SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica Neoenergia (SA:NEOE3), do grupo espanhol Iberdrola (MC:IBE), deve ampliar fortemente seus investimentos no Brasil em 2021, para 10 bilhões de reais, mas não prevê disputar leilões de privatização de ativos de energia, disse nesta quarta-feira o presidente da companhia, Mario Ruiz-Tagle.
A afirmação do executivo, em teleconferência com analistas e investidores, veio após questionamento sobre possível interesse da companhia em um leilão de desestatização da distribuidora de energia CEEE-D, controlada pelo governo do Rio Grande do Sul.
"O ano de 2021, para a Neoenergia, é um ano de entrega. O foco nosso é execução dos investimentos, nosso foco é preservar e melhorar a rentabilidade de nossos ativos", afirmou ele, ao revelar que a empresa estima aportes totais de 10 bilhões de reais neste ano, contra 6,3 bilhões em 2020.
"Consequentemente, quero ser muito claro. Não temos previsto participar da (licitação da) distribuidora CEEE e nem outras que possam vir ainda em 2021."
O leilão de desestatização da CEEE-D está agendado para 31 de março, e a Neoenergia era vista como uma das empresas potencialmente interessadas.
A elétrica controlada pela Iberdrola já havia mostrado forte apetite por expansão no Brasil ao fechar em dezembro passado a compra da distribuidora CEB-D, do Distrito Federal, por 2,5 bilhões de reais.
O valor do negócio ficou bem acima do preço mínimo definido pelo governo do Distrito Federal para o leilão da elétrica, de 1,4 bilhão.
Tagle disse que a Neoenergia considera a CEB-D como o melhor ativo dentre distribuidoras privatizadas nos últimos anos ou com perspectiva de desestatização no futuro próximo.
"Era um ativo premium", afirmou ele. "Sem dúvida faremos um excelente trabalho nessa companhia a partir do mês de março, quando esperamos já ter o controle."
O diretor financeiro da Neoenergia, Leonardo Gadelha, disse que a companhia já tem um empréstimo-ponte contratado para pagar a aquisição da CEB-D, no valor de 2,5 bilhões de reais. "Esse valor vai ser desembolsado ainda em fevereiro".
(Por Luciano Costa)