Por Peter Nurse e Jessica Bahia Melo
Investing.com -- O chefe do Fed, Jerome Powell, sinaliza mais uma vez que é provável que haja mais aumentos nas taxas de juros este ano, o que provoca fraqueza nos mercados de ações e de energia e o foco na última rodada de palestrantes do Banco Central. O Adani Group está novamente sob pressão, já que as autoridades norte-americanas estão investigando o conglomerado indiano, enquanto a lira turca cai para níveis recordes de baixa. No Brasil, expectativa para votação da Reforma Tributária no início de julho.
1. Powell mantém a visão de aumento da taxa; mais palestrantes do Fed na agenda
Jerome Powell concluiu seus dois dias de reunião semestral com testemunho para o Congresso na quinta-feira, e o presidente do Federal Reserve dos EUA manteve sua posição anterior de que mais aumentos de taxas são prováveis este ano, à medida que o Fed luta inflação para voltar à sua meta de 2%.
"Não queremos fazer mais do que o necessário", disse Powell, em frente ao Comitê Bancário do Senado. "A esmagadora maioria das pessoas do Comitê (Federal Open Market) acredita que haverá mais aumentos nas taxas, mas queremos fazê-los em um ritmo que nos permita ver as informações que chegam."
Os investidores de futuros veem uma probabilidade maior do que 75% de que o próximo aumento da taxa ocorra em julho, com outro aumento de um quarto de ponto percentual no final deste ano.
O Fed deixou claro que está observando atentamente os dados econômicos para ajudar a orientar sua decisão, e a divulgação dos dados do PMI oferecerá uma nova visão da saúde da economia do país.
Mais representantes do Fed discursam, incluindo o presidente do Fed de St. Louis James Bullard, o presidente do Fed de Atlanta Raphael Bostic e a presidente do Fed de Cleveland Loretta Mester.
Os futuros dos EUA foram negociados em baixa na sexta-feira, com Wall Street a caminho de registrar uma semana de perdas, com o sentimento atingido pelo presidente do Fed, Jerome Powell, que sinalizou mais aumentos de taxas à frente, prolongando a postura agressiva de aperto monetário do banco central.
Às 8h05 (de Brasília), o contrato Dow futures havia caído 0,32%, o S&P 500 futures recuava 0,49%, e o Nasdaq 100 futures perdia 0,65%.
As três principais médias acionárias fecharam de forma mista na quinta-feira, mas estão a caminho de registrar perdas nesta semana, quebrando uma série de vitórias em várias semanas.
Os ganhos devem ser obtidos por empresas como a vendedora de carros usados CarMax (NYSE:KMX) e a empresa de materiais de construção Apogee Enterprises (NASDAQ:APOG), enquanto os dados do PMI de junho devem mostrar que a atividade no setor fabricação do país continua deprimida, enquanto o setor serviços mostra força.
2. Adani novamente sob pressão
O conglomerado indiano Adani Group está novamente sob os holofotes, depois que Relatório da Bloomberg sugeriu que a empresa estava enfrentando um escrutínio regulatório nos EUA sobre sua resposta a um relatório de vendedores a descoberto no início deste ano.
Em janeiro, a Hindenburg Research disse que mantinha posições vendidas no grupo e acusou o conglomerado de uso indevido de paraísos fiscais no exterior e de manipulação do preço das ações.
A Bloomberg informou que a Procuradoria dos Estados Unidos no Brooklyn, em Nova York, havia enviado perguntas a grandes acionistas norte-americanos da Adani sobre como a empresa respondeu a essas alegações, acrescentando que a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos também estava investigando.
As ações das empresas sob o guarda-chuva da Adani caíram drasticamente na sexta-feira, com a Adani Enterprises (NS:ADEL), a principal empresa do conglomerado, caindo quase 7%.
3. Lira turca em queda livre
A lira turca caiu para um novo recorde de baixa em relação ao dólar americano na sexta-feira, ampliando suas perdas um dia depois que o banco central do país aumentou as taxas de juros em 650 pontos-base, para 15%.
Às 8h06 (de Brasília), o a lira turca perdia 2,86% frente ao dólar mais alto, a 25.5952, tendo subido para 25,4682 no início da sessão. A moeda turca está caminhando para a 16ª semana de queda, sua mais longa série de perdas desde 1999.
O aumento da taxa de juros, embora robusto em circunstâncias normais, ainda foi menor do que o aumento de 21% geralmente esperado, já que o novo governador Hafize Gaye Erkan mudou o curso da política monetária após anos de flexibilização pouco ortodoxa para combater a inflação crescente.
O novo Ministro das Finanças, Mehmet Şimşek, enfatizou que é a favor de um regime de moeda livremente flutuante, o que sugere mais volatilidade à medida que o mercado se adapta às novas circunstâncias.
4. O petróleo enfraquece devido a temores de crescimento da demanda
Os preços do petróleo se enfraqueceram na sexta-feira, caminhando para grandes perdas semanais, depois que a série de aumentos das taxas de juros e os avisos de que mais aumentos estão por vir nos EUA levantaram preocupações sobre o crescimento da demanda global.
Às 8h05 (de Brasília), os contratos futuros do petróleo dos EUA estavam 1,61% mais baixos, a US$ 68,39por barril, enquanto o contrato do Brent caiu 1,42%, para US$ 73,09 por barril. Ambos os contratos estavam agora em curso para perder mais de 3% cada um nesta semana.
A postura agressiva adotada por vários bancos centrais esta semana aumentou os temores de que a atividade econômica será prejudicada, atingindo a demanda de petróleo este ano.
A notícia de que os estoques de petróleo bruto dos EUA encolheram muito mais do que o esperado na semana até 16 de junho, caindo 3,8 milhões de barris, de acordo com dados da Administração de Informação de Energia, divulgados na quinta-feira, deu algum apoio.
5. Próximos passos da tramitação da Reforma Tributária brasileira
Após a apresentação do parecer preliminar da Reforma Tributária, a expectativa é de que ela seja discutida e aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados entre os dias 5 e 7 de julho.
O relator da reforma tributária (PEC 45/19), deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), apresentou um substitutivo com a criação de dois fundos, com aportes da União, para compensar perdas estaduais. “Nós termos a demonstração concreta de incluir na emenda o aporte de recursos da União para o FDR”, disse.
O texto prevê a criação do novo imposto sobre valor agregado, que deve substituir IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS. Dessa forma, os estados não podem mais diminuir alíquotas de ICMS para atrair investimentos.
Além disso, os impostos serão não cumulativos e não podem ser descontados em fases posteriores. A PEC ainda indica a devolução de imposto por cashback, mediante regulamentação futura.
Segundo a Ativa Investimentos, o texto não aponta uma alíquota de parâmetro, sendo que as taxas de impostos serão definidas futuramente em projeto de lei. “A premissa que é veiculada pelo governo é de que haverá a neutralidade tributária, o que significa que a carga tributária do atual sistema será idêntica, em termos gerais, a carga do sistema novo. De todo modo, especula-se que a taxa de referência proposta pelo governo será 25%”, avalia Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa.
Às 8h06 (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) recuava 0,55% no pré-mercado.
Selic x Ações: Futuros cortes nos juros podem impulsionar mais quais ativos? Confira no vídeo: