Por Leandro Manzoni
Investing.com - A escassez do diesel se tornou o assunto do momento na indústria logística, segundo BTG Pactual (SA:BPAC11) em relatório distribuído nesta quarta-feira (8). Os impactos, inicialmente sentidos pelo aumento de preços, podem afetar no curto prazo as margens de operadores logísticos no Brasil, país sétimo maior consumidor mundial e altamente exposto ao risco de desabastecimento devido à logística dependente do diesel.
Os analistas do banco destacam que entre 30% e 40% do preço do frete é historicamente composto pelo preço do diesel. A importância desse fator no frete deve se tornar cada vez maior com a alta de preço.
Embora a alta do custo do frete deva ser repassada a clientes dos operadores, segundo o BTG, o repasse deve ser concluído após negociações. Até essa conclusão, as operadoras, como a JSL (SA:JSLG3), sofrerão com a pressão nas margens.
Às 14h06, as ações da JSL recuavam 1,99% a R$ 5,92.
Redução ICMS pode trazer alívio
Por outro lado, a redução do ICMS sobre os combustíveis pode ajudar as empresas de logística rodoviária, apontou a Eleven Investimentos em relatório ontem. Isso deve ser benéfico especialmente para a Sequoia (SA:SEQL3) e a JSL, segundo a casa de análise, diminuindo a pressão para repassar o aumento dos custos dos combustíveis a seus clientes.
Causas da escassez do diesel
A invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro elevou os temores de corte imediato de gás natural russo na Europa, além da dificuldade de aquisição da commodity com os embargos contra o setor da Rússia. Com isso, aumentou a demanda e a estocagem de diesel na Europa para substituir o gás, segundo diretores do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) em artigo no Brazil Journal.
O aumento da demanda pelo diesel descolou, pela primeira vez na história, seu preço da variação do petróleo e da gasolina, que também sofreram fortes reajustes no ano. Somente o petróleo Brent, referência mundial de preço, subiu mais de 57% em 2022, chegando a quase US$ 140 no pico do ano (é negociado hoje a US$ 122,69).
O CBIE ressalta que o cenário pode piorar no 2º semestre, com a temporada de furacões nos EUA fechando refinarias na região do Golfo do México.
Pode faltar diesel no Brasil?
Como o Brasil importa 25% do diesel consumido, os diretores do CBIE veem como baixa a falta do combustível no país. Porém, fazem a ressalva para que a política de Paridade de Preço Internacional (PPI) seja mantida.
A adoção de medidas que abaixe artificialmente o preço do diesel pode elevar esse risco, pois desestimularia empresas importadoras a comprar diesel do exterior e revende-los no mercado interno.