Por Leandro Manzoni
Investing.com - O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve nesta quarta-feira (21) a taxa básica de juros em 13,75%, em linha com o esperado pelo mercado. No entanto, a decisão não foi unânime, como ocorreu nas últimas reuniões.
O colegiado divulgou, em comunicado pós-decisão, que vai manter a taxa Selic nesse patamar por "um período suficientemente prolongado", devido à preocupação com riscos maiores de pressões inflacionárias altistas no horizonte da política monetária (2023 e 2024). Não houve, entretanto, descarte de novas altas caso não haja um processo de desinflação e como tampouco da queda das expectativa em relação às metas de inflação.
Confira abaixo avaliação de economistas sobre a decisão, o comunicado e as consequências para os próximos pregões:
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Bruno Viotto, economista e sócio da Acqua Vero Investimentos
"Taxa Selic veio de acordo com o esperado devido ao arrefecimento da inflação. Além disso, o fim do ciclo de alta da taxa de juros é uma sinalização positiva, principalmente, para o setor de varejo. O encerramento do ciclo altista de juros traz uma atratividade para o investidor que queira investir na renda variável”.
Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos
"A manutenção da taxa Selic em 13,75% sinaliza cautela por parte da autoridade monetária, que deixou aberta a possibilidade de os juros voltarem a subir no futuro, caso necessário. A demanda interna e o aquecimento do mercado de trabalho podem atenuar a desinflação."
Patrícia Pereira, estrategista-chefe da MAG Investimentos
"Comunicado sem surpresas, em linha com a nossa expectativa de manutenção da taxa de juros em 13,75% e na mensagem de que continuará vigilante no seguinte trecho: 'avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação'. A novidade ficou por conta da decisão dividida, na qual dois membros votaram por um ajuste de 25 pontos-base.
O balanço de riscos incluiu possibilidade de alta e de queda de inflação. Como risco inflacionário, trouxe a possibilidade de um hiato do produto mais estreito, tema que deve ser discutido no Relatório Trimestral de Inflação que será divulgado na semana que vem. Já como risco de baixa, a manutenção dos cortes de impostos projetados para serem revertidos em 2023 foi apontada. Vale destacar que o mercado não espera reversão dos impostos federais.
Esperamos manutenção da taxa Selic em 13,75% pelo menos até o segundo semestre de 2023."
Vicente Guimarães, economista e CEO da VG Research
"Interessante e positiva a sinalização de que novos aumentos não devem ocorrer e que podemos esperar a manutenção da taxa de 13,75% por uma 'período suficientemente prolongado'. Ou seja, existe uma forte sinalização de que o “topo” do aumento dos juros já foi alcançado. O mercado já trabalha com expectativas de 11% pata 2023 e 7% para 2025, o que pode impactar positivamente a precificação das ações".
Victor Candido, economista-chefe da RPS Capital
"O Copom interrompe o ciclo de aperto após 12 reuniões, o que era algo esperado dado o tamanho do ajuste. Já vimos uma melhora nas expectativas de inflação de 2023 e projeções de 2024, subindo no Focus, estão mais contaminadas por uma questão de prêmio de risco do que por inflação.
Com o remédio dado, a questão agora é de quanto tempo o Copom vai manter a taxa de juros nesse patamar. Acreditamos que por pelo menos uns seis meses, ou seja, provavelmente o primeiro corte de juro só em maio do ano que vem. Vamos passar agora por um período de estabilidade."
Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital
"O Copom optou claramente por manter a taxa de juros e tentou fazer com que essa decisão fosse a mais dura possível. Deixou explícito no comunicado que isso não significa necessariamente um final desse ciclo de aumento, o que é uma fala bastante forte. Na minha leitura, isso é uma tentativa de o Banco Central controlar a curva de juros de mercado para que ela não comece a apresentar muitas quedas nas decisões futuras.
Normalmente, quando a gente termina um ciclo de política monetária, o mercado começa a colocar o outro lado do ciclo nos nas decisões futuras, como vimos nas últimas semanas. Com esse tipo de comentário, que diz que possivelmente o ciclo pode continuar, o Banco Central talvez queira passar uma mensagem para o mercado, de que não se espere muitos ou nenhum corte no ano que vem".