Por Lindsay Dunsmuir e Ann Saphir
(Reuters) - Autoridades do Federal Reserve estão fazendo pouco para minimizar as crescentes expectativas do mercado de que o banco central dos Estados Unidos elevará a taxa de juros em 0,5 ponto percentual em maio para conter o aumento da inflação, mas também não estão abafando preocupações de que o ciclo de aperto monetário possa prejudicar a economia e mercado de trabalho.
"O Fed precisa agir agressivamente para manter a inflação sob controle", disse o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, à Bloomberg TV nesta terça-feira, repetindo seu pedido para que o banco central eleve sua taxa básica de juros acima de 3% este ano. "Mais rápido é melhor", afirmou.
Bullard, que discordou da decisão do Fed, na semana passada, de aumentar a taxa básica em apenas 0,25 ponto percentual ante o nível próximo de zero em que estava antes, já reforçou o mesmo argumento anteriormente. Mas sua visão parece ganhar força.
Na segunda-feira, o chefe do banco central, Jerome Powell, disse que o Fed deve agir "rapidamente" para subir os juros. Quando perguntado sobre o que impediria o banco central de aumentar a taxa de juros em 0,5 ponto percentual na reunião de política monetária de 3 a 4 de maio, respondeu: "Nada."
Esses comentários provocaram uma enxurrada de apostas nos mercados futuros em altas de 0,5 ponto na taxa de juros em maio e junho. Operadores agora veem a taxa básica subindo para faixa de 2,25% a 2,5% até o final do ano --abaixo da visão de Bullard, mas acima do 1,9% sugerido pelas previsões do Fed divulgadas na semana passada.
GUINADA "HAWKISH"
Antes da elevação dos juros da semana passada, Powell disse que o banco central procederia "com cuidado" devido à alta incerteza sobre o impacto da invasão russa à Ucrânia na economia dos EUA.
Em entrevista coletiva após a divulgação do comunicado de política monetária e de projeções do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), Powell disse que o Fed deve ser "ágil" em responder à evolução das perspectivas.
E, nesta semana, o chair do Fed minimizou as preocupações com o potencial impacto no crescimento econômico e se concentrou muito mais na probabilidade de a guerra na Ucrânia piorar a inflação nos EUA, que atingiu máxima em 40 anos e está em cerca de três vezes a meta de 2% do banco central.