Por John Irish e Elizabeth Pineau e Ingrid Melander
PARIS (Reuters) - A candidata de extrema-direita à Presidência da França, Marine Le Pen, buscou enfatizar nesta quarta-feira suas credenciais de liderança no cenário mundial, clamando por um rompimento com o passado diplomático recente da França para fazer o que chamou de "um país que ainda conta".
Uma vitória de Le Pen no segundo turno das eleições francesas no dia 24 de abril poderia reverberar pela Europa e para o outro lado do Atlântico, colocando uma eurocética no Palácio do Eliseu e que há muito professa sua admiração pelo presidente russo, Vladimir Putin.
Le Pen atraiu críticas no passado por suas concepções precárias de geopolítica, afirmando até que a Rússia não invadiu a Crimeia em 2014. Dado que o papel do presidente francês é tomar a dianteira na política externa, Le Pen realizou uma entrevista coletiva de 90 minutos buscando mostrar que tem estatura para ser líder de uma grande potência.
Ela disse à imprensa internacional e à imprensa francesa que quer esclarecer "mal-entendidos" sobre sua política externa.
"A França não é um país do meio, mas uma grande potência que conta", disse ao iniciar um monólogo de 30 minutos sobre os feitos históricos da França, antes de destacar as diferenças do que chamou de diplomacia "tagarela, vaga e mal informada" do atual presidente Emmanuel Macron, seu oponente de centro e pró-europeu no pleito do dia 24 de abril.
Ela disse que foi mal avaliada sobre suas expressões de estima por Putin no passado, afirmando que estaria apenas defendendo os interesses da França em seus contatos calorosos com o líder do Kremlin, inclusive nas propostas de aliança com Moscou.
"Assim que a guerra russo-ucraniana acabar e for resolvida com um acordo de paz, eu irei pedir a implementação de uma reaproximação entre Otan e Rússia", disse Le Pen.
Ela reafirmou que, se for eleita presidente, irá tirar a França da estrutura de comando integrado da Otan liderada pelos EUA, e irá retomar a soberania francesa em questões de segurança internacional.
(Reportagem adicional de Geert de Clercq)