Investing.com - A eleição de Claudia Sheinbaum e a conquista de uma maioria legislativa pelo seu partido, o Morena, promoveram uma revisão dos riscos relacionados à estabilidade política e econômica do México, conforme apontam analistas do Citi Research.
Embora as perspectivas de curto prazo para as taxas de juros e as oportunidades de compra sejam promissoras, a incerteza política e fiscal permanece como um elemento a ser monitorado. Neste contexto, os analistas do banco recomendam que os investidores se mantenham vigilantes quanto às iniciativas legislativas de Sheinbaum e às potenciais alterações na dinâmica econômica e política nacional.
A recente eleição presidencial no México, marcada pela expressiva vitória de Claudia Sheinbaum e do partido Morena, provocou uma grande reavaliação de risco pelos mercados, resultando numa queda de 6,11% no Índice de Preços e Cotações (IPC) na última segunda-feira, um indicativo das preocupações do mercado ante um cenário potencial de alto risco devido à maioria absoluta do Morena no Congresso.
A queda do IPC refletiu num múltiplo preço/lucro (P/L) implícito a termo de 11,4x, considerado historicamente como uma janela de compra atrativa. No entanto, o perfil de risco desta eleição pode ser distinto, com a maioria legislativa do Morena potencializando uma nuvem de incerteza que pode se estender além do previsto, impactando a percepção de estabilidade política e econômica.
Apesar de haver expectativas de redução nas taxas de juros, a elevada incerteza poderia restringir essa tendência. O múltiplo P/L implícito a termo de 11,4x, embora favorável historicamente, carrega seus riscos no contexto atual. O Citi aponta que, tradicionalmente, as taxas nominais têm prevalecido sobre questões políticas, contudo, a nova configuração legislativa poderá introduzir mudanças consideráveis a longo prazo.
O Citi também destaca comparações com a liquidação ocorrida durante a eleição de Andrés Manuel López Obrador (AMLO). A diferença principal reside no ponto de partida: o múltiplo P/L implícito era de 12,2x antes da eleição atual, comparado a 15,0x na eleição de AMLO, além de um cenário distinto para as taxas de juros, com expectativas de uma política mais acomodatícia pelo Banco do México, possivelmente acelerada no segundo semestre de 2024.
Por outro lado, a economia apresentava maior robustez durante a eleição de AMLO, com uma relação dívida/PIB mais saudável e mecanismos de controle mais eficazes. Neste cenário, os analistas ressaltam que a atual maioria absoluta no Congresso suscita questões relevantes sobre a capacidade de equilíbrio de poderes.
A falta de detalhes sobre a agenda legislativa de Sheinbaum e a urgência em relação às preocupações fiscais ampliam a incerteza. Espera-se que a equipe de Sheinbaum busque tranquilizar o mercado durante a transição de poder, conforme indicado hoje pelo Ministério das Finanças, mas ainda resta ver como isso repercutirá nas percepções de risco a curto e longo prazo.
Com a proximidade da campanha eleitoral nos EUA, o México pode emergir como um tema central nos debates, gerando manchetes que impactam negativamente os mercados. Todavia, os analistas consideram a recente venda maciça uma potencial oportunidade de compra a curto prazo, antecipando uma recuperação se a equipe de Sheinbaum lograr transmitir uma mensagem tranquilizadora.
Desafios e perspectivas do governo de Claudia Sheinbaum no México
Analistas do UBS (SIX:UBSG) apontam que a vitória do partido Morena, da presidente eleita, suscita preocupações quanto ao equilíbrio de poder no país, onde a ausência de uma oposição robusta pode minar os mecanismos de controle e balanço essenciais para a manutenção de uma democracia saudável.
Embora o Morena não tenha alcançado a maioria de dois terços em ambas as câmaras, a eventual colaboração dos partidos de oposição em temas de grande impacto comercial pode fortalecer ainda mais seu domínio. Esse cenário será acompanhado de perto pelos mercados e agentes internacionais, que observam com preocupação a concentração de poder e suas implicações para a estabilidade democrática do México.
A participação eleitoral recente foi de 60%, abaixo dos 63% observados em 2018 e da média de 65,2% das últimas cinco eleições. Os especialistas do UBS sugerem que a gestão de Sheinbaum deve enfrentar essa apatia eleitoral e atuar para superar as divisões sociais acentuadas pelo comparecimento limitado.
O novo governo de Claudia Sheinbaum enfrentará o desafio de equilibrar a consolidação do poder com a necessidade de manter a estabilidade econômica e enfrentar desafios fiscais, conforme análise do UBS.
Um dos pontos fortes para o México é sua profunda integração econômica com os Estados Unidos, destacada por especialistas. Beneficiando-se de sua proximidade geográfica, acordos comerciais amplos e uma força de trabalho jovem e qualificada, o México ascendeu como o maior parceiro comercial dos EUA.
As remessas provenientes dos EUA atingiram um recorde de US$ 60 bilhões por ano, fortalecendo a economia mexicana. No entanto, é crucial que o governo assegure a continuidade desse processo de integração, especialmente em um cenário de reconfiguração geopolítica global.
Apesar de indicadores macroeconômicos sólidos, como inflação sob controle e dívida pública gerenciável, o governo entrante enfrenta sérios desafios fiscais. Prevê-se que o déficit público alcance quase 6% do PIB, o mais alto em mais de três décadas, exigindo uma reforma fiscal imediata para aumentar as receitas federais. Ademais, a Pemex, estatal petrolífera, permanece como um ponto de atenção urgente, dada sua baixa produção e operações deficitárias.
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