Natura (SA:NTCO3) teve um primeiro trimestre fraco, causado pela pressão de custos na cadeia de suprimentos, inflação, reduzindo os gastos discricionários e efeitos da guerra entre Rússia x Ucrânia.

Recentemente, a Natura informou ao mercado que suas metas, anteriormente previstas para 2023, foram postergadas para 2024.

A ação da Natura está sendo negociada a 7,8x Ebitda 2022, abaixo da sua média histórica. Porém, para a Nord, o momento ainda traz muitas incertezas e o melhor seria aguardar por alguns trimestres antes de compreender bem o que acontece dentro da companhia.

Magazine Luiza: Fique de fora

Para a Nord, a Magalu (SA:MGLU3) mostrou no seu último balanço que está fazendo um excelente trabalho nos pilares de crescimento exponencial do 3P, nas novas categorias de produtos vendidos, no Super App, na Entrega mais rápida e no MaaS.

Mas, desde que a bolsa virou, em julho de 2021, a queda acumulada das ações do Magalu é de -83%.

“Foram 20 aquisições em 2 anos. Agora, a empresa está focada em integrar tudo isso em sua estrutura e principalmente em seu app, capturando os ganhos com as sinergias e potencializando o crescimento dos negócios incorporados ao seu Ecossistema”, explica a casa de análise.

A Nord afirma que ainda é necessário ver sinalizações concretas nos múltiplos da empresa para determinar o seu crescimento, mas levando em conta que os planos da Magazine Luiza são pensados para um prazo de cinco a dez anos, não é algo fora da realidade manter o pensamento positivo.

BRF: Fique de fora

O aumento nos preços dos grãos e os efeitos inflacionários afetaram o primeiro trimestre da BRF (SA:BRFS3). Além disso, a empresa optou por abaixar seus preços e mudar a composição do mix de produtos, mas diante da inflação resistente desde ano, a Nord não enxerga elementos que justifiquem uma alta nas ações.

Cogna: Fique de fora

A crise pela pandemia impactou fortemente os resultados da Cogna (SA:COGN3), que viu ali uma oportunidade de começar uma reestruturação para se tornar uma “edutech”, focando em cursos a distância (EAD) e semipresencial. Mas os resultados ruins refletiram nas ações, que acumulam uma queda de 39% em 12 meses e uma derrocada de -80% desde janeiro de 2020.

“A grande dificuldade da Cogna na reestruturação é manter uma boa rentabilidade, já que, em geral, o ticket médio no EAD é mais baixo que no ensino presencial”, explica a Nord.

Essa dificuldade na reestruturação também é reflexo da alta dependência da empresa de uma economia aquecida e de programas governamentais de bolsas de ensino. Além disso, taxas elevadas de desemprego e níveis baixos de renda impactam diretamente os resultados da empresa.

IRB Brasil: Fique de fora

A IRB Brasil (SA:IRBR3) era uma das queridinhas da bolsa, até que em 2020 a gestora carioca Squadra anunciou uma posição short nas ações de IRB e soltou um relatório com mais de 150 páginas revelando as fraudes contábeis da resseguradora.

Desde então, as ações despencaram. De janeiro de 2020 a maio de 2022, os papéis da companhia acumulam uma queda de mais de -90%. Só nos últimos 12 meses, as ações caíram -59%.

“Após os escândalos, a empresa iniciou uma reestruturação, fez mudanças na gestão, reapresentou seus balanços e ajustou a forma de contabilização. Com os balanços revisados e ajustados, aquela IRB altamente lucrativa e rentável era irreal”, explica a Nord.

A empresa está lutando para recuperar a credibilidade junto ao mercado financeiro, mas a complexidade do negócio e o passado duvidoso da IRB Brasil tornam a empresa arriscada.

Nubank: Fique de Fora

A Nord recomendou aos seus clientes que ficassem de fora do IPO do Nubank (SA:NUBR33) no final do ano passado e o seu posicionamento não mudou desde então.

“Após enormes promessas no prospecto de IPO de um crescimento que não virá, o Nubank passa por dificuldades de oferecer empréstimos e créditos com juros de volta aos dois dígitos no Brasil e passa por mais complicações com a alta de juros lá fora”, comenta a Nord.

Mais recentemente, a companhia anunciou a parceria com uma corretora para investimentos em criptomoedas a partir de R$ 1 e o pronunciamento do CEO de investir 1% do caixa em Bitcoin. No mesmo dia, a companhia chegou a cair -15%.

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