Investing.com – A XP Investimentos (BVMF:XPBR31) revisou suas projeções macroeconômicas e estima taxa Selic em 15,5% ao final do ciclo de alta em 2025, de 15% esperados anteriormente. Agora, a XP acredita que o ciclo de cortes deve iniciar somente em 2026. A projeção de dólar também foi ajustada para cima. O câmbio em 2025 passou de R$5,85 para R$6,20 e, para 2026, de R$6 para R$6,40, diante do “diferencial de inflação e algum prêmio adicional pela incerteza eleitoral”. As informações constam no relatório macro mensal divulgado pela XP.
“Certo ou errado – alguns argumentam que o movimento está exagerado – o prêmio de risco sobre os preços dos ativos brasileiros disparou em resposta às dificuldades fiscais”, argumenta a XP no documento, lembrando que a moeda brasileira perdeu cerca de 25% do valor em 2024 e os mercados futuros precificam juros em cerca de 16% em meados deste ano.
“Em algum momento, a autoridade monetária permitirá que a moeda flua, revelando o verdadeiro sinal de preço. Antes disso, o diferencial de taxas de juros não funcionará adequadamente, mantendo a trajetória do Real e de outros ativos brasileiros (ainda mais) difícil de prever”, completa a XP.
A XP elevou a estimativa da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,2% para 6,1% em 2025, e manteve a expectativa de 2026 em 4,5%, diante de juros mais elevados com uma reação da política monetária mais intensa.
A atividade econômica deve registrar crescimento de 3,6% em 2024, contra 3,5% esperados anteriormente, com o Produto Interno Bruto (PIB) em expansão de 2,0% em 2025 e 1,0% em 2026, de acordo com a XP. O crescimento deve ser mais forte no primeiro trimestre deste ano, impulsionado pela safra da soja, e depois arrefecer.
Os especialistas não veem novidade no fiscal. O governo deve ter mais facilidade para atingir a meta de resultado primário neste ano, com arrecadação forte, mas resultados de curto prazo não seriam o suficiente. “A dívida pública continuará subindo, ampliando preocupações quanto à sustentabilidade fiscal”, pondera a XP.
Cenário global: de neutro a negativo para o Brasil
O cenário interno traz incertezas, mas o externo também, com expectativa para as primeiras medidas do presidente eleito Donald Trump nos Estados Unidos, que devem ajudar os investidores e ajustarem suas perspectivas para os mercados emergentes em 2025. A XP espera dois cortes de juros nos EUA no primeiro semestre de 2025, com taxa terminal em 4%.
No entanto, alerta que aumentam os riscos de que a autoridade monetária americana mantenha juros estáveis neste ano, para que a inflação caminhe em direção à meta de 2%. “Mesmo uma alta de juros não deve ser totalmente descartada, dependendo da intensidade das primeiras medidas de Trump”, conclui a XP.