SÃO PAULO (Reuters) - O real continua a se desviar de tradicionais elementos macro e de seus pares, e apenas uma vacinação em larga escala e sinais claros de compromisso com reformas por parte de todas as esferas do governo podem reverter pelo menos uma parte das posições vendidas na moeda doméstica detidas por locais e estrangeiros, disse o UBS em nota na qual revisou para cima projeções para o dólar.
Para Fabio Ramos e Roque Montero, que assinam o relatório, mesmo a aprovação recente da PEC Emergencial --que estabelece gatilhos contra aumentos de gastos-- foi vista pelos mercados como "pouco demais, tarde demais", devido à sua aprovação tardia e aos novos desafios.
Diante do contexto, o UBS elevou de 4,95 reais para 5,30 reais a expectativa para o dólar ao fim de 2021. A projeção para 2022 passou de 5,05 reais para 5,15 reais. A moeda era cotada em 5,5676 reais nesta quinta.
"Com viés limitado de alta para rendimentos dos Treasuries, a menos que a inflação convença os mercados, os drivers domésticos vão dominar o destino do real", disseram Ramos e Montero, lembrando que há tempo restrito neste ano para progresso nas reformas, dado que, para eles, em novembro começa o período pré-eleitoral.
"Achamos que o cenário atual é uma espécie de equilíbrio instável. Se os obstáculos atuais diminuírem nos próximos trimestres e os mercados externos permanecerem razoavelmente favoráveis para emergentes como o Brasil, o real provavelmente se voltaria para seus drivers tradicionais", disseram.
"Caso contrário, podemos ver mais ondas de deterioração, como as das últimas semanas."
(Por José de Castro)