Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Após atingir na véspera o menor valor em 15 meses, o dólar hoje à vista passou nesta terça-feira por uma sessão de realização de lucros e fechou em alta, com investidores ponderando também a perspectiva de corte de juros no Brasil e aumento nos EUA, nas próximas reuniões de política monetária.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,7509 reais na venda, com alta de 0,38%.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,43%, a 4,7530 reais.
No início do dia, a moeda norte-americana à vista chegou a oscilar no terreno negativo no Brasil, dando continuidade ao movimento da véspera, mas a divisa acabou migrando para o positivo, com alguns investidores realizando lucros e refazendo posições compradas no mercado futuro (no sentido de alta para as cotações).
“Ontem (segunda-feira) tivemos uma valorização forte das commodities, principalmente dos grãos e do petróleo, e todas as moedas ligadas a estes produtos estavam subindo. Foi o caso do real, do rublo, do peso colombiano e do rand sul-africano”, comentou Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital.
“Hoje (terça) o mercado testou uma mínima abaixo do suporte de 4,72 reais, o que chamou importadores para os negócios e provocou um movimento de realização”, acrescentou.
Após registrar uma mínima de 4,7164 reais (-0,35%) às 9h02, o dólar à vista escalou até a máxima de 4,7602 reais (+0,58%) às 10h13. Depois disso, oscilou em margens mais estreitas.
Operador ouvido pela Reuters pontuou que, após o movimento de realização, investidores seguraram posições, à espera da decisão de política monetária do Federal Reserve, nesta quarta-feira, e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na quarta-feira da próxima semana.
A perspectiva é de que o Fed eleve sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual, enquanto o Copom reduza a taxa básica Selic em 0,25 ou 0,50 ponto percentual -- na curva a termo brasileira, a precificação majoritária é para corte de meio ponto.
Se estes movimentos se confirmarem, em tese o diferencial de juros para o Brasil se tornará mais baixo, o que deixa o país menos atrativo ao capital externo. No entanto, profissionais ouvidos pela Reuters têm afirmado que, ainda que o diferencial de juros menor sugira um dólar mais elevado, a tendência geral das cotações é de queda.
“O mercado rompeu uma região de resistência para o dólar, que era perto dos 4,78 reais. Então, tem um movimento natural de correção”, avaliou Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, ao tratar do avanço das cotações nesta terça-feira.
“Mas se continuarmos a ver um cenário favorável, o dólar pode chegar nos 4,60 reais, talvez até nos 4,50 reais”, acrescentou.
O avanço dos preços das commodities no exterior e o cenário econômico mais favorável no Brasil, após aprovação de projetos do governo nas duas Casas do Congresso, são fatores favoráveis ao real.
No exterior, o dólar sustentava leves perdas ante as moedas fortes e tinha movimentos mistos ante as demais divisas.
Às 17:12 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- caía 0,14%, a 101,270.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de setembro.