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Dólar estende perdas e real é destaque no mundo com alívio local; Fed segue em foco

Publicado 20.09.2022, 17:19
© Reuters. Mulher segura notas de dólar com cédulas de reais ao fundo. Rio de Janeiro, Brasil. 31 de março de 2015. REUTERS/Sergio Moraes
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Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar caiu frente ao real pelo segundo dia consecutivo nesta terça-feira, depois de muito vaivém durante a sessão, com um alívio em temores político-fiscais domésticos compensando o nervosismo externo antes da decisão de juros nos Estados Unidos.

Após trocar de sinal várias vezes ao longo das negociações, a moeda norte-americana à vista fechou em queda de 0,25%, a 5,1537 reais, estendendo suas perdas depois de na véspera registrar sua maior desvalorização diária desde o fim de julho, de 1,79%.

O real passou boa parte deste pregão com o melhor desempenho entre uma cesta das principais moedas do mundo, apesar da força generalizada do dólar no exterior.

Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:11 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,62%, a 5,1570 reais.

Fornecendo alento aos ativos brasileiros, continuou repercutindo nos mercados locais o anúncio da véspera de apoio do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles à campanha eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O posicionamento de Meirelles --um liberal que ajudou a criar a regra do teto de gastos durante o governo do ex-presidente Michel Temer-- a favor do petista reduziu temores de investidores de que eventual governo Lula seria exageradamente inclinado ao aumento das despesas públicas.

André Rolha, diretor de produtos da Venice Investimentos, reconheceu o efeito dessa notícia no bom desempenho dos ativos brasileiros, mas disse que não a vê como o único motivo por trás do alívio recente no mercado de câmbio.

"Acredito que os fundamentos locais ainda jogam muito a favor do câmbio, dos juros... e da bolsa", afirmou, citando números de crescimento econômico positivos e "lição de casa antecipada" do Brasil no combate à inflação, depois que o Banco Central foi um dos primeiros no mundo a iniciar o que se tornaria um longo e agressivo ciclo de aperto monetário.

A taxa Selic está atualmente em 13,75%. A maior parte dos mercados financeiros acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Bacen já terminou de aumentá-la, mas há quem espere que o colegiado eleve os juros em mais 0,25 ponto percentual, a 14%, ao fim de sua reunião deste mês, que começou nesta terça-feira e se encerrará na quarta.

O patamar elevado dos juros locais é considerado por especialistas como um colchão para o real diante de um cenário global adverso, já que torna a moeda local atraente para estratégias de "carry trade". Elas consistem na tomada de empréstimo num país de taxas baixas e investimento desse capital em mercado mais rentável, de forma que se lucra com o diferencial de juros.

Apesar da leve queda do dólar contra o real nesta sessão, investidores ainda se mostravam cautelosos diante da alta probabilidade de que o Federal Reserve suba sua taxa de juros em, pelo menos, 0,75 ponto percentual ao fim de seu encontro de política monetária, que se encerrará na quarta.

O mercado vê pequenas chances de o banco central dos EUA promover ajuste ainda maior nos custos dos empréstimos, de 1 ponto percentual.

© Reuters. Mulher segura notas de dólar com cédulas de reais ao fundo. Rio de Janeiro, Brasil. 31 de março de 2015. REUTERS/Sergio Moraes

Com esse pano de fundo, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes subia mais de 0,5% nesta tarde, enquanto as principais bolsas globais e os preços dos títulos de países desenvolvidos caíram.

"Num mundo onde os bancos centrais estão aumentando agressivamente os juros (ruim para renda fixa) para apertar as condições financeiras (ruim para as ações), então o único lugar para se esconder é no dólar", disse o Citi em relatório desta terça-feira. "Isso torna o dólar uma moeda de alto carrego e alta qualidade que atua como proteção contra a queda de ativos de risco."

(Edição de José de Castro)

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