Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) -A atividade econômica do Brasil avançou mais do que o esperado em julho e iniciou o terceiro trimestre com ganho de força na comparação mensal e indicando resiliência, mostraram nesta terça-feira dados do Banco Central.
O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) subiu 0,44% em julho na comparação com o mês anterior, segundo dado dessazonalizado do indicador que é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB).
O resultado mostrou aceleração em relação a junho, porém o dado desse mês foi revisado com força pelo BC para baixo para um crescimento de 0,22%, de uma alta de 0,63% informada antes.
A leitura de julho ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de um avanço de 0,3% e marca o segundo mês seguido no azul.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 0,66%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 3,12%, de acordo com números observados.
"(O IBC-Br) segue compatível com a leitura de uma atividade econômica que se manteve resiliente no primeiro mês do terceiro trimestre, a despeito do nível de aperto monetário e da dissipação dos efeitos da supersafra desse ano", avaliou João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital.
O IBGE informou no início do mês que o PIB do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre na comparação com os três meses anteriores, em um resultado bem melhor do que o esperado mas que ainda registrou forte desaceleração ante o ritmo do começo do ano.
O resultado também não evita a perspectiva de arrefecimento no segundo semestre, com analistas destacando os efeitos sobre a economia da política monetária ainda restritiva, embora o BC tenha reduzido a taxa básica de juros Selic de 13,75% para 13,25%.
O BC volta a se reunir para deliberar sobre a política monetária na quarta-feira, com expectativa de novo corte de 0,5 ponto percentual na taxa de juros.
"Apesar da recente supresa positiva no PIB do segundo trimestre, continuamos a ver sinais de desaceleração para a atividade à frente, especialmente para segmentos mais cíclicos, devido às condições financeiras altamente restritivas", destacou em nota Gabriel Couto, do Santander Brasil (BVMF:SANB11), que espera contribuição negativa do setor agrícola no segundo semestre.
Em julho, os destaques positivos foram o desempenho das vendas no varejo e de serviços. As vendas varejistas aumentaram no mês 0,7%, um resultado melhor do que o esperado, enquanto o volume de serviços cresceu pelo terceiro mês seguido.
O contraponto foi a indústria, cuja produção contraiu 0,6% em julho, mais do que o esperado.
A mais recente pesquisa Focus realizada pelo BC e divulgada na segunda-feira mostra que o mercado vem melhorando suas projeções para a expansão do PIB este ano, estimada agora em 2,89%. Para 2024 a expectativa é de crescimento de 1,50%.
Também na véspera, o Ministério da Fazenda melhorou a projeção oficial para o desempenho da atividade econômica neste ano, passando a prever um crescimento de 3,2%, contra previsão de 2,5% feita em julho.
O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.
(Edição de Luana Maria Benedito)