Dólar recua após comentários brandos de Trump sobre tarifas

Publicado 24.01.2025, 09:14
© Reuters. Funcionário de banco compara nota de dólar falsa (embaixo) com nota verdadeira (em cima), em Bangkok, Tailândian26/01/2023nREUTERS/Athit Perawongmetha
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Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar recuava ante o real nesta sexta-feira, ampliando a queda da semana e em linha com os mercados globais, uma vez que os investidores reagiam positivamente a comentários na véspera do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sinalizaram uma política comercial mais branda no país.

Às 9h34, o dólar à vista caía 0,32%, a 5,9064 reais na venda. Na semana, a moeda acumula queda de 2,6%.

Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,24%, a 5,920 reais na venda.

As últimas sessões têm sido marcadas pelo foco dos mercados globais nas medidas e planos anunciados por Trump em seus primeiros dias no cargo, com as atenções particularmente voltadas para qualquer informação sobre a abordagem que o presidente adotará para a política comercial do país.

Após uma série de ameaças de imposição de tarifas de importação feitas durante a campanha, Trump tem amenizado o tom agressivo nesta semana, orientando as agências federais a apenas investigarem os déficits comerciais dos EUA e deixando a porta aberta para negociações com parceiros.

Em nova fala sobre o comércio, Trump afirmou em entrevista exibida pela Fox News na quinta que gostaria de fazer um acordo com a China sobre práticas comerciais justas no lugar de impor tarifas de importação sobre o gigante asiático, amenizando o tom recente de ameaças tarifárias.

No ano passado, o presidente chegou a prometer impor uma tarifa de 60% sobre todas as importações chinesas, em decorrência do que vê como práticas comerciais injustas da segunda maior economia do mundo.

"O que eu acho mais importante para o dia de hoje é que essa semana foi uma semana de enfraquecimento do dólar por conta de uma postura mais branda de Trump em relação às tarifas de importação", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

"Visto as declarações feitas durante a campanha, imaginava-se que ele já iria impor algum tipo de barreira tarifária desde o seu primeiro dia de governo e até o momento ele tem (apenas) ameaçado", completou.

Antes da posse de Trump, investidores vinham tomando posições defensivas na divisa dos EUA, projetando que as medidas de Trump seriam inflacionárias e forçariam o Federal Reserve a manter os juros em patamares elevados, o que favorece o dólar.

A aparente reversão de Trump em relação à agressividade exibida na campanha permitia que a moeda norte-americana devolvesse alguns ganhos recentes.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,50%, a 107,600.

A moeda dos EUA ainda era afetada pela decisão do Banco do Japão de elevar sua taxa de juros nesta sexta-feira, de 0,25% para 0,5%, o maior nível desde 2008, tornando o iene mais atrativo para investidores estrangeiros.

O Fed e o Banco Central Europeu realizarão suas reuniões de política monetária na próxima semana, com projeção de que o primeiro mantenha os juros inalterados, enquanto o segundo deve reduzir sua taxa.

Na cena doméstica, estavam no radar novos dados para a inflação brasileira, em meio a um início de ano que tem sido marcado por falta de notícias e dados relevantes para os investidores no Brasil.

© Reuters. Funcionário de banco compara nota de dólar falsa (embaixo) com nota verdadeira (em cima), em Bangkok, Tailândia
26/01/2023
REUTERS/Athit Perawongmetha

O IBGE informou que o IPCA-15 de janeiro teve alta de 0,11%, acima da projeção em pesquisa da Reuters de queda de 0,03%. Em 12 meses, o índice atingiu 4,50%, exatamente o teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central -- com centro de 3% e uma margem de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) volta a se reunir, com a expectativa de que os membros elevem a taxa Selic, agora em 12,25% ao ano, em 1 ponto percentual.

(Edição de Camila Moreira e Eduardo Simões)

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