Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - Apesar de reconhecer uma série de conquistas da Ambev (SA:ABEV3) durante a crise desencadeada pela pandemia de Covid-19, como a recuperação nos volumes e o ganho de market share, o BTG Pactual recomenda cautela em relação à ação da companhia, revisando para baixo suas estimativas para Ebitda e lucro no quarto trimestre.
Com isso, o banco mantém sua recomendação Neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 15. O papel fechou as negociações desta segunda-feira (8) em forte queda de 3,74%, a R$ 14,94, depois de ter registrado R$ 14,87 na mínima e R$ 15,57 na máxima do dia, com R$ 537,71 milhões em volume negociado. O Ibovespa fechou em baixa de 0,45%, aos 119.696 pontos.
Na análise do banco, o feito mais impressionante da companhia foi a recuperação do volume ao longo do ano, ajudada pelo auxílio emergencial e pelo crescimento do consumo doméstico. Além disso, uma execução comercial superior, boa escolha de fornecedores e iniciativas digitais fizeram com que a empresa conseguisse ganhar market share.
Outro fator que, na visão do BTG, ajudou a impulsionar os volumes foi uma mudança na política de precificação. O fato de a companhia ter aumentado os preços após a concorrência “reforça a nossa visão de que a Ambev continua disposta a sacrificar poder de precificação para preservar sua participação no volume e seu espaço nas prateleiras”, diz o banco.
No entanto, o BTG ressalta: “Não é claro quanta recuperação de market share a Ambev poderá sustentar quando as coisas voltarem ao normal. Com um ambiente muito mais fraco, combinado com a crescente inflação do ambiente, os volumes provavelmente irão cair.” A inflação dos alimentos, segundo o banco, deve culminar em uma alta de 18% nos custos da Ambev em 2021.
Em termos de números, o banco espera R$ 19,3 bilhões em vendas, o que representa alta de 21% na comparação anual; Ebitda de R$ 7,26% (+5% ano a ano), margem Ebitda de 37,7% (-600 pontos base), e lucro líquido de R$ 4,3 bilhões. As projeções de Ebitda e lucro foram rebaixadas em 5% e 8%, respectivamente, e estão 3% e 6% abaixo do mercado.
Para frente, o banco aponta que a retomada do poder de precificação da companhia irá depender do fortalecimento de suas principais marcas, de melhorias no portfólio e da captura de uma maior margem de varejo via iniciativas digitais, o que deve ser um processo longo.