Investing.com – A BlackRock decidiu aumentar, em dezembro, sua posição acima da média em ações americanas, esperando que os beneficiários da inteligência artificial (IA) se expandissem além do setor de tecnologia, devido ao crescimento resiliente e aos cortes de juros do Fed. Segundo a maior gestora de ativos do mundo, os ganhos das ações dos EUA podem continuar, mas transformações econômicas e mudanças nas políticas globais podem alterar os mercados e as economias, influenciando suas perspectivas para 2025.
Esses pontos foram destacados no último relatório semanal de mercados da BlackRock (BVMF:BLAK34) (NYSE:BLK). Os analistas afirmaram que, apesar do ruído de curto prazo, identificam fatores que podem desencadear ajustes em suas opiniões, como a redução de riscos ou a alteração de preferências.
- Política mundial: a gestora está acompanhando os impactos da política global, com foco especial nas políticas comerciais, fiscais e regulatórias dos Estados Unidos.
- Apetite por risco: a BlackRock avalia se o apetite por risco se manterá otimista diante dos resultados das empresas beneficiadas pela IA e das elevadas avaliações do setor de tecnologia.
- Vulnerabilidades: a gestora também monitora vulnerabilidades, como um aumento repentino nos rendimentos dos títulos, o que poderia alterar sua visão. Eles destacam que o aumento incomum nos rendimentos desde os cortes de juros do Fed demonstra que o cenário atual é muito diferente.
1. Trump como fator de risco
Os analistas da BlackRock apontaram que o principal fator de mudança em suas avaliações será a postura que o presidente eleito Donald Trump adotará para alcançar objetivos como estimular o crescimento e reduzir os déficits fiscais.
Em uma abordagem favorável ao mercado, a redução de regulações financeiras e o corte nos gastos públicos poderiam impulsionar o crescimento econômico e os ativos de risco, ressaltaram. Além disso, os esforços para reequilibrar o comércio global e ampliar estímulos fiscais em países com consumo e investimentos atrasados em relação aos EUA poderiam mitigar as preocupações com o déficit comercial.
Por outro lado, os analistas explicaram que uma abordagem menos favorável ao mercado, com a extensão de cortes de impostos e tarifas em grande escala, poderia agravar os déficits e intensificar a inflação. Tarifas mais amplas poderiam fortalecer o dólar, elevar a inflação e manter as taxas de juros altas por mais tempo.
A gestora destacou que tal plano entraria em conflito com os objetivos de Trump de enfraquecer o dólar para fortalecer a indústria manufatureira americana e reduzir as taxas de juros. Segundo os analistas, é importante monitorar os impactos concretos das mudanças políticas ao longo do ano, mesmo diante de especulações ruidosas.
2. Confiança no mercado
O segundo fator de risco destacado foi o possível enfraquecimento da confiança dos investidores, devido a perdas nos lucros ou às altas avaliações do setor de tecnologia. A BlackRock espera que as “sete magníficas”, formadas principalmente por empresas de tecnologia, continuem liderando os ganhos neste ano, graças ao avanço da inteligência artificial.
Contudo, os analistas afirmaram que esse protagonismo deve diminuir conforme o consumo resiliente e uma possível desregulação sustentem os lucros em outros setores.
A gestora alertou que, embora os lucros possam surpreender positivamente, qualquer desvio pode reativar as preocupações dos investidores sobre o retorno dos altos investimentos em IA e sobre a justificativa das avaliações elevadas. Ressaltaram, ainda, que as avaliações não devem ser analisadas com base em padrões históricos, dada a transformação econômica em andamento.
3. Vulnerabilidades no mercado financeiro
O terceiro fator de risco está nas vulnerabilidades dos mercados financeiros, incluindo a instabilidade no mercado de títulos. A BlackRock destacou que os rendimentos dos títulos devem continuar subindo, já que os investidores exigem maiores prêmios a prazo para compensar o risco de manter esses papéis.
Segundo a gestora, o prêmio a prazo subiu de níveis negativos e agora está no ponto mais alto em uma década, conforme dados da LSEG Datastream. O aumento dos rendimentos dos títulos do Reino Unido mostra como as preocupações fiscais podem impulsionar tanto os prêmios a prazo quanto os rendimentos.
Outro risco citado foi a refinanciamento de dívidas corporativas a taxas de juros mais altas, o que poderia desafiar os modelos de negócios de empresas que assumiram que as taxas permaneceriam baixas. Apesar disso, a gestora afirmou que muitas empresas refinanciaram suas dívidas desde a pandemia, sem inadimplências, graças a balanços sólidos.
Em conclusão, a BlackRock espera que os ganhos das ações americanas desacelerem em relação aos picos deste ano, mas permaneçam fortes, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA continuam subindo. A gestora mantém sua posição acima da média em ações americanas e abaixo da média em títulos do Tesouro de longo prazo, mas seguirá atenta a fatores que possam levar a ajustes em sua estratégia.
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