NOVA YORK (Reuters) - O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou nesta quarta-feira que está "inclinado a propor e apoiar um aumento de 25 pontos-base" na reunião de política monetária de março do banco central dos Estados Unidos, mas afirmou que está "preparado para agir de forma mais agressiva" se a inflação não diminuir conforme o esperado.
Em comentários que mencionaram o contexto da guerra na Ucrânia, Powell disse ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA que as perspectivas econômicas se tornaram "altamente incertas" e que o banco central norte-americano quer "proceder com cuidado" conforme muda a política monetária em uma situação já complicada.
Mas, embora suas falas sobre a reunião de 15 e 16 de março tenham encerrado o debate sobre o passo inicial de aperto da política monetária por parte do Fed, Powell disse que isso não significa que o banco central não agirá de maneira mais rápida no futuro.
"Vamos proceder com cuidado conforme aprendemos mais sobre as consequências da guerra da Ucrânia na economia", afirmou Powell em seu depoimento. "Temos uma expectativa de que a inflação atinja seu pico e comece a cair neste ano. Na medida em que a inflação vier mais alta ou mais persistentemente elevada... estaríamos preparados para agir de forma mais agressiva, subindo as fed funds (juros básicos) em mais de 25 pontos-base em uma reunião ou reuniões."
O Fed manteve sua taxa de juros "overnight" próxima de zero desde que a cortou a esse patamar, em 2020, para proteger a economia do impacto da pandemia de coronavírus.
No início de sua audiência perante o comitê da Câmara, Powell respondeu uma série de perguntas sobre a guerra na Ucrânia. Ele disse que o banco central dos EUA começou a analisar cenários sobre possíveis impactos, mas ainda não havia nada nos dados que justificasse mudança na guinada de política monetária do Fed, que tem sido planejada desde o final do ano passado em resposta à inflação acima do esperado.
Em seu depoimento, Powell reiterou a narrativa principal do Fed de que a inflação elevada --que está em cerca de três vezes a meta de taxa de 2% do banco central-- e um mercado de trabalho "extremamente apertado" tornam necessárias taxas de juros mais altas.
O impacto da pandemia de coronavírus na economia parecia diminuir, disse o chair do Fed a parlamentares, enquanto as contratações continuam fortes e a inflação emergiu como o principal risco.
A inflação "está agora bem acima do nosso objetivo de longo prazo de 2%. A demanda é forte, e gargalos e restrições de oferta estão limitando a rapidez com que a produção pode responder", afirmou Powell.
Ele acrescentou que essas interrupções no fornecimento foram "maiores e mais duradouras do que o previsto" e reafirmou a promessa do banco central de ser tão duro quanto necessário para controlar os preços.
Embora se espere que algumas dessas pressões inflacionárias atuais diminuam ainda este ano, "estamos atentos aos riscos de uma possível pressão ascendente adicional... Usaremos nossas ferramentas de política monetária conforme apropriado para evitar que a inflação mais alta se enraíze".
No entanto, Powell também reconheceu a nova complexidade que o Fed enfrenta com a situação na Europa, que tem o potencial de aumentar as pressões de preços, mas também possivelmente prejudicar o crescimento.
"Os efeitos de curto prazo na economia dos EUA da invasão da Ucrânia, a guerra em andamento, as sanções e acontecimentos futuros permanecem altamente incertos", afirmou ele. "Fazer uma política monetária apropriada neste ambiente requer o reconhecimento de que a economia evolui de maneiras inesperadas. Precisaremos ser ágeis na resposta aos próximos dados e à evolução das perspectivas".
(Por Howard Schneider)