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Dólar recua após dados dos EUA fomentarem cenário de corte grande de juros pelo Fed

Publicado 05.09.2024, 09:11
Atualizado 05.09.2024, 10:11
© Reuters. Nota de dólarn22/06/2017nREUTERS/Thomas White/Ilustração
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Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava frente ao real nesta quinta-feira, em linha com a fraqueza da moeda norte-americana no exterior, à medida que investidores avaliavam dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos que fomentavam a perspectiva de um afrouxamento monetário mais agressivo do Federal Reserve.

Às 9h54, o dólar à vista caía 0,33%, a 5,6211 reais na venda. Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,38%, a 5,638 reais na venda.

Na quarta-feira, o dólar à vista fechou em leve baixa de 0,08%, cotado a 5,6395 reais.

Nesta manhã, os mercados globais digeriam novos dados sobre o mercado de trabalho dos EUA em busca de sinais sobre o estado da maior economia do mundo e o tamanho de um potencial corte de juros a ser realizado pelo Fed em sua reunião deste mês.

Na primeira divulgação do dia, o relatório de emprego da ADP mostrou que 99.000 postos de trabalho foram criados no setor privado em agosto, bem abaixo da expectativa de analistas consultados pela Reuters de 145.000 vagas, de 111.000 revisados para baixo no mês anterior. Anteriormente haviam sido informados 122.000 empregos criados em julho.

MAIS DETALHES: Geração de empregos privados nos EUA fica abaixo do esperado em agosto

Minutos depois, números do Departamento de Trabalho mostraram que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego na semana encerrada em 31 de agosto caíram para 227.000, abaixo da projeção dos analistas de 230.000, de 232.000 revisados ligeiramente para cima na semana anterior.

Apesar do dado mais benigno para os pedidos de auxílio-desemprego, o relatório do setor privado reforçava alguns temores dos agentes financeiros sobre uma desaceleração agressiva da economia norte-americana, com um esfriamento do mercado de trabalho mais forte do que o esperado, o que deve ser considerado pelo Fed em sua próxima decisão.

No mês passado, o chair do Fed, Jerome Powell, afirmou que "chegou a hora" de ajustar a postura do banco central dos EUA, apontando que as autoridades não aceitariam um abrandamento adicional do mercado de trabalho.

Operadores colocavam 45% de chances de um corte de 50 pontos-base nos juros do Fed neste mês, acima dos 43% antes dos dados. Eles ainda projetavam 112 pontos-base de afrouxamento até o fim do ano, de 109 pontos-base mais cedo.

Com isso, o dólar se enfraquecia ante a maioria de seus pares fortes e emergentes, devido a forte queda nos rendimentos dos Treasuries, o que tornava a moeda norte-americana menos interessante para investidores.

O rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 4 pontos-base, a 3,731%.

"Se você tem uma perspectiva de que a economia norte-americana está contraindo, tem a visão de cortes de juros lá e aqui mantém a diferença de juros com os EUA, a tendência é a valorização da nossa moeda frente ao dólar", disse Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,18%, a 101,080.

Entre os emergentes, a divisa dos EUA recuava ante o peso colombiano, o rand sul-africano e o peso chileno.

As atenções agora se voltam para o relatório de emprego de agosto do Departamento de Trabalho dos EUA, com expectativa de criação de 160.000 postos de trabalho, de 114.000 no mês anterior.

© Reuters. Nota de dólar
22/06/2017
REUTERS/Thomas White/Ilustração

"As informações de segunda linha do mercado de trabalho dos EUA até agora mostram uma inegável condição de afrouxamento, e não há como o dólar não sofrer com isso. Outro número fraco amanhã pode confirmar um corte de maior magnitude do Fed em setembro e consolidar o caminho do dólar para baixo", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

No cenário nacional, o mercado ainda avaliava a perspectiva de uma alta na Selic, agora em 10,50% ao ano, na reunião do Copom deste mês, após um PIB acima do esperado para o segundo trimestre do ano e leituras recentes que mostraram a inflação se afastando do centro da meta de 3%.

Na curva de juros brasileira, a perspectiva de um afrouxamento monetário mais agressivo nos EUA derrubava as taxas de juros futuras, com a taxa do DI para janeiro de 2025 -- que reflete a política monetária no curtíssimo prazo -- em 10,925%, com queda de 2 pontos-base.

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