Por Ana Carolina Siedschlag
Investing.com - A economia brasileira deve avançar 3,5% em 2021, mas as reformas fiscais para aliviar o tamanho da dívida pública são “sine qua non”, ou indispensáveis, para a estabilização do crescimento e da inflação do país e para a manutenção do Teto de Gastos, disseram analistas do UBS em relatório.
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Os analistas estimam que o déficit público brasileiro deve atingir 13% do Produto Interno Bruto em 2020, com a dívida pública em 92% e queda do PIB de 4,2%.
O cenário-base do banco é que algumas reformas limitadas devem trazer certa flexibilidade ao Orçamento, permitindo o redesenho dos programas de transferência de renda. “Isso é fundamental para evitar o enfraquecimento do real e o aumento do prêmio de risco, que podem levar a uma deterioração das expectativas de inflação e menor crescimento no médio prazo”, escrevem.
Para 2021, o banco suíço espera algum avanço na discussão da Reforma Tributária, mas não necessariamente a aprovação final do texto. Esperam a aprovação da PEC Emergencial e do Pacto Federativo, que poderiam permitir uma maior maleabilidade nos gastos federais mais latentes e, assim, abrir espaço para a reformulação do Renda Brasil, na casa dos R$ 50 bilhões a R$ 60 bilhões por ano.
Auxílio e Teto de Gastos
Os analistas apontam que, na atual circunstância, qualquer aumento das transferências de renda não caberiam embaixo do Teto de Gastos e que o governo não conseguirá mantê-lo se não passar ao menos a PEC Emergencial no próximo ano. “Uma segunda onda de Covid-19 também poderia ameaçar as reformas, já que iria engatilhar a renovação do estado de calamidade, reduzindo o crescimento e elevando a inflação no país”, escrevem.
Eles veem uma queda de 0,8% no crescimento do país no primeiro trimestre de 2021 com o fim do auxílio emergencial, que deve afetar o varejo, mas uma retomada até o final do ano, caso algumas reformas sejam pautadas.
Para 2022, com as reformas ao menos em andamento, os analistas veem crescimento de 3%, com a Selic em equilíbrio a 4,25% e a inflação centrada na meta oficial de 3,5%. O banco diz ser difícil o país retomar o crescimento médio de 1% a 1,5% ao ano como no passado. “Sem reformas, será abaixo disso, com reformas, acima”.
Em caso de cenário positivo para a reformas, o real deve performar um pouco melhor em 2021, com melhora no comércio internacional e o esperado aperto da Selic levando o câmbio a R$ 4,95 no final de 2021, contra R$ 5,4 esperados para 2020.